PUBLICIDADE

Junte-se ao bando e participe do “Masterchef Brasil das Aves”… em sua casa!

Quem acompanha o reality show Masterchef Brasil – exibido pela TV Bandeirantes – sabe que, para sobreviver na competição, é imprescindível agradar o paladar refinado de grandes chefs de cozinha como Henrique Fogaça, Paola Carosella e Eric Jacquin mas… e se os jurados fossem aves?

Paola, com seus cabelos negros e personalidade marcante, seria uma belíssima e rara Mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii), já Fogaça, com sua força e objetividade, poderia ser comparado a uma ave de rapina como o Gavião-pombo-grande (Pseudastur polionotus) e, finalmente, o francês Jacquin, com toda sua sabedoria e elegância, seria uma das mais raras corujas brasileiras, o Caburé-acanelado (Aegolius harrisii).

E será que seria possível cozinhar para uma audiência tão exigente quanto algumas das aves mais raras e ameaçadas do Brasil? Poderíamos nós, meros mortais, administrar um restaurante especialmente feito para as aves? Mais ainda: se abríssemos as portas, as aves viriam?

Esta mesma pergunta surgiu nos sonhos de um monge escocês, no século 6, mesma época em que viveu o lendário Rei Beowulf e que ocorreu a Ascensão da Civilização Maia. Segundo o naturalista inglês James Fisher, o monge Servanus (Serf) que, mais tarde se tornaria santo, não apenas sonhou com o tema como, também, implementou a ideia e se tornou a primeira pessoa a alimentar aves silvestres com periodicidade.

A jornada da espécie humana pelo planeta teria sido consideravelmente diferente se as aves não estivessem presentes, inclusive como parceiros e – por que não? – amigos. Em 2005, o pesquisador Dr. Xiaode Ye da Academia de Ciências da China apresentou evidências que comprovam que falcões já eram enterrados lado a lado com humanos em 700 anos a.C., um costume dos líderes das tribos Scythian que praticavam falcoaria e contavam com a ajuda das aves para caçar e conseguir alimento para suas famílias.

No Brasil, em seu livro Tukani, Entre os Animais e os Índios do Brasil Central, escrito durante nada mais que a famosa Expedição Xingu-Tapajós coordenada pelos irmãos Villas-Bôas, o pai da ornitologia brasileira, Helmut Sick, narra com riqueza de detalhes as interações entre os povos indígenas e as aves. Em um dos trechos de seu livro, Sick afirma: “Um dos animais mais frequentes no séquito dos índios da Amazônia é o Jacamim (Psophia sp.) que ocupa a posição de um cão de guarda, delatando com ruidoso cacarejar tudo o que acontece na aldeia”.

A verdade é que, se nós humanos não fôssemos minimamente capazes de compartilhar alimento com as aves, esta convivência histórica que já atravessa séculos jamais teria se concretizado.

Não apenas é possível, para nós, agradar o paladar exigente das aves como, hoje, alimentar aves se tornou mundialmente popular, tanto que o Congresso Norte-Americano decretou (por lei, em 1994) o mês de fevereiro como o Mês Nacional da Alimentação das Aves.

Mas e o Brasil? Diferente do que você possa imaginar nós não ficamos atrás nessa mania mundial. Alimentar aves por aqui já é tão popular que contamos até com uma espécie de Big Brother das Aves. O genial naturalista Luciano Breves, com formação em comunicação e propaganda, criou, em 2008, o projeto Ornithos, com a ideia de transmitir – ao vivo e gratuitamente pela internet – vídeos de espécies que visitam comedouros especiais onde Luciano oferece uma série de alimentos para as aves em vida livre.

As câmeras de Luciano já capturaram imagens ao vivo de aves como a Cambacica, Jacuaçu, Saíra-sete-cores, Saí-verde, Bem-te-vi, Beija-flor-de-veste-preta, Beija-flor-rajado, Beija-flor-tesoura e muitos outros. Todos estão disponíveis no site do projeto Ornithos.

Assim como Luciano e dezenas de outros adoradores de aves, você também pode abrir hoje mesmo o seu “restaurante” e oferecer um cardápio único e requintado aos seus visitantes emplumados. E, quem sabe, até mesmo receber a visita de celebridades do mundo das aves como o lindo casal de Saí-azul (Dacnis cayana) registrado por mim em vídeo, que mostro abaixo.

Dicas para instalar um comedouro para aves

Para começar, é preciso encontrar um local apropriado para os alimentos que você quer oferecer para as aves da região onde mora. Então, considere dois fatores como os mais importante na escolha deste local, o primeiro é a visibilidade e o segundo, a segurança.

Escolha um local que possa facilmente ser observado por você. Muitas pessoas perdem o prazer de manter um comedouro simplesmente porque o deixam muito escondido. Então, escolha uma área que você pode observar com facilidade no dia a dia. Na maioria dos casos, as aves se acostumam tanto com a presença das pessoas que visitam o comedouro mesmo que elas estejam por perto.

Além da visibilidade, é importante estar atento a alguns fatores que garantem a segurança das aves. Por isso, escolha um local protegido do ataque de “predadores” como… as janelas.

