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França proíbe venda de copos, pratos e talheres de plástico

copos de plástico

Em uma decisão corajosa e forte, o governo francês anunciou que a partir de 2020 só poderão ser comercializados talheres, copos e pratos descartáveis que sejam biodegradáveis. Produtos fabricados com plástico estarão banidos das prateleiras das lojas.

A lei, que acaba de ser aprovada, foi proposta pelo Europe Ecologie-Greens Party (o Partido Verde francês). O governo aceitou a ideia com o objetivo de reduzir o uso de energia e água utilizado na fabricação de produtos plásticos, além de diminuir a poluição provocada pelos mesmos.

Apesar dos ambientalistas terem afirmado que a lei deveria entrar em vigor já no ano que vem, Segolene Royal, ministra do Meio Ambiente, defendeu que ela só entre em prática em 2020, para que indústria, supermercados, lojas e restaurantes tenham tempo para se adequar à nova regulamentação.

Críticos da decisão do governo da França disseram que não há garantias que o material a ser usado na produção de copos, talheres e recipientes serão realmente biodegradáveis. Eles argumentam ainda que a nova medida poderá incentivar a população a simplesmente jogar lixo na natureza e achar que ele irá se decompor.

O sucesso da nova lei vai depender agora de que tipo de normas e exigências os franceses terão para a fabricação destes itens e se a fiscalização será eficiente. Não basta criar a lei, é preciso que haja acompanhamento contínuo.

Depois de sediar a Conferência das Nações Unidas pelas Mudanças Climáticas (COP21), em 2015, a França lançou o plano nacional La Transition Énergétique pour la Croissance Verte (Plano de Transição Energética para o Crescimento Verde, em tradução livre), em que se compromete, entre outras metas, em reduzir a emissão de gases de efeito estufa (aqueles que provocam o aquecimento da superfície da Terra) em 40% até 2030 (em relação aos índices de 1990); diminuir, até 2050, em 50% o uso de energia do consumidor final, comparados aos números de 2012, e 30% a dependência nos combustíveis fósseis (gasolina, diesel e carvão).

O cerco ao plástico se fecha

O plástico demora milhares de anos para se decompor na natureza. E para piorar, há mais de 50 tipos diferentes de plástico. Invariavelmente, o destino final de resíduos feitos com essa matéria-prima são os oceanos. Cientistas afirmam que até 2050, quase todas as aves marinhas terão plástico em seus organismos. Não escaparão nem as mais remotas comunidades de pinguins da Antártica ou albatrozes nascidos em ilhas e rochedos distantes do continente (leia mais sobre o assunto neste post).

Mas muitos governos já estão se posicionando contra o uso insustentável destes materias que provocam imenso impacto ambiental. Em julho último, por exemplo, a cidade americana de São Franciso proibiu a comercialização de embalagens e produtos feitos com isopor. Em 2014, a prefeitura tinha banido a venda de garrafas plásticas em espaços públicos.

Outra cidade que promulgou lei para reduzir o descarte de resíduos poluentes foi Hamburgo, na Alemanha. Por lá, a prefeitura proibiu o uso de cápsulas em orgãos e repartições públicas.

Em diversos países, como Inglaterra, Irlanda, Escócia, Dinamarca, Alemanha, Portugal e Hungria, também não se mais distribuir gratuitamente sacolas plásticas no comércio. Há uma cobrança por elas, que mesmo sendo ínfima, faz com que consumidores mudem seu comportamento e comecem a levar suas sacolas de casa.

Com mais pressão do governo, tecnologias inovadoras – que já existem (leia sobre elas aqui) e conscientização da população, é possível reduzir drasticamente o uso do plástico e assim, a poluição nas cidades e nos oceanos.

