Primeira filhote de papagaio-do-peito-roxo nascida em refúgio de proteção é solta no Parque Nacional das Araucárias

filhote de papagaio-do-peito-roxo

No passado, era comum avistar grupos de papagaios-de-peito-roxo sobrevoando as matas da região que hoje abriga o Parque Nacional das Araucárias, em Santa Catarina. Infelizmente, o desmatamento e o tráfico ilegal de animais silvestres fizeram com que houvesse uma redução do número de indivíduos da espécie na região.

Desde 2010, entretanto, o Instituto Espaço Silvestre, em Itajaí, iniciou um projeto de reintrodução do papagaio no parque, com o objetivo de aumentar a população da ave a longo prazo.

Papagaios-de-peito-roxo, capturados por órgãos ambientais, são entregues à equipe da entidade. Muitos deles eram animais de estimação e por isso, antes de serem soltos na natureza, precisam passar um processo de treinamento e reabilitação, que inclui, entre outras coisas, exames clínicos e laboratoriais e análise genética.

Antes da soltura no Parque Nacional das Araucárias, os animais são colocados em um viveiro no local. É somente após um período de ambientação que, gradualmente, as aves voltam definitivamente à floresta.

Mas recentemente, uma destas reintroduções foi particularmente especial. A nova habitante do parque é a primeira filhote de papagaio-da-cara-roxa nascida no Instituto Espaço Silvestre.

“Em 2016, um casal recém-chegado demonstrou comportamento reprodutivo e colocamos caixas-ninho no viveiro, com a intenção que aprendessem à reconhecê-las, uma vez que as mesmas são instaladas no local da soltura”, conta Vanessa Kanaan, diretora técnica do instituto. “Não imaginamos, todavia, que em pouquíssimo tempo teríamos a postura de três ovos. Destes, dois eclodiram e um filhote se desenvolveu normalmente. Esta foi a primeira postura e nascimento aqui”, comemora.

A eclosão do primeiro ovo

Ao longo dos meses seguintes, a equipe do instituto cuidou de perto da família. A filhote quebrou o fêmur durante o processo de saída do ninho e aprendizado de voo, mas após repouso, ao lado do pai e da mãe, conseguiu se recuperar totalmente.

A filhote de papagaio-de-peito-roxo

Em junho último, toda a família foi solta no Parque Nacional das Araucárias. “A filhote foi cuidada pela mãe por aproximadamente 1 mês e meio após a soltura e está enturmada com um bando de aproximadamente 10 a 12 papagaios”, relata a bióloga. “O pai se deslocou para uma área distante e acasalou com outra fêmea”. A mais recente novidade é que a filhote também já está de namoro com outro macho.

Antes da soltura, todos os animais recebem rádio-colares, microchips e anilhas, desta maneira, um trabalho de monitoramento mensal é realizado através de observações, escuta de vocalizações e rádio-telemetria.

Nestes últimos sete anos, 113 papagaios-da-cara-roxa já foram soltos no Parque das Araucárias: 13 em janeiro de 2011, 30 em setembro de 2012, 33 em junho de 2015, 7 em março de 2016 e 30 em junho de 2017.

Ave brasileira

O papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) é endêmico da Mata Atlântica, ou seja, ocorre somente neste bioma. Ele é encontrado do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul, mas também vive no sudeste do Paraguai e em Misiones, na Argentina. Geralmente está associado à Mata de Araucárias.

Com cerca de 35 cm de comprimento, a espécie é identificada pelas penas de coloração roxa no peito. Já na cabeça, dorso e cauda, elas são verdes e na nuca, há uma “gola” azul. Pode-se observar uma coloração vermelha nos extremos das asas e base do bico. Estima-se que este papagaio possa viver por até 30 anos.

A filhote aprendendo a se alimentar sozinha

O período de reprodução inicia-se em agosto e vai até janeiro. Os ninhos são construídos em ocos de árvores e os ovos são incubados por cerca de 25 dias. Normalmente, a postura é de dois a quatro ovos, chocados principalmente pela fêmea, que durante esse período é alimentada pelo macho. Os filhotes abandonam o ninho geralmente após dois meses e somente se separam dos pais quando começa um novo período de acasalamento, após seis ou oito meses.

Possui dieta variada, alimenta-se de sementes, frutas, flores e folhas.

Informações: Instituto Espaço Silvestre

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Fotos: divulgação Instituto Espaço Silvestre

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.