Janelas belas, limpas e transparentes são os maiores vilões para as aves, segundo artigo publicado, em 2014, no documento “Estimates of Annual Mortality and Species Vulnerability” (Estimativas da Mortalidade e Vulnerabilidade de Espécies) por um grupo de cientistas liderados por Scott Loss. Somente nos Estados Unidos, colisões com janelas matam mais de 1 bilhão de aves por ano.

Então, jamais instale seu comedouro em uma área cercada por vidros transparentes. As aves não são capazes de enxergar o obstáculo e podem acabar mortas ao colidir com vidros.

Mas, se você não tiver outra escolha, encontre uma forma de alertar as aves do perigo. Como? Cole o máximo de adesivos nas vidraças ou pinte os vidros para proteger seus visitantes.

Outro perigo são os predadores vivos, incluindo cães e gatos. Animais podem perceber a movimentação e passar a visitar o comedouro para caçar as aves enquanto elas se alimentam. Instale o comedouro em local inacessível para esses predadores e, nunca, próximo do chão.

Não existe uma regra sobre o formato do comedouro que, pode ser desde uma casinha com telhado sobre um poste de madeira ou, até, simples bandejas instaladas em sua varanda. Basta seguir a sua intuição e usar de criatividade, aproveitando o que você tem disponível.

Mas, muito mais importante do que um design moderno, é o tipo de alimento que você irá oferecer para as aves. Cada uma das milhares de espécies de aves evoluiu para se alimentar de um determinado item. Assim, cada alimento irá atrair aves que são como especialistas nesse item ou aves generalistas, que consomem uma enorme variedade de alimentos.

Os beija-flores, por exemplo, são aves especializadas em consumir néctar de flores e, para atraí-las, em vez de comedouros é precisar instalar bebedouros. Já falei sobre o tema, aqui no Conexão Planeta, no post Bebedouros para beija-flores: origem, mitos e verdades.

Então como escolher o que oferecer? Simples: nos três primeiros meses após instalar o comedouro com segurança, ofereça uma pequena miscelânea de alimentos. Durante este tempo, observe com atenção quais os prediletos da sua freguesia e, em seguida, reduza o seu menu à preferência dos visitantes.

De início, uma ótima opção são as frutas: as aves adoram mamão e banana que, além de razoavelmente baratas, podem ser encontradas à venda, praticamente, em qualquer lugar.

Além das frutas, existem inúmeras rações para aves disponíveis no mercado. Entre elas, eu sugiro três simples e ótimas opções: a ração granulada, o girassol e o alpiste.

Lembre-se sempre que limpeza é fundamental e as aves costumam fazer uma pequena bagunça ao se alimentar. Um comedouro mal cuidado pode, além de atrair predadores, acumular bactérias nocivas às aves.

E, última dica: seja paciente! Como em qualquer novo restaurante, seus clientes podem demorar para aparecer. Em último caso, adote a mesma estratégia utilizada por donos de pizzarias em todo o país: faça propaganda! Para isso, espalhe rações e frutas ao redor do comedouro ou pendure frutas em locais próximos, mas um pouco mais visíveis. As aves são excelentes exploradoras e tão logo percebam a disponibilidade de alimento, se sentirão seguras e passarão a frequentar o local em boa companhia: aos bandos.

Mas ainda existe um jeito eficaz de atrair aves, caso você tenha um espaço maior disponível: plantando árvores frutíferas. Se preferir esse método, ótimo! Aproveite para ler o post que publiquei aqui no blog Avoando, no qual revelo 76 espécies de árvores nativas que atraem aves.

Agora, assista a mais um vídeo de minha autoria (abaixo) e admire belas aves em um delicioso banquete num comedouro mais integrado à natureza.

Leia também:
Beija-flores: maravilhas voadoras 
Mudanças climáticas alteram voos de beija-flores 

Foto e Vídeos: Sandro Von Matter

Comentários
guest

2 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Rita de Bem
Rita de Bem
7 anos atrás

Há dois anos aproximadamente meu esposo e eu colocamos frutas para aves no jardim da nossa casa. Moramos no interior de SP na cidade de Pirassununga. Primeiramente começamos a espetar algumas frutas nos galhos de árvores e coqueiros do jardim, deu tão certo que logo precisamos arranjar outra maneira de tantas aves que vinham se alimentar das frutas que colocávamos . Há um ano ganhei uma casinha de madeira e colocamos diariamente frutas nela. A alegria de nossa família só tem aumentado com a presença das aves. Elas são lindas e vigorosas . Colocamos também uma fonte e as aves desfrutam desse local onde se banham e matam a sede em nosso jardim. Oferecemos a elas também o bebedouro para beija-flor. Enfim, quero registrar aqui que é muito simples atrair os pássaros basta um pouquinho de bom senso e amor a natureza. Eles certamente irão recompensá-los com sua doce presença e seus cantos melodiosos.

Notícias Relacionadas
Sobre o autor
PUBLICIDADE
Receba notícias por e-mail

Digite seu endereço eletrônico abaixo para receber notificações das novas publicações do Conexão Planeta.

  • PUBLICIDADE

    Mais lidas

    PUBLICIDADE