Leia também:
Bactéria que come plástico PET pode ser solução contra poluição? 
Transformar plástico em energia: solução para acabar com o lixo nos oceanos?
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Lixo plástico ameaça 99% das aves marinhas

Foto: John Loo/Creatvie Commons/Flickr

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claudio
claudio
7 anos atrás

peço liberdade para fazer um contraponto á essa reportagem; O Humanismo Integral é um conjunto de ideias que prega a coerência entre ciência e religião baseado no reconhecimento da verdadeira dignidade e dos direitos do homem, aberto à solidariedade cultural, social e econômica entre pessoas!!!
portanto sob essa ótica , “evitar o uso de material plástico “causa perplexidade aos especialistas em plásticos, pois seu entendimento literal gera diferentes entendimentos e não é coerente com o cuidado com os pobres e com o meio ambiente , ao mesmo tempo.
os matérias plásticos além de serem bons, seguros, inertes e confiáveis , também exigem poucos recursos naturais e energéticos , para serem transformados em produtos uteis, comparado com outros matérias . Além de serem 100% recicláveis. Por isso mesmo tornam-se baratos e acessíveis aos mais pobres.
veja como o plástico esta atualmente ligado a melhoria de qualidade de vida dos pobres e também ao cuidado do meio ambiente: somente o plástico pode ser reciclado localmente , com poucos recursos e baixa tecnologia utilizando mão de obra de baixa qualificação e gerando renda .
nas embalagens: mais de 90% da comida que alimenta 7,2 bilhões de pessoas , esta embalada, protegida , identificada , conservada, armazenada e higienizada em matérias plásticos. Se evitarmos o plástico nas embalagens estaremos encarecendo e desperdiçando muito mais comida, principalmente para os mais pobres .
hj o uso do plástico em tubulações , reservatórios e engarrafamento de água potável é a melhor e mais barata tecnologia que a humanidade possui, principalmente para os mais pobres.
Todo matéria atualmente conhecido, que vier a substituir o plástico ( metal, vidro, cerâmica , cimento) necessita de maiores recursos naturais e energético para sua fabricação , reciclagem e reutilização.
poderia continuar com exemplos em áreas como : moradia, vestuário , sistema de saúde….

no mais os produtos biodegradáveis , além de mais caros, não são recicláveis mais sim comportáveis sob determinadas condições

fatima
fatima
7 anos atrás
Reply to  Suzana Camargo

Gostei de você Suzana, e acho a colocação de Cláudio boa também. Temos sim que mudar hábitos. Dentro de nossa empresa, faço valer cada um com seu copo, economia no saco de lixo. Falo para os que estão a minha volta, comento, explico. Ensino a reciclar. Temos que fazer a nossa parte, mas te falo: é bem difícil mudar consciências, vamos em
frente fazendo nossa parte.

nell
nell
7 anos atrás
Reply to  Suzana Camargo

amo vc SUSANNA ! PARABÉNS ISSO AI !

Ivan Rezende Bastos
7 anos atrás
Reply to  claudio

Belo Horizonte, MG, baniu as sacolas plásticas dos supermercados há mais de 5 anos. Que quiser sacola que leve a sua, ou compre uma ecológica que custa caro.

Alex Cruz
Alex Cruz
7 anos atrás

Outra lei idiotas em que os maiores prejudicados serão as pessoas. Isso vai influenciar pra cima o preço de varios serviços e produtos.

Proibir não é a melhor maneira de resolver um problema, em vez de dar liberdade na pesquisa, retirar burocracias e isentar impostos. Preferem de certa forma estimular o tráfico dos mesmos….

antonio tadeu.
antonio tadeu.
7 anos atrás
Reply to  Alex Cruz

o problema é sempre econômico, ninguém se preocupa com a natureza; quem anda pelas ruas de são paulo pode notar um mar de embalagens plásticas espalhadas; as pessoas não pensam no futuro como estará nosso ecossistema e que prejudicará muito mais toda a natureza e consequentemente toda a humanidade.

Denise Tourinho
Denise Tourinho
7 anos atrás

Se o plástico é um mal tão necessário para as pessoas de baixa renda, devemos pensar em acabar com a miséria do planeta. As pessoas devem entender que se faz necessário o controle de natalidade. Só assim teremos um planeta livre de poluição, de fome e de miséria. Eu sou contra o uso exacerbado do plástico e o seu descarte na natureza.

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Riancho Costa
7 anos atrás

Aquí también deveria ser proibido. Devemos mudar o jeito em que a gente se relaciona com o nosso mundo e adoptar práticas de sustentabilidade sérias e racionais

Manoel Farias
Manoel Farias
7 anos atrás

Peço licença para discordar da lei.
O material feito com plástico biodegradável é altamente caro e em alguns casos inviabiliza a reciclagem.
O plástico biodegradável pode utilizar mais recursos naturais para ser produzido, e por não poder ser reciclado, demanda maior produção de matéria prima (isso levando a maior consumo do petróleo, cana de açúcar, energia, transporte, etc)

Realmente existem mais de 50 tipos de plástico, na verdade muito mais. Mas diferente do que foi falado, todos são possíveis de serem reciclados.

