Jantar do Golden Globe só teve pratos veganos por causa da mudança climática

Jantar do Golden Globe só teve pratos veganos por causa da mudança climática

Este ano, a celebração do 77º Golden Globe Awards, Globo de Ouro em português, premiação concedida pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood às melhores produções do cinema e da televisão, teve uma grande novidade.

O jantar realizado no hotel Beverly Hill, em Los Angeles, antes da apresentação dos prêmios, não teve nenhum tipo de carne ou proteína animal no cardápio: ele foi completamente vegano.

“A festa do Golden Globe têm a tradição de reconhecer tendências e inovação. Este ano, isso se estendeu ao cardápio de banquetes. Pela primeira vez, a refeição servida aos nossos hóspedes será inteiramente baseada em plantas – uma maneira de priorizar a necessidade de apoiar estilos de vida sustentáveis à medida que nosso mundo avança em direção à insegurança climática e ambiental“, escreveram os chefs do Golden Globe Awards em seu site.

A foto que abre este post, por exemplo, é de um dos pratos principais: um risoto de cogumelos com ‘vieiras’. Na verdade, as vieiras também são cogumelos.

Sopa fria de beterraba com óleo cítrico e pistache

Já a sobremesa, que aparece no vídeo abaixo, foi feita sem manteiga, ovos, gelatina.

“Além do cardápio vegano, o Golden Globe Awards também tomou medidas para eliminar as garrafas descartáveis e outros objetos de plástico de uso único (canudos, talheres, mexedores de bebidas).

“É desafiador fazer parte dessa mudança porque ela representa uma declaração, extremamente importante. Eu tenho uma filha de um ano e me preocupo em deixar um bom planeta para ela e as próximas gerações”, afirmou Matthew Morgan, chef executivo do evento.

Veganismo: crescimento global

Mais e mais pessoas no mundo estão mudando suas dietas alimentares e deixando ou reduzindo o consumo de proteínas de origem animal, sobretudo, a carne vermelha. Seja por serem contra o sofrimento dos animais ou porque querem evitar os malefícios provocados à saúde devido à ingestão excessiva desse tipo de alimentos.

Em setembro do ano passado, escrevi em outra reportagem, que os restaurantes dos parques e hotéis da Disney se renderam ao veganismo também. Para atender a uma demanda cada vez maior de visitantes veganos, desde outubro, há mais de 400 opções de pratos sem a presença de carnes, laticínios, ovos ou mel em seu preparo (leia mais aqui).

Um estudo internacional, divulgado em 2015, alertou sobre como carnes processadas em excesso podem causar câncer. Na ‘lista negra’ aparecem alimentos como salsichas, linguiças, bacon, presuntos, embutidos e carnes enlatadas.

A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês), órgão ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as carnes processadas, aquelas que são resultado de um processo de transformação que utiliza sal, fermentação, aditivos químicos e defumação para realçar o sabor ou aumentar o tempo de preservação, no grupo 1 de carcinogênicos, o mesmo a que pertencem fumo, bebidas alcóolicas e poluição do ar.

O relatório ressaltava que carnes processadas podem causar câncer ao ser humano, sobretudo, o colorretal. Os especialistas destacaram que o consumo de 50 gramas de carne processada diariamente, o equivalente a duas fatias de bacon, pode aumentar o risco do desenvolvimento da doença em até 18%.

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Fotos: divulgação Golden Globe Awards

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.