Holanda pode aprovar lei que só permitirá compra de carros novos elétricos

carros elétricos na holanda

Ainda não está aprovado, mas caso seja pelo Senado, o projeto de lei que acaba de passar por unanimidade pela Tweede Kamer do Parlamento Holandês, algo como a Câmara dos Deputados aqui no Brasil, a partir de 2025, somente poderão ser vendidos naquele país carros novos elétricos. A proposta foi elaborada pelo PvdA, o partido dos trabalhadores (socialista), com apoio de outras siglas.

O objetivo do projeto de lei é proibir a venda de carros novos movidos à gasolina ou diesel, ou seja, que em nove anos, somente saíssem das concessionárias da Holanda veículos com emissão zero de poluentes.

A aprovação da proposta não será fácil. Ela já encontra vários críticos, entre eles, o PVV, partido democrata com o maior número de representantes no Parlamento Holandês. Segundo o líder do PVV, o projeto é inviável, especialmente em um período tão curto de tempo.

Entretanto, Diederik Samsom, líder do PvdA, discorda. “A tecnologia nesta área tem avançado muito rapidamente e outros países já estão à frente da Holanda”, afirmou à publicação NOS News.

No ano passado, em Paris, ao lado de outros três países (Alemanha, Reino Unido e Noruega), a Holanda se juntou à International Zero-Emission Vehicle Alliance (ZEV), aliança global que promove a expansão do mercado de veículos sustentáveis, com emissão zero de carbono, com o intuito de reduzir a liberação de gases de efeito estufa na atmosfera da Terra. Os signatários do acordo da ZEV concordaram que farão todos os esforços possíveis para que o mercado de carros elétricos seja uma realidade até 2050.

Tulipas, bicicletas e carros elétricos. A Holanda certamente se transformará no país ideal para se morar!

A hora e a vez dos carros elétricos?

No mundo todo a demanda por veículos não poluentes está aumentando. Houve grande crescimento nas vendas em 2015, algo em torno de 1,3 milhão de veículos elétricos foram comprados. Infelizmente, este número ainda representa apenas 1% da comercialização do setor no ano passado.

A principal razão para escolher um carro movido à gasolina continua sendo que os elétricos são muito caros e a infraestrutura para o carregamento da bateria está longe de ser ideal. Mas a aposta é que o segmento das energias renováveis terá um boom, e com ele, haverá a redução de valores em pouquíssimo tempo. Em outubro do ano passado, mostramos aqui que o custo da energia eólica, por exemplo, já se equipara a dos combustíveis fósseis. Quem poderia pensar então, alguns anos atrás, que nosso vizinho Uruguai teria 95% de sua eletricidade gerada por fontes renováveis?

Embora o setor automotivo, por mais irônico que pareça, ande a passos mais lentos do que o energético, de acordo com o site americano especializado em veículos elétricos, Inside EVs, em 2015, foram comprados quase 450 mil carros novos na Holanda. Deste total, 43 mil eram zero emission, algo em torno de 9,6% do segmento de novos veículos.

Segundo relatório produzido pela Bloomberg New Energy Finance, até 2025, mesmo com a queda no preço do barril do petróleo, o custo de um carro elétrico – incluindo aí sua manutenção -, ficará menor do que um tradicional, abastecido com gasolina ou diesel. Especialistas afirmam que o valor da bateria elétrica, hoje um dos maiores empecilhos para a produção em massa de veículos com zero emissão, cairá exponencialmente nos próximos anos. “Baterias de íon lítio tiveram uma queda de 65% em seu custo desde 2010. Acreditamos que esta redução será muito maior até  2030”, afirmou Colin McKerracher, analista da Bloomberg New Energy Finance.

A estimativa do estudo é de que até 2040, 35% dos carros novos vendidos no mundo serão elétricos, algo em torno de 41 milhões de unidades.

Foto: C.C.Chapman/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.