“Foda-se o racismo!” foi a resposta da seleção sueca à torcida que ameaçou jogador, filho de imigrantes

Durante o jogo entre Suécia e Alemanha na Copa do Mundo, no último sábado, 23/6, o sueco Jimmy Durmaz cometeu uma falta que abriu caminho para o gol do time adversário. Muita falta de sorte, é verdade: o jogo estava chegando ao fim, nos últimos segundos, e ele havia substituído o colega Claesson aos 74 minutos, ou seja, no finalzinho do segundo tempo. Mas a torcida não levou o fato na esportiva e revelou-se preconceituosa ao extremo.

Nacionalistas fanáticos e seguidores da onda de ódio aos imigrantes, que domina boa parte da Europa, os torcedores suecos insultaram Durmaz, que é filho de imigrantes sírios, nas redes sociais. Mas não só: além de fazerem comentários racistas, ameaçaram o jogador e sua família de morte.

A resposta veio no domingo, antes do treino da seleção sueca, mas não só de Durmaz, como de toda a seleção. Para a imprensa, o técnico Janne Andersson se pronunciou sobre o assunto e, em seguida, os jogadores se colocaram atrás de Durmaz, que leu comunicado na primeira pessoa:

“Sou um jogador de alto nível. Receber críticas faz parte da vida, mas ser chamado de ‘imigrante maldito’ e ‘homem-bomba’, e sofrer ameaças de morte – proferidas contra mim e contra meus filhos – é completamente inaceitável. Sou sueco, e é com orgulho que uso nossa camisa e nossa bandeira”. Ao final, todos gritaram “Foda-se o racismo!“. A frase virou hashtag rapidinho, claro: #FuckRacism #FuckRasism #Viärsverige.

O vídeo foi publicado no site da Associação Sueca de Futebol e também no Instagram de Durmaz (abaixo). Nesse perfil, ele escreveu para seus seguidores: “Me sinto honrado e surpreso com todas as mensagens amáveis que recebi de vocês. Elas aquecem meu coração depois do que aconteceu na noite passada. Continuem a postar esse amor para que ele supere todo o ódio que está por aí”.

Pois é… tanto ódio e barulho por nada. A Suécia ganhou do México, ontem, por 3×0, e se classificou em primeiro lugar no grupo, como o Brasil. Portanto, está nas oitavas de final e na disputa pela taça.

Agora, assista ao vídeo do pronunciamento da seleção sueca e de Drumaz com legendas em português, no final deste post. A tradução é de Deborah Leão para o site The Intercept Brasil.

Foto: Reprodução do vídeo

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.