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Febre amarela mata todos os macacos bugios do Horto Florestal de São Paulo

Febre amarela mata todos os macacos bugios do Horto Florestal em São Paulo

Em outubro do ano passado foi encontrado morto o primeiro bugio no Parque do Horto Florestal, localizado na zona norte da capital paulista, ao pé da Serra da Cantareira, área com remanescentes da Mata Atlântica. A descoberta foi um alerta aos agentes de saúde sobre a presença do vírus da febre amarela silvestre na região.

Depois de confirmada a presença do vírus pelos técnicos do Instituto Adolfo Lutz, o Horto Florestal foi fechado à visitação pública.

Esta semana, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo confirmou que todas as famílias de macacos do Horto estão mortas. Nas últimas semanas, foram encontrados 67 bugios sem vida.

Todavia, a secretaria afirmou que “não é possível informar se todos os óbitos foram ocasionados por febre amarela, uma vez que não foi possível coletar amostras dos que estavam em avançado estado de decomposição”.

Em trabalho conjunto, técnicos do Instituto Florestal, da Fundação Florestal e do Departamento de Fauna da Secretaria do Meio Ambiente conseguiram examinar apenas 75% do material coletado.

O macaco não é o vilão

Assim como o homem, o bugio (Alouatta guariba) também é uma vítima da doença. No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos são os principais hospedeiros do vírus, mas os vetores, ou seja, aqueles que carregam o vírus e o transmitem, são os mosquitos.

Vale esclarecer que o ciclo urbano da febre amarela, que não ocorre no Brasil desde 1942, é transmitido por um mosquito diferente, o principal deles é o Aedes aegypti (entenda mais sobre contágio, sintomas e recomendações na entrevista com a infectologista Ana Marli Sartori).

O bugio é a espécie de primata não humano mais sensível à febre amarela, por isso é considerado pelos órgãos de saúde como o “sentinela para a doença”, observou a Secretaria do Meio Ambiente em seu comunicado à imprensa.

No ano passado, com medo de serem infectadas pelo surto de febre amarela que tomou parte da região sudeste do país, muitas pessoas – ignorantes, sem informação adequada -, acabaram matando os bugios, tão vítimas quanto nós. O fotógrafo Leonardo Merçon falou de maneira comovente sobre o assunto neste post, no blog Por Trás das Câmeras.

Os macacos contraem o vírus dos mosquitos, assim como os humanos. Para os macacos terem a doença, os mosquito já têm que estar contaminados para transmitirem. Levando a conclusão de que a ação de exterminar os primatas é não só um perigo ao equilíbrio ambiental das florestas, mas também inútil para o combate da febre amarela”, escreveu Merçon na época, o que continua sendo uma informação importantíssima nos dias de hoje.

Historicamente o Norte e o Centro-Oeste do Brasil sempre foram áreas endêmicas da febre amarela. Mas, nos últimos anos, ela tem se alastrado para outras regiões brasileiras, alcançando áreas da Mata Atlântica. Cada vez que aumenta o desmatamento, mais próximo das cidades os mosquitos transmissores da febre amarela silvestre ficam.

No mais atual relatório de monitoramento divulgado pelo Ministério da Saúde, foram confirmadas quatro mortes pela febre amarela.

Na última quarta (10/12), o Horto Florestal de São Paulo foi reaberto ao público. A recomendação, entretanto, é de que o parque seja utilizado apenas pela população vacinada contra a doença. No caso daqueles que não puderam ser imunizados (veja quem não pode tomar a vacina aqui), a Secretaria Estadual de Saúde adverte sobre a necessidade de uso de repelentes.

O que fazer se você encontrar um macaco doente ou morto?

A secretaria fez ainda uma série de recomendações para a população, caso se encontre um macaco doente ou morto:

– Não mexa e não transporte o animal, porque há risco de contaminação por outras doenças (não pelo vírus da febre amarela);

– Entre em contato imediatamente com a Vigilância Epidemiológica Municipal (consulte o site da Prefeitura do seu município) ou o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) 

No caso de encontrar um macaco vivo sadio:

– Não capture e não transporte;

– Não alimente;

– Não maltrate;

– Não mate.

É importante lembrar que agredir ou matar macacos é crime ambiental (Lei Federal nº 9.605/1998, artigo 29) e prejudica o trabalho de prevenção dos surtos de febre amarela.

Denuncie à Polícia Militar Ambiental SP, por meio de:

Leia também:
O silêncio dos bugios inocentes

Foto: Leonardo Merçon (foto feita em em Pedra Azul no Espírito Santo)

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