Indígenas, quilombolas e ribeirinhos prometem resistência para defender as florestas e seus direitos, em campanha do Instituto Socioambiental

“Nós estamos aqui há milhares de anos.
E, apesar de tudo, continuamos firmes, fortes, em pé.
Você pode fingir que não se importa, que não vê.
Mas estamos, aqui, lutando há muito tempo.
Mais do que nunca, contra o tempo.
Se ainda existe alguma biodiversidade, é por nossa causa.
Se chove na cidade ou no campo, também é por nossa causa.
Se a medicina tem onde pesquisar novas curas, é porque estamos aqui.
Mas não dá mais para sermos ignorados.
Pra passar a vida com gente tentando derrubar a gente.
Até porque vamos seguir resistindo, firmes, em pé.
Porque nós somos a floresta. E a floresta somos nós”.

Este é o belo texto que acompanha as imagens do vídeo potente (que você pode assistir no final deste post) da campanha Povos da Floresta, que o Instituto Socioambiental lançou esta semana nas redes sociais, na TV e no cinema, para celebrar seus 25 anos. Ele diz tudo que precisamos ouvir e lembrar todos os dias. É como um mantra. Entra suave e forte em nossos ouvidos e acerta nosso coração.

São eles – os indígenas, os quilombolas e os ribeirinhos – que protegem e preservam as florestas, a biodiversidade, a essência da vida na Terra. Os verdadeiros guardiões. Os responsáveis naturais pelo equilíbrio ecológico do planeta.

É por causa deles que respiramos e podemos nos curar de doenças graves, que podemos sentir bem-estar, que podemos comer, que a economia pode se desenvolver. Mas é preciso compreender isso – por que é tão difícil? – para usufruir de tais bênçãos com consciência do real ritmo da vida na natureza. Do contrário, morreremos.

Não importa quem esteja no poder, não importa o quão seja difícil para os brancos compreenderem o valor de sua existência, não importa quão numerosos sejam os invasores de terras (grileiros, madeireiros, garimpeiros, ruralistas, empresários), os indígenas, os quilombolas e os ribeirinhos estarão lá, em seus territórios, mantendo sua cultura, identidade e tradições, cuidando da terra, “firmes, fortes e em pé”, como a floresta. Sua casa. Nossa casa.

Resistência é, portanto, a mensagem dos povos da floresta e desta linda campanha, lançada num dos momentos mais tensos da nossa história, em que o presidente vilipendia direitos e ameaça a vida, e brada sistematicamente contra os povos originários e as organizações não-governamentais que atuam junto a estes, em sua defesa.

Em pouco tempo, Bolsonaro revelou que seu governo é autoritário e quer limitar ou eliminar direitos, supervisionar, monitorar e acompanhar movimentos sociais, acabar com a atuação de conselhos participativos e com os ambientalistas – “essa gente” – em órgãos governamentais, como se fossem inimigos de esquerda, e neutralizar as ideias marxistas (!!) sobre o aquecimento global. As barbaridades são tantas que eu ficaria aqui escrevendo mais alguns parágrafos. Em resumo: ele defende seu projeto desenvolvimentista (como ele mesmo chamou em entrevista dada à Jovem Pan, e aqui comentada), a favor do agronegócio (das empresas que produzem agrotóxicos, em detrimento da saúde dos brasileiros), da mineração, da construção e da exploração petrolífera a qualquer custo.

Por isso, campanhas como esta – objetiva, poética e de forte impacto, e que reúne todos os povos da floresta – são tão necessárias. E devem se espalhar por todas as plataformas de comunicação para chegar a todos os brasileiros.

Agora, assista ao vídeo dos Povos da Floresta:



Foto: Divulgação/ISA

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.