Índios Kalapalo: cultura, costumes e o lindo ritual Jawari, em expedição fotográfica com Renato Soares

“Foram os Trumai que levaram o Jawari, ritual de guerra e paz, para o Alto Xingu”, conta o fotógrafo e documentarista Renato Soares, que registra a vida dos índios brasileiros – e os conhece como poucos brancos – há mais de 30 anos. “Dedicado aos guerreiros que já morreram, é uma celebração alegre e festiva, que envolve a disputa entre duas aldeias para limpar problemas e inimizades e selar uma aliança forte entre elas”.

Esse vai ser a principal festa que os participantes da terceira expedição fotográfica promovida pelo documentarista – a segunda no Xingu – acompanharão na aldeia do povo Kalapalo, de 10 a 18 de junho.

O primeiro workshop de fotografia promovido por Renato aconteceu em 2016, no Tocantins, na aldeia dos índios Krahô. O segundo, no ano passado, foi nas terras do povo indígena Yawalapiti, liderado por Aritana, no Alto Xingu. Participei das duas aventuras, e escrevi sobre essa experiência linda com os Yawalapiti e ilustrei o texto com fotos que fiz com meu celular. Por meio desse relato, dá pra sentir como é viver alguns dias imerso na cultura indígena. É extraordinário.

Jawari: a aliança entre aldeias

Entre as atividades que os visitantes poderão acompanhar ou participar, em sete dias e seis noites na aldeia Kalapalo, estão banhos em rios e lagoas, o preparo do beiju xinguano (uma espécie de tapioca gigante) ou do mingau de Perereba, os afazeres domésticos, o trabalho na roça (realizado pelas mulheres), a pesca (com os homens), a confecção de colares, braceletes, cestaria e cerâmica, as reformas das casas, o moitará (troca de objetos entre os índios e os visitantes), além das celebrações peculiares da cultura da aldeia.

Mas, sem dúvida, os preparativos para a celebração do Jawari são um espetáculo à parte. Faz parte deles o preparo do peixe moqueado no jirau, alimento que será oferecido durante a cerimônia. “A festa é marcada pelos cantos, pelas pinturas corporais e pela movimentação em todas as casas, durante o dia e a madrugada”, conta Renato.

Cada pintura corporalfeita com urucum, jenipapo, tabatinga, nanquim e guache – tem suas cores, seu desenho e significado e compõe o personagem do ritual. “Na tradição do Jawari, essas pinturas definem personagens assustadores para intimidar os inimigos. Muitas vezes, cores e combinações extravagantes roubam a cena. Os homens ainda confeccionam lanças com pontas de cera”, conta Renato.

Com essas lanças, eles seguem para o centro do pátio da aldeia – onde está um boneco de palha – para iniciar a celebração… com xingamentos. As flechas são empunhadas pelos homens e lançadas na busca do oponente. “O momento mais fascinante do ritual acontece quando os dois grupos se digladiam na grande arena”, destaca o documentarista. E ele completa: “Certa feita, numa conversa com Orlando Villas Bôas, ele me disse que o ritual mais bonito do Xingu era o Jawari, a festa da guerra. Pois ele estava coberto de razão. É realmente um ritual fantástico, com uma vibração única. Só vendo para entender”.

Outra parte importante desse ritual se refere aos cantos potentes de homens e mulheres. É com eles e alguns gritos rituais que os convidados da outra aldeia são chamados para seguir ao centro do pátio da aldeia, onde formam fileiras com as mulheres. Em seguida, começa a batalha, com a participação de dois oponentes de cada vez.

Mas não vou contar mais. Se você quiser saber outros detalhes, entre em contato com André Leite – andre@imagensdobrasil.art.br – e Lucíola Zvarick – luciola@imagensdobrasil.art.br – , que eles contam tudo.

Agora, mergulhe em algumas imagens que revelam a riqueza da cultura Kalapalo e, em seguida, assista ao vídeo Xingu, Etnias, que reúne fotos inspiradoras que Renato Soares fez em diversas aldeias nesse parque:

Fotos: Renato Soares

Um comentário em “Índios Kalapalo: cultura, costumes e o lindo ritual Jawari, em expedição fotográfica com Renato Soares

  • 23 de fevereiro de 2018 em 12:11 PM
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    Há anos venho seguindo a sanha de Renato Soares, em seus riquíssimos contatos e vivência com nossos irmãos indígenas, ainda em estado bruto. Pelwscsuas fotos espetaculares, admiro cada vez mais esses indivíduos sem o espúrio contato com a nossa pseudo civilização.
    Quanto ao Renato, é um artista primoroso pela sua visão estética refinada e objetiva.

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.