Acredito que precisamos conscientizar as pessoas sobre a utilização e descarte, apenas isso. Se utilizarmos as sacolas como embalagem para o lixo por exemplo, já teremos destinado de forma correta.

Dou um exemplo para enfatizar minha posição: quando a prefeitura de SP decidiu mudar as sacolas plásticas dos mercados, foi utilizado muito mais materiais, pois não podíamos utilizar materiais recuperados, e era necessário utilizar mais aditivos e pigmentos para a fabricação, nem preciso dizer q isso é altamente prejudicial ao meio ambiente.
Além das empresas de sacos para lixo aumentarem muito sua produção.

Obs: Sou profissional do plástico a mais de 10 anos. E não por isso, discordo da lei.

Cristiane Peixoto
7 anos atrás

Olá a todos.
Sei que pareço estar um pouco atrasada nesse comentário, mas por incrível que pareça tem site brasileiro que está replicando essa notícia do ano passado como se fosse coisa de agora.
Envio abaixo uma resposta sobre essa decisão francesa através do ponto de vista da Plastivida, instituto socioambiental dos plásticos:

Decisão do governo francês de banir utensílios plásticos de “uso único” não é solução para meio ambiente, afirma Plastivida

A Plastivida, entidade que representa no Brasil o setor plástico nas questões relativas à sustentabilidade, acompanha com preocupação o decreto do governo francês que proíbe a venda de copos, pratos e bandejas plásticas de “uso único” para consumo particular a partir de 2020.

Vale ressaltar que esses mesmos produtos, desde que destinados para fins comerciais (tais como fast foods, máquinas de café etc.) continuam permitidos. Talheres plásticos estão liberados tanto para uso comercial quanto para consumo particular. O decreto define, ainda, que os produtos a serem proibidos poderão ser fabricados com matérias primas compostáveis.

Embora a Lei só entre em vigor em 2020, já houve questionamentos à Comissão Europeia sobre a insuficiência de argumentos ambientais que deveriam embasar a medida. Além disso, também houve críticas de que a proibição prejudica os consumidores e que a medida viola as regras da União Europeia sobre a livre circulação de mercadorias. O conjunto destes questionamentos poderá exigir da França uma revisão do Decreto.

Além disso, o próprio governo francês admite que será necessário realizar estudos para a definição do termo “uso único”. A diferença de conceitos entre “uso único” e “reutilizável” somente poderá ser estabelecida através de critérios técnicos, como a espessura dos copos e pratos.

Segundo Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, a própria indefinição do governo francês em determinar o que é de uso único e o que é reutilizável, já demonstra a fragilidade da medida. “A saída para a necessária redução de impactos ambientais não passa pelo banimento de produtos plásticos, uma vez que apenas 4% do petróleo extraído no mundo se aplicam a esses produtos, sua fabricação não gera emissões significativas de CO2, além de ser um produto inerte e 100% reciclável”.

Ainda segundo Bahiense, três das maiores fontes de emissão de CO2 na França e no mundo são os usos de petróleo para transportes, climatização e geração de energia. Cerca de 86% do petróleo são aplicados a estes fins.

O presidente da Plastivida acredita que é necessário buscar soluções sustentáveis com base em critérios técnicos e científicos, considerando-se, entre outros fatores, a análise do ciclo de vida dos produtos questionados e principalmente dos apresentados como solução, contabilizando consumo de água, de energia, peso dos produtos, logísticas, reciclagem dentre outros itens. “Para termos um parâmetro, um estudo realizado no Brasil pela ACV Brasil e auditado pela KMPG mostra que para se lavar manualmente um copo de vidro ou de cerâmica são usados cerca de 1.200 mililitros, enquanto um copo plástico (de mesmo volume) consome apenas 26 mililitros de água em todo o seu ciclo de vida”.

Bahiense conclui que somente investindo em educação ambiental, combatendo o desperdício através do consumo consciente e incentivando a reciclagem, será possível apontarmos um caminho para construirmos a sustentabilidade que a sociedade tanto necessita.

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