Glifosato, não! Se você não quer esse veneno na comida, participe da consulta pública da Anvisa, que esticou o prazo até 6 de julho!

Atualizado em 8/6/2019 porque a Anvisa prorrogou o prazo da consulta pública: mais 30 dias!

O glifosato é o agrotóxico mais usado no mundo, classificado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como provavelmente cancerígeno, que está no centro de inúmeros processos movidos nos Estados Unidos e na Europa contra a Monsanto – sua fabricante desde os anos 70, comprada pela Bayer no ano passado. E as vitórias das vítimas na Justiça têm crescido., como temos mostrado aqui, no Conexão Planeta: veja os links no final deste post.

No Brasil, em meio à inundação de registros de agrotóxicos e componentes – 197 em cinco meses! -, a luta contra o Glifosato continua. Em 2008, a Agência Nacional de Vigilância SanitáriaAnvisa iniciou processo de reavaliação do herbicida, com o objetivo de, com base em novos estudos científicos, verificar se ele atende a legislação brasileira.

Onze anos depois, a Anvisa apresentou parecer favorável à utilização do veneno e à sua comercialização no mercado brasileiro, mas com restrições como, por exemplo: proibição da venda de “glifosato concentrado para jardinagem amadora” e, na agricultura, desde que seja feito “rodízio de trabalhadores nas atividades de aplicação com trator”.

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida se posicionou contra o parecer da Anvisa e está divulgando a consulta pública que o órgão colocou no ar para saber o que a população pensa a respeito, até 6 de julho!

Oa organizadores da campanha entendem que é urgente “o banimento imediato do glifosato no Brasil” por inúmeros motivos, divulgados em seu site e que listo a seguir:
– “Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde, classificou o glifosato como provável cancerígeno humano do grupo 2A. A Lei brasileira proíbe o registro de agrotóxicos cancerígenos;
– O glifosato contamina a água, ar, o solo e os animais;
– Nos EUA, a Monsanto/Bayer já foi condenada em três ocasiões por vítimas de câncer provocado pelo glifosato. Na maior das condenações, o valor da reparação de danos chegou a U$ 2 bilhões (veja os links no final deste post). Há ainda cerca de 13.400 semelhantes tramitando na Justiça;
– Em 2017, após intensa discussão na Europa, o agrotóxico teve seu registro renovado por apenas cinco anos e não pelo tempo usual – 15 anos – para moléculas com longo tempo no mercado, demonstrando que há dúvidas sobre a segurança do produto;
– O glifosato é o principal herbicida associado às sementes transgênicas, e a existência de cada vez mais plantas resistentes leva a um uso sempre maior do produto;
– Já existem alternativas para o glifosato! Mais de 20 mil agricultores e agricultoras fizeram a transição agroecológica e produzem alimento saudável sem o uso de qualquer agrotóxico ou do glifosato.

Por tudo isso, é imprescindível participar da consulta pública, que não demora mais do que dez minutos para ser concluída. Por conter uma pesquisa preliminar, comentários e outros detalhes finais, os organizadores da Campanha contra os Agrotóxicos produziram um passo-a-passo para ajudar a preenche-la com precisão, que reproduzimos a seguir.

Eu preenchi e realmente é rápido. Mas, como o formulário é visual e funcionalmente ruim, é preciso prestar muita atenção aos campos. Caso algum campo tenha ficado em branco ou mal preenchido, o sistema indica e não salva o resultado. Vamos a ele!Acesse o link do formulário da Consulta Pública;

