Justiça proíbe “Show do Ronald McDonalds” em escolas e creches de São Paulo

Justiça proíbe “Shows do Ronald McDonalds” em escolas e creches de São Paulo

Em mais uma vitória do programa Criança e Consumo, que advoga pelos direitos das crianças e contra a publicidade infantil abusiva no Brasil, o juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da Segunda Vara Criminal e da Infância de Barueri, reconheceu o caráter publicitário do “Show do Ronald”, realizado em escolas e creches pela cadeia de fast food McDonald’s. A decisão foi dada em ação civil pública, iniciada em 2016 pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, contra a empresa.

De acordo com o Criança e Consumo, na sentença, o juiz ressaltou que a apresentação “dirige a criança para o consumo sem permitir que ela o faça conscientemente – ou talvez, seja melhor dizer, ainda mais inconscientemente -, já que a percepção de que os dados recebidos têm conotação mercadológica fica velada, posta em segundo plano abaixo do pretexto educativo do ato”.

Caso descumpra a decisão, o McDonald’s pagará uma multa de R$100 mil por cada festa realizada. A empresa ainda pode recorrer da decisão da justiça.

No mês passado, a cadeia americana sofreu outro revés na justiça brasileira sobre o mesmo caso. O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), vinculado ao Ministério de Justiça, multou em R$6 milhões o McDonald’s por causa do “Show do Ronald”.

Segundo a assessoria de imprensa da rede, “os shows são realizados após convite das escolas e que os temas são relacionados a educação, meio ambiente, ciência, cultura e prática de esportes e não promovem, de nenhuma forma, os alimentos ou produtos vendidos nos restaurantes”.

Em 2013, o Criança e Consumo fez um levantamento e constatou que, em apenas dois meses, mais de 60 apresentações do palhaço, símbolo da marca, aconteceram em escolas de educação infantil e creches em diversos estados do país.

“Não é lícito e muito menos justo ou ético que empresas usem o ambiente escolar para promover suas marcas. A escola é um espaço privilegiado para a formação de valores e deve se manter livre de mensagens publicitárias, inclusive daquelas travestidas de ações educativas”, ressalta Livia Cattaruzzi, advogada do programa Criança e Consumo.

Recentemente, o Criança e Consumo, lançou uma campanha que convida pais e mães de todo Brasil a denunciar a publicidade da cadeia multinacional direcionada a crianças. O objetivo da iniciativa é facilitar, através de uma petição online, o encaminhamento de queixas sobre a venda casada de brinquedos e sanduíches para a Secretaria Nacional de Relações do Consumidor do Ministério da Justiça, conforme mostramos aqui, neste outro post.

O slogan da campanha “Abusivo tudo isso” é uma clara alusão a “Amo muito tudo isso”, utilizada pelo McDonald’s.

Apesar de já há alguns anos a empresa não oferecer mais o brinquedo juntamente com o lanche, em um preço fechado, – depois de ceder a pressões e enfrentar ações judiciais em torno do McLanche Feliz – ainda assim, os consumidores, e principalmente as crianças, têm a possibilidade de adquirir o brinquedo separadamente, por um valor bem baixo, o que continua incentivando o desejo de consumo.

Foto: reprodução Facebook 

Um comentário em “Justiça proíbe “Show do Ronald McDonalds” em escolas e creches de São Paulo

  • 16 de novembro de 2018 em 2:37 PM
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    Parafraseando a célebre frase: “por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher”, por trás de uma grande marca, existe sempre uma grande intenção comercial mas no lugar deles eu faria o mesmo, porque se não puxarem a brasa para a sardinha deles, o concorrente lobo mau abocanha as pobres criancinhas de chapeuzinho vermelho ou de qualquer outra cor, morou?!

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.