Família só come orgânicos durante duas semanas e resultados surpreendem

os cinco membros da família sueca que fizeram parte do experimento com orgânicos

O que realmente estamos ingerindo em nossas refeições todos os dias? Para responder esta questão, uma rede de supermercados da Suécia, o Coop, encomendou uma pesquisa ao Swedish Environmental Research Institute. Durante três semanas, uma típica família do país escandinavo concordou em participar do experimento.

Por causa dos preços mais altos dos orgânicos, os Palmbergs não consumiam estes tipos de alimentos. Então, na primeira semana, Mats (pai, 40 anos), Anette (mãe, 39), Vendela, Eveline e Charlie (os filhos, 12, 10 e 3 anos, respectivamente) continuaram sua dieta normalmente, mas fizeram diariamente exames de urina para checar o nível de substâncias químicas presentes em seus corpos.

Os pesquisadores encontraram resíduos de pesticidas, fungicidas, herbicidas e outros produtos utilizados para acelerar o crescimento de frutas e verduras. Dos 12 tipos de pesticidas procurados, foram detectados traços de oito deles na urina dos membros da família. Em duas das crianças, o nível médio de pesticida permitido na Suécia ultrapassava o limite em sete dos agrotóxicos, e nos pais e em um dos filhos, o limite se mostrou ultrapassado em cinco substâncias químicas.

O caçula Charlie apresentou os mais altos índices de concentração de um produto, o cloreto de clormequat, regulador químico de crescimento de plantas. De acordo com o Swedish Environmental Research Institute, a dieta do menino, baseada sobretudo em mingaus, pães e massas (que têm grãos como ingredientes principais), pode explicar este achado.

Com estes resultados em mãos, os responsáveis pelo estudo partiram para a segunda fase dele. Durante as duas semanas seguintes, os Palmbergs só comeram alimentos orgânicos – frutas, verduras, grãos, carnes, ovos, etc. Os produtos de limpeza da casa também foram trocados por orgânicos. A família já utilizava, entretanto, fórmulas ambientalmente seguras para xampus, condicionadores e hidratantes. Outra recomendação dos pesquisadores foi para que não fossem utilizadas roupas, lençóis ou toalhas novas.

Nos próximos 15 dias, pais e filhos continuaram realizando exames de urina diariamente. Ao final do experimento, os resultados da primeira e da última semana foram comparados. Os números são surpreendentes. Impressionam mesmo. Anette se disse chocada ao descobrir o que realmente seus filhos estão comendo.

A maioria das substâncias químicas simplesmente desapareceu. A redução mais expressiva aconteceu com as crianças. O pequeno Charlie foi o que revelou as maiores diferenças (confira abaixo os gráficos, em inglês, que mostram os exames da mãe e do filho mais novo). 

gráfico mostra a queda de pesticidas no corpo da mãe

 

gráfica mostra a queda dos níveis de pesticida na urina do filho

 

Desde 2008, o uso de pesticidas na produção de alimentos é regulamentado na União Europeia e deve seguir regras rígidas de controle. O mesmo ocorre para comidas importadas de outros países. Anualmente, a Agência Nacional de Alimentos da Suécia (SNFA, na sigla em inglês) realiza inspeções para checar se produtos que têm como base vegetais ou carne possuem vestígios de pesticidas.

A concentração de pesticidas encontrada na urina dos membros da família sueca não superam os limites estabelecidos pelas pesquisas como sendo aceitáveis para fazerem parte da dieta diária de um ser humano. Entretanto, o que ainda não se sabe, é qual será o efeito a longo prazo de uma pessoa ter a combinação de várias substâncias químicas em seu corpo.

O estudo prova que a ingestão de orgânicos diminui consideravelmente a nossa exposição a pesticidas e outros químicos através do que comemos. A escolha pelo plantio sem agrotóxicos e fertilizantes também protege a saúde de agricultores e animais que vivem em ambientes próximos, além de proteger recursos naturais como solo, rios e lagos.

O objetivo da cadeia sueca Coop é justamente estimular o consumo de orgânicos e a produção dos mesmos. A realização do experimento foi uma maneira de mostrar, na prática, o resultado desta mudança.

Veja abaixo o vídeo que mostra rapidamente a experiência pela qual os Palmbergs passaram:


Fotos: reprodução vídeo Coop 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.