Estudo mostra que chá verde e cacau protegem contra complicações do diabetes

cacau e chá verde protegem contra complicações do diabetes

Os efeitos benéficos do chá verde e do cacau, como antioxidantes e anti-inflamatórios, já têm sido bastante difundidos. Mas agora surge uma novidade. Tanto o fruto produtor do chocolate como o chá podem atuar também como coadjuvantes na prevenção ou no tratamento de complicações renais ou da retina decorrentes do diabetes. A conclusão é do estudo Efeitos do chá verde (Camellia sinensis), do cacau e de um doador de óxido nítrico na nefropatia e retinopatia diabética: papel da redução do estresse oxidativo e da inflamação e do aumento do óxido nítrico, apoiado pela FAPESP.

“Partimos da hipótese de que esses produtos poderiam ser benéficos por reduzir o estresse oxidativo e a inflamação e aumentar a taxa de óxido nítrico (NO), que é um vasodilatador cuja presença se encontra diminuída no quadro diabético. Então, estudamos separadamente os efeitos do chá verde, do cacau e de um doador de óxido nítrico. E constatamos benefícios reais tanto do chá verde quanto do cacau. A pesquisa já gerou 10 artigos científicos em revistas especializadas”, disse Jose Butori Lopes de Faria, professor titular de Nefrologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do projeto à Agência FAPESP.

Os estudos relativos à retina foram coordenados pela oftalmologista e pesquisadora da Unicamp Jacqueline Mendonça Lopes de Faria.

A pesquisa utilizou modelos experimentais (camundongos e ratos) com diabetes induzido. E também culturas de células (de camundongos e humanas) expostas a alta concentração de glicose para mimetizar o diabetes. Foram descritos diversos mecanismos de lesão dos rins ou das retinas e a reversão do quadro por meio do chá verde ou do cacau.

“Além de seu conhecido efeito antioxidante e anti-inflamatório, demonstramos, de forma rigorosa, que o chá verde faz diminuir a morte programada (apoptose) dos podócitos, as células que formam a barreira que restringe a passagem de proteínas do sangue para a urina. A passagem de albumina para a urina é a principal alteração renal do indivíduo diabético”, informou o pesquisador.

Os efeitos benéficos tanto do chá verde quanto do cacau são atribuídos à presença de polifenóis: no caso do chá verde, à epigalocatequina-galato, e, no caso do cacau, à epicatequina. Em colaboração com o químico Marcelo Ganzarolli de Oliveira, professor titular do Departamento de Físico-Química do Instituto de Química da Unicamp, os pesquisadores fizeram a caracterização química dos produtos, confirmando a presença das referidas substâncias por meio de cromatografia de alta pressão e espectrometria de massa.

Mas o surpreendente foi que o cacau atuou de forma positiva mesmo quando eliminado o polifenol. “Para investigar o efeito da epicatequina, utilizamos dois tipos de cacau. Um, rico na substância; outro, do qual a substância tinha sido retirada. E, a despeito do que supúnhamos, também este último apresentou efeito protetor contra as complicações associadas ao diabetes. Isso jamais havia sido descrito pela literatura especializada. Então, escrevemos um trabalho afirmando que a teobromina, que é uma metil-xantina, talvez fosse responsável pelo efeito. Posteriormente, foram publicados outros estudos corroborando nossa opinião”, afirmou Lopes de Faria.

Já existe uma expressiva literatura científica sobre os efeitos benéficos do chá verde e do cacau. Segundo o pesquisador, dois estudos recentes precisam ser citados. O primeiro é uma meta-análise, publicada no British Journal of Nutrition, cobrindo uma amostragem com centenas de milhares de indivíduos e mostrando que o consumo de chá verde apresenta proteção em relação a múltiplas causas de mortalidade e doença cardiovascular.

O outro é um artigo, publicado no The Journal of the American Medical Association (JAMA), demonstrando que mesmo o consumo diário de apenas um quadradinho de chocolate com alta concentração de cacau já produz uma redução significativa na pressão arterial sistólica.

*Texto publicado originalmente por José Tadeu Arantes no site da Agência Fapesp de Notícias

Foto: Rajesh_India/Creative Commons/Flickr

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