Ingestão de plástico está intoxicando as maiores criaturas dos oceanos

Ingestão de plástico está intoxicando as maiores criaturas dos oceanos

Nem os maiores animais marinhos estão protegidos da poluição provocada pelo descarte de plástico nos oceanos. Um novo estudo, publicado na revista Trends in Ecology and Evolution afirma que espécies que se alimentam através do sistema de filtragem, como tubarões-baleia e algumas arraias, estão sendo expostas a substâncias tóxicas ao engolirem micropartículas plásticas.

Animais aquáticos como estes possuem a capacidade de retirar o alimento da água, por isso, são considerados filtradores. O que tem acontecido é que, juntamente com suas presas naturais – crustáceos, krills, plânctons e outros peixes pequenos – eles têm ingerido o plástico.

São minúsculos pedaços do material, muitas vezes esferas menores do que a ponta de um alfinete, praticamente invisíveis a olho nu, com menos de 5mm.

Os pesquisadores alertam que a ingestão de plástico – não somente pedaços grandes, mas também nanopartículas – pode comprometer a absorção de nutrientes destes animais e provocar sérios danos ao sistema digestivo.

Além disso, os cientistas ressaltam que ainda há pouco conhecimento sobre como as toxinas liberadas pelos resíduos plásticos afetam a saúde de baleias, tubarões e arraias, e consequentemente, seu sistema hormonal e reprodutivo.

Entre 1970 e 2012, houve uma redução de 50% das espécies marinhas que habitam os oceanos do planeta.

E não são apenas os animais aquáticos os impactados pelo lixo nos oceanos. Até 2050, quase todas as aves marinhas terão plástico em seus organismos. Não escaparão nem as mais remotas comunidades de pinguins da Antártica ou albatrozes nascidos em ilhas e rochedos remotos. A previsão é de pesquisadores da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (Csiro), da Austrália, e do Imperial College de Londres, da Inglaterra.

Outro estudo, realizado no final do ano passado, revelou ainda que fibras plásticas estão presentes na água que o mundo inteiro bebe, inclusive, o Brasil.

É a “era do plasticídio”, como muitos cientistas já chamam a época atual.

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Foto: Simon Pierce/Marine Megafauna Foundation

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.