Índia inaugura primeiro hospital de elefantes do país


Índia inaugura primeiro hospital de elefantes do país

Assim como muitos outros elefantes na Índia, Holly teve uma vida muito sofrida. Ainda jovem foi tirada do convívio da mãe, no meio da floresta, e levada para a cidade, onde traficantes de animais a submeteram a maus tratos para que se tornasse dócil.

Caminhando de vilarejo em vilarejo, sobre o concreto escaldante das estradas indianas, Holly era usada como atração na busca por dinheiro. Algumas vezes, a elefante era “alugada” para ser usada em festas de casamento. Enquanto não desabava no chão, completamente esgotada, era forçada a continuar “trabalhando”.

Holly chegou em um estado deplorável ao primeiro hospital de elefantes da Índia, inaugurado no final do ano na cidade de Mathura, perto do Taj Mahal. Ela é completamente cega dos dois olhos.


Holly chega ao hospital

Depois de receber uma farta porção de frutas e cana-de-açúcar, os veterinários do local começaram a cuidar de seus ferimentos. E assim, pouco a pouco, Holly ganha conforto e o cuidado que nunca teve na vida. Ela foi a primeira paciente do hospital indiano.

Equipe tratando dos ferimentos da elefante

Mais da metade dos elefantes asiáticos vive na Índia, mas sua população teve um declínio de quase 10% nos últimos cinco anos.

Agora, o novo hospital, uma parceria entre a organização não-governamental Wildlife SOS e o Departamento Florestal da região de Uttar Pradesh, pretende mudar esse cenário e chamar a atenção da população sobre a maneira como o maior mamífero terrestre do planeta tem sido tratado no país, e em toda Ásia, ao longo dos séculos passados (e não é só lá, infelizmente, pois os elefantes africanos tiveram uma redução de 30% entre 2007 e 2014. A caça é tida como a principal responsável pela morte dos animais).

Holly não enxerga: é cega nos dois olhos

Os veterinários poderão realizar no hospital uma série de testes laboratoriais importantes. Ele possui recursos radiológicos digitais wireless, ultra-som, terapia a laser, além de um laboratório de patologia interno e uma talha médica para levantar confortavelmente elefantes com deficiência e movê-los pela área de tratamento. Há ainda uma piscina de hidroterapia e caixas de quarentena. Tudo isso permitirá check-ups regulares, bem como tratamentos fora da rotina.

A ideia é que o local sirva ainda como centro de pesquisa para estudantes e biólogos.

Em um mundo ideal, no futuro, espera-se que o hospital não precise mais funcionar. Que esses animais gigantes possam ser deixados em paz, em seu habitat natural, de onde nunca deveriam ser retirados.


Pouco a pouco, Holly ganha conforto e o cuidado que nunca teve na vida


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Fotos: divulgação Wildlife SOS

Um comentário em “Índia inaugura primeiro hospital de elefantes do país

  • 17 de janeiro de 2019 em 12:07 PM
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    Em matéria de tratamento respeitoso e digno para com os animais, tudo ainda é pouco;
    no entanto um Hospital Especializado para Elefantes é o bendito oásis no deserto da insensibilidade e crueldade humanas, um espaço de paz e refazimento para aqueles sencientes explorados por déspotas sem coração e sem Deus. Um Hospital com exames laboratoriais e recursos radiológicos modernos é, sem dúvida, uma forma de indenizar Holly e seus irmãos em espécie, por tudo o que padeceram por causa do egoísmo, ambição e mesquinhez humanos.Pudesse esse Hospital bendito conseguir a proeza de fazer ainda mais do que tem feito por Holly; pudessem esses anjos disfarçados de pessoas boas que estão curando seus machucados, visíveis e escondidos, realizar para Holly o milagre de enxergar, para que ela falasse de gratidão e reconhecimento através da luz dos seus olhos e jamais esquecesse o rosto de cada benfeitor, gravado neles para sempre.

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.