Havaí proíbe venda de filtros solares com substâncias prejudiciais aos recifes de corais

Havaí proíbe venda de filtros solares com substâncias prejudiciais aos recifes de corais

Utilizados largamente por frequentadores de praias para se proteger contra o câncer de pele, alguns protetores solares têm em sua composição a oxibenzona (benzophenone-3) e o octinoxato, substâncias químicas que ajudam a barrar os raios ultravioletas, mas que são extremamente nocivas para a saúde dos recifes de corais.

Pois o estado americano do Havaí se tornou o primeiro daquele país a banir filtros solares que contenham esses químicos em sua formulação para proteger suas praias e a vida marinha. A decisão foi tomada após serem detectados altos índicos dessas substâncias nas águas das baías de Waimea e Hanauma e na praia de Waikiki, na ilha de Oahu, e também, na baía de Honolua e na reserva natural de  Ahihi-Kīnau, em Maui.

Assim que for assinada pelo governador David Ige, a lei entra em vigor a partir de janeiro de 2021, dando assim, tempo hábil para a indústria e o comércio se adequarem à nova legislação.

“A oxibenzona faz parte da família de produtos químicos frequentemente adicionados aos plásticos — para evitar que se degradem com a luz — e às garrafas de bebidas para proteger seu conteúdo. Ela também preserva as cores e aromas de vários itens, incluindo sprays de cabelo, sabonetes e esmaltes de unha”, explica Gabriel Grimsditch, especialista em ecossistemas marinhos da ONU Meio Ambiente.

Recentemente a organização lançou um alerta sobre o impacto dos filtros solares nos recifes de corais, como mostramos neste outro post.

Estima-se que todos os anos, aproximadamente 14 mil toneladas de protetor solar da pele de banhistas e mergulhadores cheguem aos corais. A oxibenzona é apontada ainda como tóxica para peixes, ouriços do mar e mamíferos marinhos.

Em alguns países, o uso da substância já é controlado. Nas reservas marinhas do México, por exemplo, é solicitado que os visitantes só usem protetores solares biodegradáveis. Alguns fabricantes de cosméticos deixaram de utilizar a oxibenzona e em seu lugar, usam óxido de zinco ou dióxido de titânio.

Nas últimas quatro décadas, o intervalo entre surtos recorrentes de branqueamento de corais tem ficado cada vez mais curto, o que torna impossível sua recuperação. Tema de um artigo na revista Science, o problema tem sido agravado, principalmente, pelo aumento da temperatura da água dos oceanos.

Quando o mar esquenta demais, as microalgas que vivem em simbiose com os corais e que dão cor aos recifes são expulsas do organismo desses animais marinhos. Sem elas, o coral passa fome e morre. Os recifes são um dos mais ricos habitats da biodiversidade marinha.

Em 2016, duas ondas de branqueamento tiverem um efeito trágico sobre os corais das Ilhas Maldivas e a Grand Barrreira, na Austrália. Neste último, o evento foi considerado o maior da história (leia mais aqui).

 

Foto: divulgação/reprodução Facebook Hawaii – gohawaii.com

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.