Gosta de carne, mas quer consumir menos? Tente o “reducitarianismo”

Reducitarianismo defende redução de consumo de carne, sem abrir mão do alimento

Os benefícios de uma dieta sem carne para o meio ambiente, para a saúde e para o bem-estar animal são bem conhecidos. No entanto, não é fácil convencer as pessoas a abrirem mão da carne em sua alimentação pelo resto de suas vidas. A boa notícia é que existe uma alternativa, diz uma nova campanha. Em vez de defender o vegetarianismo, ela encoraja pessoas a reduzirem drasticamente o consumo de carne, mas sem eliminá-la do cardápio totalmente. Trata-se do “reducitarianismo”. Já ouviu falar nele?

Existe até uma instituição para o reducitarianismo: a Reducitarian Foundation, sediada nos Estados Unidos. “Na nossa sociedade, pouquíssimas pessoas são veganas ou vegetarianas. Para ampliar este movimento, precisamos de mais adesões – e eu não acredito que seremos bem-sucedidos nesta tarefa se promovemos uma mensagem de ‘tudo ou nada’”, acredita o cofundador e presidente da organização, Brian Kateman. No Brasil, cerca de 8% da população é vegetariana ou vegana, segundo o IBOPE. De acordo com ele, o reducitarianismo oferece uma solução prática, realista e atraente, além de passar uma mensagem mais apelativa (“menos em vez de nada”).

Já existem algumas campanhas neste sentido, como a Segunda Sem Carne, que se apropria de um dia da semana em que as pessoas costumam escolher para adotar novos hábitos (como fazer dieta ou se matricular na academia) para convidá-las a não comer carne uma vez a cada sete dias. Inclusive, esta campanha é endossada por governos e celebridades, entre elas, os cantores Gilberto Gil e Paul McCartney, a modelo Ellen Jabour e os atores Diogo Vilela e Cleo Pires.

Recentemente, o jornal The New York Times falou sobre o “reducitarianismo” como o novo termo da vez para descrever as pessoas que tem como objetivo na dieta reverter a mudança do clima ao comer alimentos locais, menos carne vermelha e reduzir o desperdício de comida. Uma das tendências para 2016 é exatamente esta: a popularidade crescente dos veganos e vegetarianos “de meio período”, que pretendem atacar a questão climática munidos de garfo e faca.

Por que aderir ao reducitarianismo?

Nem todo mundo sabe, mas as emissões de gases de efeito estufa da pecuária equivalem a 7,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. Isso significa que a produção de carne corresponde a 14,5% de todas as emissões produzidas pelo homem, segundo as Nações Unidas. Vale dizer que a tendência é de agravamento deste impacto ambiental, uma vez que os países em desenvolvimento estão aumentando seu consumo de carne e derivados do leite conforme enriquecem. Exemplo disso é o consumo de carne de porco na China, que dobrou nas últimas duas décadas, segundo a OECD. Segundo a campanha, a redução do consumo de carne é fundamental para frear o aquecimento global.

Se o agravamento das mudanças climáticas não te persuadiu a praticar o reducitarianismo, quem sabe o bolso convença. Um dos argumentos de Kateman para que as pessoas reduzam a carne do cardápio é a gritante diferença de preço entre a carne e alimentos provenientes de plantações.

Outra razão amplamente utilizada para pessoas abandonarem o consumo de carne é o bem-estar animal, uma vez que, algumas vezes, galinhas, vacas e porcos são criados em condições cruéis.

É mais efetivo fazer um consumidor assíduo de carne reduzir drasticamente seu consumo do que convencer um “carnívoro ocasional” a praticar o reducitarianismo, reconhece Kateman. Além disso, ele acredita que a redução pode até ser um passo rumo a uma abstinência futura.

“Se eu vou comer carne, tento transformar este momento em algo raro e especial, e, certamente, quando como carne, é uma porção muito menor do que costumava comer antes do reducitarianismo”, contou Kateman, que come carne uma vez por semana ou menos. “O ideal é: quanto menos carne, melhor. Nós só queremos que as pessoas comecem”. Abaixo, assista à palestra que ele deu no TEDxCUNY (em inglês):

Que tal aderir também? Aspirantes a reducitarianos podem começar eliminando a carne da dieta um dia na semana, aos moldes da Segunda Sem Carne. Outra possibilidade é adotar uma dieta vegana ou vegetariana durante a semana e comer carne durante o fim de semana, lembrando-se de reduzir a quantidade que você normalmente põe no prato. Vamos nessa?

Foto: dbreen/Domínio Público

11 comentários em “Gosta de carne, mas quer consumir menos? Tente o “reducitarianismo”

  • 22 de fevereiro de 2016 em 11:21 AM
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    O reducitarianismo poder ser, sim, o começo de uma mudança que a sociedade precisa passar. Pelo bem dos animais, para diminuir os efeitos agressivos do aquecimento global, para uma alimentação e hábitos mais saudáveis.. Lindo texto, linda atitude. Arrasou, Ma!! <3

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  • 22 de fevereiro de 2016 em 4:45 PM
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    To dentro , já aderí a uns dois anos atrás e pretendo eliminar completamente.

    Muito boa matéria.

    Um abraço.

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    • 22 de fevereiro de 2016 em 6:12 PM
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      Que legal, Eliete! Estou torcendo por você! :)
      Obrigada pelo comentário.
      Abraços!

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  • 29 de fevereiro de 2016 em 7:47 AM
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    Muito bom! ♡
    Acho que pode atingir um número bem maior de adeptos que o vegetarianismo.

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  • 4 de julho de 2016 em 7:33 PM
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    pra mim isso só serve pra aliviar a consciencia das pessoas que se importam com os animais mas nao o suficiente pra mudar seus habitos. é uma forma de conveniencia. as pessoas ficam estagnadas e nunca avançam para o veganismo. nao é dificil parar de comer produtos animais. esse movimento so reforça a ideia falsa de que é dificil viver sem produtos animais.

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Marina Maciel

Jornalista, Marina escreve sobre meio ambiente para diversas publicações brasileiras desde 2011. Já colaborou para veículos como Superinteressante, Exame, VEJA, VEJA SP, M de Mulher, Casa Claudia, VIP, Cosmopolitan Brasil, Brasil Post, National Geographic Brasil, INFO e Planeta Sustentável.