  • A primeira seção do formulário é relacionada aos seus dados pessoais. Todos os campos são obrigatórios, e é necessário preencher seu e-mail e CPF (sem traço, nem pontos)!
  • Na seção Pesquisa Preliminar, sugerimos marcar as seguintes opções (“deixamos a opção 3 a critério de cada um/a. Somos obviamente contra o uso de agrotóxicos na agricultura, mas esse não é o motivo pelo qual discordamos do parecer. Os motivos são bem concretamente ligados ao glifosato”), veja neste link;
  • Em seguida, responder a opção Gostaria de deixar comentários gerais sobre os agrotóxicos para a Anvisa e escrever o seguinte texto na caixa de comentários, e copiar e colar a seguinte resposta: 
    Infelizmente a Anvisa não vem cumprindo com sua missão de promover a proteção da saúde da população. A recente manutenção do registro do 2,4-D e agora a proposta de manutenção do glifosato vão claramente contra a vontade da população, que tem demonstrado que deseja menos agrotóxicos em sua mesa, e não mais. A Anvisa teria o poder de reduzir o uso e os danos dos agrotóxicos no país, mas parece sucumbir ao forte lobby da indústria e age de forma cada vez mais permissiva em relação aos agrotóxicos.
  • Agora, o mais importante: o campo De modo geral, qual sua opinião sobre a proposta de norma em discussão? Marque a opção: Discordo integralmente. Veja neste link.
  • Ao clicar nesta opção, aparecerá outro campo: Se você discorda integralmente da proposta, explique os seus motivos. Para este campo, sugerimos o seguinte texto:
    Lutamos por um Brasil agroecológico, livre de agrotóxicos, transgênicos e das multinacionais que ganham dinheiro às custas do sofrimento da população. O glifosato é cancerígeno, segundo a Organização Mundial da Saúde, além de causar outros problemas de saúde que indicam sua proibição. Varias espécies de ervas daninhas são resistentes ao glifosato que induz ao aumento do uso e, consequentemente, maior exposição das pessoas e do meio ambiente. Os produtos fabricados com glifosato são muito perigosos para a saúde, pois além do glifosato, podem estar misturados com outros ingredientes ativos como o 2,4-D ou com outras substâncias que também são tóxicas. Não existem modos 100% eficazes para proteger a saúde das pessoas dos efeitos do glifosato e dos agrotóxicos no geral. Além disso, a proposta da Anvisa mantém a permissão do uso do POEA – polioxietilenoamina, substância presente no produto comercial que é muito tóxico e foi proibido na Europa para produtos a base de glifosato.
  • Em seguida, preencha a seção Levantamento de Impactos, marcando Não sei informar nas 3 primeiras perguntas, e Impacto negativo alto na última.
  • No campo Na sua opinião, quais são os efeitos esperados da proposta contida nesta Consulta Pública? , sugerimos o seguinte texto:
    Nas última consultas públicas, os argumentos enviados pela população foram pouco levados em conta. Esperamos que a Anvisa mude o seu comportamento e, desta vez, reveja sua posição baseada na Consulta Pública.
  • No campo Referências bibliográficas, a Campanha contra os Agrotóxicos deu inúmeras sugestões em seu site. Eu escolhi quatro e incluí no formulário. Se você quiser escolher alguma(s) na lista também, clique neste link e vá direto ao item 12. Mas este não é um campo de preenchimento obrigatório.
  • Caso não deseje anexar nenhum arquivo, na pergunta Você deseja incluir um arquivo para subsidiar a sua contribuição? Clique em Não.
  • Preencha os campos finais obrigatórios da seção Avaliação do formulário de Consulta Pública. Por um erro do sistema, mesmo que você marque Sim na pergunta Esta é a primeira vez que você participa de uma consulta pública da Anvisa?, pode ser que você tenha que preencher a pergunta seguinte Se você já participou de outras consultas públicas da Anvisa, como você avaliaria esta nova ferramenta de participação?.
  • Pronto! Acabou. Clique em Gravar.

Espalhe esta consulta pública em suas redes sociais (use o meme que mostramos neste texto, acima), entre a família, os amigos! Esta é uma super oportunidade de dizer o que pensamos a respeito e de tentarmos derrubar a comercialização de um veneno proibido em outros países e que tem adoecido e matado muita gente, como já publicamos, aqui no site:

Morre o argentino Fábian Tomasi, símbolo de resistência e luta contra os agrotóxicos
Monsanto terá que pagar indenização de US$ 289 milhões a jardineiro com câncer
Justiça mantêm condenação da Monsanto no caso do jardineiro com câncer terminal, mas juíza reduz a indenização
Americano com câncer é o primeiro caso contra a Monsanto na Corte Federal dos Estados Unidos
Em segunda derrota, Monsanto é condenada a pagar U$ 80 milhões a mais uma vítima com câncer
Agricultor francês vence Monsanto depois de mais de dez anos de batalhas nos tribunais
Justiça condena Monsanto/Bayer pela terceira vez: a multinacional terá que pagar 2 bilhões de dólares a casal com câncer

Foto: Divulgação

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.