Isopor: reciclável ou não?

isopor

O poliestireno expandido ou EPS, em sua sigla internacional, é o nome técnico do Isopor®, marca registrada de uma empresa alemã. Este plástico celular rígido, proveniente do petróleo, surge pela polimerização do estireno em água com uso do agente expansor pentano. No processo de transformação, pérolas de até 3mm de estireno são submetidas ao vapor, o que causa sua expansão em até 50 vezes e as pérolas se fundem, podendo ser moldadas em variados formatos.

O isopor é leve porque é constituído por até 98% de ar. Suas aplicações na indústria e no comércio são diversas, inclusive na agricultura, servindo como embalagem, proteção e artigo de consumo (caixas térmicas, pranchas, porta-gelo, entre outros). De todos os setores, o que mais utiliza EPS é a construção civil.

Por derivar do petróleo, o isopor é um tipo de plástico, o que significa que não some na natureza, apenas se degrada em partículas cada vez menores. Esta característica é o que torna o EPS e os plásticos em geral perigosos ao meio ambiente e aos seres vivos, especialmente aves litorâneas e animais marinhos.

Na medida em que ingerem partículas e pedaços de plástico, os estômagos destes animais vão enchendo e eles morrem de fome. Além disso, os microplásticos atraem toxinas presentes no ambiente, o que os torna potenciais bombas no organismo daqueles que o consomem, desde o plâncton até o ser humano.

Segundo o relatório Plastics BAN – Better Alternatives Now, lançado em conjunto por quatro organizações não governamentais nos Estados Unidos, no fim de 2016, o isopor é considerado um dos piores poluidores do planeta, apontado, entre outras coisas, por provocar câncer em animais.

Os impactos são terríveis e alarmantes, mas existe solução. O EPS é totalmente reciclável e pode voltar à condição de matéria-prima para a indústria. No Brasil, são mais de 1.200 pontos de coleta, segundo a Comissão Setorial. No processo de reciclagem mecânica, que é por extrusão, as peças de isopor são inseridas numa máquina extrusora que retira todo o ar dos materiais, gerando tarugos (cilindros) de plástico poliestireno (não mais expandido).

Depois de triturado, o isopor está pronto para ser reutilizado. Na sua forma reciclada, o EPS pode ser usado como matéria-prima na produção de molduras, rodapés e perfis para construção civil, solados plásticos para calçados, insumos para concreto leve, pranchetas, cabides, vasos, réguas, entre outros.

Apesar de 100% reciclável, o isopor tem um valor pequeno em termos comerciais para a reciclagem, devido à equação peso x volume. Quanto maior o peso dos resíduos recicláveis por menor área, mais atrativo do ponto de vista financeiro. Por ser leve e volumoso, as cooperativas precisam de estrutura, veículos e mão-de-obra suficiente para que o processo seja economicamente viável e vantajoso para a entidade. É por isso, que em certas cidades (como Blumenau, onde eu moro), a cooperativa coleta apenas as embalagens de proteção de eletroeletrônicos e não as de comida, pois estas precisam estar limpas para serem recicladas e nem sempre há pessoal para fazer esta limpeza. Daí a importância de sempre separar resíduos limpos e secos para a reciclagem.

No Brasil todo, há cerca de 1.200 pontos de coleta de isopor. Caso você não saiba onde ele é na sua cidade, entre em contato com a Comissão Setorial EPS através do site da entidade. Em São Paulo, há diversos espalhados pela capital, muitos deles nas lojas do supermercado Pão de Açúcar.

Consumo consciente

A melhor atitude que podemos ter em relação ao isopor é, na verdade, evitar usá-lo, devido à sua origem de uma fonte não renovável, seus impactos e o baixo índice de reciclagem. No lugar do isopor, podemos lançar mão de algumas alternativas.

Para o caso de alimentos embalados no mercado, prefira outros tipos de embalagem com maior potencial de reciclagem e tente reutilizá-las antes do descarte. Os saquinhos plásticos de frutas, por exemplo, podem ser reutilizados numa próxima compra ou usados no coletor de lixo do banheiro.

Se você tem o hábito de pedir comida para viagem quando em restaurantes, leve consigo embalagens trazidas de casa, aquelas de metal ou plástico resistente do tipo marmita térmica. É uma ótima opção para quem costuma almoçar ou jantar no mesmo lugar ou então, quando você vai a um restaurante e sabe que vai ter comida para levar para casa. Na última vez em que saí com uma amiga e minha mãe me pediu um sanduíche do restaurante, levei um pote de tamanho compatível e que coube na minha bolsa. Além dos já conhecidos copos retráteis, existem também potes retráteis.

Procure saber se há reciclagem do isopor na sua cidade para quando tiver de usá-lo e faça a higienização do material antes de separá-lo para a coleta seletiva. Se não houver reciclagem e o uso do isopor for inevitável, tente reutilizá-lo em casa, na escola, no trabalho.

Uma sociedade lixo zero valoriza seus resíduos e a cadeia em torno deles, tratando-os como recursos valiosos. Consumir conscientemente, separar adequadamente os resíduos para a reciclagem e diminuir a quantidade de rejeitos que enviamos para os aterros sanitários nos torna mais conscientes de nossas atitudes e nos empodera na vivência da sustentabilidade.

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Foto: domínio público/pixabay

Um comentário em “Isopor: reciclável ou não?

  • 13 de novembro de 2017 em 4:28 AM
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    Só deixo um comentário em relação à sempre confusão que vejo nas publicações, mesmo as feitas por pessoas que sabem a diferença entre reutilizar e reciclar.
    As publicações e as pessoas confundem reutilizar com reciclar. Lembro que tudo que produzimos é lixo, se não o é, será, e reutilizar às vezes pode ser tirar algo de um ciclo e torná-la em algo não mais reciclável.

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Letícia Klein

Jornalista e técnica em Meio Ambiente, a catarinense é Embaixadora da Juventude Lixo Zero Blumenau e membro da Juventude Lixo Zero Brasil. Escreve sobre sustentabilidade e preservação ambiental no blog pessoal Sustenta Ações , em que busca contribuir para um mundo mais verde e consciente