Jovem ativista pelo clima, Greta Thunberg, é indicada ao Nobel da Paz

Jovem ativista sueca consegue garantia da União Europeia de investimento de US$ 1 trilhão no clima

Que notícia linda! Mais uma demonstração de que o ativismo e a determinação da jovem sueca, Greta Thunberg, de apenas 16 anos, está realmente sensibilizando o mundo. A estudante que inspirou um movimento global para protestar contra a inação de governos perante as mudanças climáticas acaba de ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

A nomeação foi feita por Freddy André Øvstegård, parlamentar do partido socialista. As indicações ao prêmio podem ser feitas por alguns políticos e acadêmicos da Suécia. Até o momento, a lista já possui 223 pessoas e 78 organizações entre as concorrentes ao Nobel de 2019, que será divulgado em dezembro.

“Propusemos o nome de Greta Thunberg porque se não fizermos nada para deter a mudança climática, ela será a causa de guerras, conflitos e refugiados ”, disse Øvstegård. “Greta lançou um movimento de massas que vejo como uma importante contribuição para a paz”.

Em sua conta no Twitter, a jovem estudante agradeceu o reconhecimento. “Estou honrada e muita grata por esta nomeação. Amanhã marcharemos pelo clima novamente. E continuaremos a fazê-lo pelo tempo que for necessário”.

Greta se refere à passeata mundial, que será realizada nessa sexta (15/03), pelo mundo inteiro. Estudantes de mais de 1.500 cidades, em 105 países, incluindo o Brasil, já confirmaram sua participação (leia mais aqui ).

Nos últimos meses, os protestos estudantis chamados de Climate Change Strike, na tradução para o português, Greve pelas Mudanças Climáticas, levaram milhares de jovens às ruas pela Europa e em outros continentes. Alunos abandonaram a escola na Suíça, Inglaterra e Alemanha.

Em novembro do ano passado, milhares deles se manifestaram na Austrália. Crianças e adolescentes bloquearam o trânsito em Sidney e em Melbourne, empunhando cartazes reclamando da inércia de seus governos frente ao aquecimento global. Na capital, Canberra, eles se aglomeraram diante do parlamento e pediram o fim da exploração do carvão.

Greta, junto a ativistas belgas

Na Bélgica, onde as manifestações já aconteceram durante várias sextas-feiras, e mais de 35 mil alunos tomaram parte nelas, nas cidades de Liege, Namur, Leuven e na capital Bruxelas, o movimento derrubou uma ministra.

Joke Schauvliege, do Meio Ambiente, renunciou, após os estudantes protestarem. Nas redes sociais, mais de 3 mil cientistas e acadêmicos apoiaram as manifestações.

Greta Thunberg: inspirando um movimento global

A semente para essa grande mobilização mundial pelo clima começou em agosto de 2018. A adolescente Greta Thunberg decidiu fazer uma greve solitária em frente ao parlamento sueco, em Estocolmo, sempre às sextas-feiras. Seu protesto era pelo clima. Ela argumentava que seu país precisava fazer mais. O último verão tinha sido o mais quente da Suécia, com incêndios florestais e os termômetros alcançando temperaturas que não eram registradas há 262 anos.

Para a menina, que sempre usa tranças no cabelo, ela tem uma responsabilidade moral em ser uma ativista pelo clima. E não é da boca para a fora. Desde que começou a se interessar pelo tema, ainda com 9 anos, Greta se tornou vegetariana e se nega a comprar qualquer coisa que não seja absolutamente necessária. A família instalou painéis solares em casa, tem sua própria horta e um carro elétrico, que sai da garagem apenas quando é extremamente indispensável. Em outras ocasiões, o meio de transporte preferido é a bicicleta.

Greta, assim como a irmã, é autista. Ambas foram diagnosticadas com a síndrome de Asperger, uma forma mais branda do transtorno. O que faz de seu comportamento e de sua luta algo ainda mais inspirador, pois as pessoas com esta síndrome podem ter dificuldade em se comunicar e interagir com outras pessoas.

Mas a jovem sueca prova que tem o poder da comunicação. E fala com propriedade. Ela foi uma das palestrantes na Conferência das Nações Unidas para o Clima, a COP24, realizada na Polônia, no ano passado, e também esteve na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Jovem ativista sueca consegue garantia da União Europeia de investimento de US$ 1 trilhão no clima

A jovem junto com o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker

No mês passado, ela conseguiu a garantia da União Europeia de investimento de US$ 1 trilhão no clima.

“Temos que proteger a biosfera, os seres vivos, os oceanos, o solo e as florestas. Isso pode parecer ingenuidade, mas se vocês (políticos) tivessem feito sua lição de casa, saberiam que não temos outra escolha. Precisamos focar nas mudanças climáticas. Porque se falharmos em combatê-la, todas nossas conquistas e progressos não valerão nada. E o que restará de legado de nossos líderes políticos será o maior fracasso da humanidade ”, disse perante a Comissão Europeia.

Na semana passada, durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher, Greta foi eleita a “Mulher do Ano” pelo jornal sueco Expressen.

Até hoje, a pessoa mais jovem a receber um Prêmio Nobel da Paz, foi outra ativista, Malala Yousafzai, em 2014. A paquistanesa, que quase foi morta pelo grupo terrorista Talibã, luta pelo direito à educação das meninas.

Fotos: reprodução Twitter Greta Thunberg e Twitter European Commision 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.