Um cenário que lembraria o do filme Blade Runner, de Ridley Scott. Certamente é o que nos vem à mente o alerta feito por um grupo de cientistas internacionais em artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Segundo os pesquisadores, mesmo que consigamos reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aumento da temperatura da superfície terrestre a até 2oC – ainda assim -, há um risco de o planeta entrar em um estado que eles chamam de Hothouse Earth, algo como a Terra Estufa.
Isso significa que, a longo prazo, a temperatura global subiria entre 4o a 5oC e que o nível dos oceanos estaria de 10 a 60 metros mais alto.
Os autores do estudo destacam que ações urgentes são necessárias. Atualmente a temperatura global está 1°C acima dos níveis pré-industriais e sobe 0.17°C a cada década. Eles citam alguns eventos climáticos extremos como evidências desta mudança gradual no planeta, dentre eles:
– Derretimento do permafrost, espessa camada de gelo congelado, existente na região do Ártico, no extremo norte do planeta, formada ao longo de milhares e milhares e que armazena grandes quantidades de carbono em seu interior;
– Perda de hidratos de metano do fundo do oceano;
– Enfraquecimento dos sumidouros de carbono terrestre e oceânico;
– Aumento da respiração bacteriana nos oceanos;
– Morte de árvores das Florestas Amazônica e Boreal, acometidas por uma doença que faz com que elas perecem a partir das extremidades para o centro;
– Redução da cobertura de neve no Hemisfério Norte;
– Perda de gelo nos mares ártico e redução de gelo do mar da Antártica e lençóis de gelo polar.
Juntos, estes fenômenos agiriam como um efeito dominó. Uma vez que um é acionado, a Terra moveria em nova direção. Para os cientistas internacionais, alguns lugares da Terra podem se tornar simplesmente inabitáveis.
“As emissões humanas de gases de efeito estufa não são os únicos fatores que determinam a temperatura da Terra. Nosso estudo sugere que o aquecimento induzido pelo homem pode desencadear outros processos no planeta, que podem provocar demais danos, irreversíveis mesmo que haja uma redução das emissões agora”, afirmou Will Steffen, pesquisador da Australian National University e do Stockholm Resilience Centre e principal autor do artigo. “Evitar este cenário requer uma mudança de comportamento do ser humano: de exploração para parceria com o sistema terrestre”.
*Com informações do Stockholm Resilience Centre
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Foto: domínio público/pixabay
Se as “forças naturais da Terra estão sendo mudadas de maneira irreversível” nada a fazer para reverter o quadro a não ser rezar, porque super heróis já cansaram de nós, mas acredito que Deus, ainda não.