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Índios Jamamadi: o ser humano em sua totalidade

Nos últimos três anos trabalhei quase que exclusivamente documentando etnias indígenas na Amazônia e no Cerrado. Na maioria das vezes foram longíssimas viagens para chegar às aldeias, dias inteiros de canoas, caminhando pela floresta, carregando toda tralha fotográfica e de acampamento. Tal como a iniciação de crédulos que caminham dias a fio em busca de algo maior, lá fui eu e mais dois indigenistas realizar um trabalho com os índios Jamamadi. Trabalho este que já havia começado há muito tempo com estas mesmas pessoas, que dedicam a própria vida para melhorar a vida dos outros.

O que me deixou muito surpreso e feliz foi ver que os índios Jamamadi – e muitas outras etnias que tive a honra de conhecer -, ainda vivem de maneira relativamente harmoniosa com o ambiente, ou então, querem retomar o modo de vida que seus antepassados tiveram e que, de alguma forma, perderam. Seja pelo contato prejudicial com os homens brancos, que usurpa(ra)m seus recursos naturais, seja pelo doutrinamento deturpado de que “a vida do branco” é melhor, com suas posses materiais, suas crenças e seus vícios.

Muitos dos povos indígenas que conheci já perceberam que “a vida do branco” não é melhor do que a deles e, portanto, não deve ser adotada como verdadeira.

Além disso, o que eu vi, senti e me transformou foi muito mais intenso do que simplesmente conhecer uma outra cultura: eu vi o ser humano, em sua totalidade. Cuidar da família, cuidar do próximo, repartir a comida, ajudar seu ‘parente’. Estas são as funções ‘vitais’ de um povo indígena.

Tem seus próprios anseios, desejos ou ambições? Sim, é e natural que isto aconteça! Faz parte da natureza humana a busca por algo maior ou diferente. Mas o convívio comunitário que eles ainda prezam é tão intenso e revelador que nos faz pensar até que ponto são  melhores nossos padrões ‘modernos’, carregados de tecnologia e tantos recursos que, no final das contas, nos afastam de nós mesmos. E, tristemente, nos induz a acreditar que temos milhares de amigos, ao toque do dedo nos teclados. Mas não percebemos que são apenas teclados. Não são mãos, nem rostos, nem sorrisos.

Toda esta revelação se tornou tema da minha terceira palestra no TEDxLaçador, que você pode assistir abaixo:

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