França e Reino Unido proíbem venda de carros a gasolina e diesel a partir de 2040

França e Reino Unido proíbem venda de carros à gasolina e diesel a partir de 2040

Após o anúncio do presidente francês Emmanuel Macron, no início de julho, sobre o fim da comercialização de veículos movidos a diesel e gasolina no país a partir de 2040, o Reino Unido decidiu seguir o mesmo caminho.

Pressionado para colocar em efeito medidas para combater os altíssimos indíces de poluição do ar, o governo da primeira-ministra Theresa May anunciou ontem (25/07) o tão aguardado Air Quality Plan.

Assim como o vizinho europeu, os britânicos querem tirar das ruas os veículos poluentes em duas décadas. Só será permitida a venda de carros novos elétricos – excluíndo inclusive os modelos híbridos -, colocando assim um fim à era da combustão interna, a queima dos combustíveis fósseis. Atualmente há 10 milhões de veículos a diesel na Grã-Bretanha. Em 2000, eram 3,2 milhões. Os elétricos só correspondem a 1% das vendas nos dias de hoje.

Nos últimos meses, o governo do Reino Unido tem sofrido fortes críticas sobre a maneira como tem lidado (ou melhor, deixado de lidar) com a poluição do ar e seus graves efeitos sobre a saúde da população, no que está sendo considerada “a pior ameaça ambiental para a saúde pública da Grã-Bretanha”. Um relatório, publicado em abril de 2016, revelou que aproximadamente 40 mil mortes prematuras eram causadas por ano devido à péssima qualidade do ar, um custo aos cofres do sistema público de saúde de algo em torno de 20 bilhões de libras.

Ambientalistas e especialistas, inclusive do governo, pressionaram para que pedágios fossem impostos para a circulação de carros e criadas zonas para tráfego somente de veículos não poluentes, mas May só quer usar esta alternativa como último recurso.

Hoje diversos setores criticaram o prazo anunciado. Mais de duas décadas para que os veículos poluentes deixem de emitir gases tóxicos no ar é realmente muito tempo. Carros a diesel liberam dióxido de nitrogênio, substância ligada à asma, derrames e ataques cardíacos. Noruega e Holanda anunciaram a mesma proibição que França e Reino Unido, mas com data limite bem menor: a partir de 2025.

Um dos que levantou a voz para falar contra o plano da primeira-ministra foi o prefeito de Londres, Sadiq Khan. “Um compromisso pela metade não é suficiente”, afirmou. “A população de Londres que já sofre agora não pode esperar até 2040”.

Um subsídio de 255 milhões de libras também será dado às administrações locais das cidades localizadas ao redor da capital para combater a poluição do ar. O que já se discute, entretanto, é sobre o aumento da demanda de eletricidade que a nova frota de carros elétricos trará para a matriz energética britânica e se haverá capacidade para atendê-la.

Na França, um dos objetivos de Emmanuel Macron ao anunciar o fim da venda dos carros poluentes é atingir as metas de redução de gases de efeito estufa estabelecidas no Acordo de Paris.

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Foto: jesuscm/creative commons/flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.