Expedição Schumacher no Xingu: um passeio pelas tradições da Amazônia e os impactos de Belo Monte
Creio que é impossível voltar desta expedição do mesmo jeito que se foi. O convite da Escola Schumacher Brasil – que conta com a parceria do ISA (Instituto Socioambiental) e da Aymix (Associação Indígena Yudjá Mïratu) – propõe experimentar os paradoxos que convivem na Amazônia: de um lado, as comunidades ribeirinhas e a natureza em harmonia; do outro, a sanha do desenvolvimento representada pelo Complexo Hidrelétrico de Belo Monte que, de belo, não tem nada. “De um lado, a integralidade; de outro, a fragmentação. São realidades que coexistem”, explica Juliana Schneider, diretora e fundadora da instituição no Brasil e coordenadora do encontro que acontecerá de 20 a 25/10 e tem vagas limitadas.
Trata-se da primeira expedição deste gênero realizada pelo Schumacher. Durante quatro dias, os participantes serão conduzidos (a partir de Altamira (Pará) e por 100 km)por canoeiros das etnias Yudjá (conhecidos como Juruna) e Arara – que habitam a Volta Grande do Xingu – e navegarão pelas águas escuras do rio Xingu, não só para curtir a paisagem como, no final da tarde, nas prainhas à beira do rio e em volta da fogueira, ouvir relatos de índios e de ribeirinhos sobre suas histórias e os impactos de Belo Monte em suas vidas.
A interação com os moradores da região inclui vivências com as tradições locais, que incluem pinturas corporais e a culinária, além da pesca e de visitas à floresta para ver como se dá a prática do extrativismo responsável.
Ao observar mundos tão diversos, Juliana diz que a pergunta que vem à mente é: “Como podemos encontrar um chão comum que nos torne indígenas mais uma vez no planeta Terra, se estamos imersos em um dos grandes abusos da cultura indígena e da natureza econômica?”.
Ela conta que a organização dessa expedição se deve à procura de pessoas muito diversas que querem se reconectar com a Amazônia, que buscam uma conexão maior com a natureza e acreditam que a convivência com essa região, com base na pedagogia Schumacher, pode acelerar esse processo. “A convivência com os povos dessa região, para que possamos entender e refletir sobre os dilemas e desafios atuais, será muito valiosa”, acrescenta Juliana. “Nossa intenção é contribuir com as comunidades locais a partir de uma relação que envolve disponibilidade, escuta e respeito. E elas estão animadíssimas para receber nossa expedição”. Este programa foi desenvolvido pelo Schumacher com base na viagem – também de canoa – realizada pelo ISA na região.
O material de divulgação explicita que, como tudo que o Schumacher College faz, que este programa é ideal para pessoas inquietas e abertas a mudanças, que buscam novas formas de relação com o mundo, a natureza e os desafios da atualidade. Então, se você está assim, questionando seu papel (e o da sociedade) diante deste momento de transição, esta canoada é uma ótima oportunidade para refletir e transformar. Com um detalhe importante: como os participantes geralmente são convidados a remar junto com os remadores locais, é desejável ter bom condicionamento físico.
A equipe da expedição
Além de Juliana, que é mestre em ciências holísticas pelo Schumacher College na Inglaterra (onde residiu por três nãos), fazem parte da equipe de orientadores e facilitadores desta exepedição: Mari Del Mar Turato, que trabalha com desenvolvimento humano e educação e tem, entre seus clientes, a Fazenda da Toca; Lívia Burani, graduada em educação pela USP, com especialização em estética e fenomenologia da arte em Sevilla, é coordenadora da Escola Schumacher Brasil; e Claudia Mattos, chef de cozinha do Espaço Zym e terapeuta corporal desde 1999, é líder do Convívio Slow Food São Paulo e membro do programa internacional Transition Towns.
Membros da Aymix e do ISA também farão parte da equipe e a Escola Schumacher Brasil ainda convidou alguns profissionais que integram a “família Schumacher” como Jorge Hoezel, diretor da empresa Mercur (Santa Cruz do Sul/RS), Ricardo Young (empresário e político, ativista socioambiental e membro de movimentos de responsabilidade social empresarial) e Rita Mendonça (educadora e escritora que se dedica a conduzir e disseminar a aprendizagem de crianças e adultos com a natureza por meio de cursos, vivências, atendimentos individuais e workshops) e, aqui no Conexão Planeta, assim o blog Ser Criança é Natural, homônimo de seu projeto.
Como se inscrever
Ficou interessado? Para saber mais detalhes da expedição, entre no site da Escola Schumacher Brasil e baixe o formulário de inscrição, que deve ser enviado para o email livia@escolaschumacherbrasil.com.br
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Blog Reconexão Amazônia
Foto: Divulgação
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.
Deve realmente ser uma experiência fantástica! Ações dessa natureza proporcionam uma conscientização ainda maior da importância dos Povos Indígenas e Ribeirinhos para a saúde do Planeta! Bacana a divulgação! Grande abraço!