Brasil, Colômbia, Honduras e México estão entre os países mais perigosos do mundo para jornalistas e onde poucos dos crimes cometidos contra esses profissionais são investigados ou os culpados presos e processados.
Este é um dos fatos relacionados no relatório Democracy Index 2017: Free speech under attack – Ranking da Democracia 2017 – Liberdade de expressão sob ataque -, elaborado pela Unidade de Inteligência e Pesquisas do grupo The Economist.
Esta é a 10ª edição do levantamento, que analisou a situação em 167 países. O estudo avalia cinco categorias: processo eleitoral e pluralismo; liberdades civis, funcionamento do governo; participação e cultura políticas.
Infelizmente, o cenário político do Brasil, como já era de se esperar, não é visto com bons olhos pelos especialistas.
Primeiramente, os países recebem uma avaliação sobre as condições democráticas atuais. O Brasil aparece entre as “flawed democracies”, em 49º lugar. O termo flawed em português significa deteriorado, falho. De acordo com o estudo, “são países onde há eleições livres e justas e as liberdades civis básicas são respeitadas, mesmo que existam problemas (como violações à liberdade de imprensa). No entanto, há deficiências significativas em outros aspectos da democracia, incluindo problemas de governança, uma cultura política subdesenvolvida e baixos níveis de participação política”.
Na lista das democracias consideradas “integrais”, ou seja, que respeitam todos os direitos democráticos de seus cidadãos, onde há um sistema judiciário independente, assim como a mídia, aparecem, no topo do ranking, Noruega, Islândia, Suécia, Nova Zelândia e Dinamarca (veja lista completa ao final deste post).
Na América do Sul, o único país considerado como tendo uma democracia “integral” é o Uruguai. O Brasil está abaixo de nações como Lituânia, Jamaica, África do Sul, Índia, Timor-Leste e Bulgária. Até a vizinha Argentina conseguiu estar um ponto na frente de nosso país, em 48º lugar.
Em 2017, a América Latina, como um todo, perdeu pontos na pesquisa, apesar de ainda ser considerada a região mais democrática do chamado “mundo em desenvolvimento”. Todavia, a Venezuela, que até o ano passado, era tida como um “regime híbrido”, agora passou a ser considerada como um “regime autoritário”, sob os desmandos do presidente Nicolás Maduro.
Os escândalos de corrupção que varrem o Brasil também não passaram despercebidos pelos pesquisadores do relatório. Os casos que envolvem membros do governo e executivos de grandes empresas são citados pela The Economist, que menciona ainda, a tentativa do presidente Michel Temer em se manter no cargo a qualquer custo, mesmo sendo alvo de diversas investigações.
Vale ressaltar, entretanto, que países como Estados Unidos, Chile, Japão, Itália, Portugal e Bélgica também são categorizados como “flawed democracies”.
Ameaças à liberdade de imprensa
E infelizmente não é só no seu regime político que o Brasil precisa melhorar. Como já descrito no início desta reportagem, o país também apresenta uma péssima imagem em relação a como a mídia tem sido tratada.
Os meios de comunicação denunciam pressão do governo e a tentativa de obstrução do trabalho de seus profissionais, mesmo em democracias mais estáveis, como as do Uruguai e Chile.
No entanto, Cuba e Venezuela são os principais responsáveis por fazerem com que América Latina seja considerada um continente onde a liberdade à imprensa esteja tão em risco.
De acordo com o relatório, no Brasil, muitos jornalistas recebem ameaças de morte, que em alguns casos, acabam culminando em assassinatos. Além disso, os profissionais da mídia estão sujeitos, constantemente, à intimidação e assédio. Muitas vezes, a única maneira de combaterem esta violência física e moral é através de uma censura própria, que os impede de levar até a população brasileira denúncias e a verdade.
Index da Democracia 2017
- Noruega
- Islândia
- Suécia
- Nova Zelândia
- Dinamarca
- Irlanda
- Canadá
- Austrália
- Finlândia
- Suíça
- Brasil
Foto: divulgação Democracy Index 2017: Free speech under attack