Estudantes do Mato Grosso criam fralda biodegradável com amido de mandioca

Estudantes do Mato Grosso criam fralda biodegradável com amido de mandioca

Assim como outras invenções da vida moderna, a fralda descartável foi rapidamente incorporada ao dia a dia das famílias. Prática e com um preço razoavelmente acessível, ela tomou o lugar das antigas fraldas de pano, que precisavam ser lavadas após cada uso. Agora, basta jogar no lixo!

Ótimo, não? Mas você já parou para pensar em quantas fraldas descartáveis são descartadas no mundo por ano? Milhões! Só para se ter uma rápida ideia, um bebê recém-nascido tem trocadas, em média, oito fraldas por dia. Por mês, este número vai chegar a 240. Um único nenê…

E o mercado das fraldas não engloba somente o universo infantil. Atualmente elas são utilizadas também por idosos ou pessoas que perderam a capacidade de controlar a bexiga.

Infelizmente, esse não é um produto que possa ser reciclado. Assim como outros resíduos, fraldas são encaminhadas para lixões e aterros sanitários, onde levam muito tempo para se decompor.

Pois alunos do ensino médio dos cursos técnicos de Meio Ambiente, Comérico e Agropecuária do Instituto Federal do Mato Grosso, no município de Juína (a quase 800 km de Cuiabá), foram desafiados a idealizar um novo produto para substituir as fraldas descartáveis. “Nosso projeto surgiu na Maratona de Células Empreendedoras 2017, quando nos foi proposto o desafio de achar uma solução para um problema de alto impacto na sociedade”, contou ao Conexão Planeta Mariana Nunes, uma dos cinco estudantes participantes do projeto, Os jovens têm entre 15 e 16 anos.

O “problema” escolhido foi proposto pelo professor e coordenador do trabalho, Aluizio Farias, que possui um pai com a doença de Alzheimer e por isso, precisa fazer uso de fraldas descartáveis. O educador sempre ficou incomodado com o impacto do descarte das mesmas.

“A manta absorvente, o hidrogel e o algodão da fralda se decompõem facilmente no meio ambiente, mas não o plástico, que é o grande vilão, proveniente do petróleo”, explica Mariana.

Os alunos decidiram então criar uma fralda biodegradável. No lugar do plástico, desenvolveram um bioplástico produzido a partir do amido de mandioca. Durante quatro meses, os jovens realizaram várias pesquisas para descobrir qual seria a melhor matéria-prima para sua fabricação e a viabilidade do negócio. “Escolhemos a mandioca porque na nossa região há muita produção da planta, tanto feita pelas comunidades indígenas, como pela agricultura familiar”, diz a estudante.

Testes com fralda feita com bioplástico a base de amido de mandioca

De acordo com os alunos, a fralda feita com amido de mandioca se decompõe no meio ambiente após seis meses. Pelos cálculos feito pelo grupo, o custo unitário do produto será de 1,40 real. “Mas fizemos uma projeção de que, com a produção em larga escala, daqui a cinco anos este valor cai para 1,20 real”.

A fralda biodegradável desenvolvida pelos jovens matogrossenses conquistou o 2o lugar na Maratona de Células Empreendedoras do Mato Grosso no ano passado.

Os jovens empreendedores sendo premiados em 2017

ToperBio é o nome da startup que cuidará dos futuros negócios. Os estudantes já entraram com processo de patente para seu produto e receberam uma proposta de investimento externo, além do contato de uma empresa que se interessou pelo projeto e deseja propor uma parceria.

Muito sucesso para eles! Jovens empreendedores e engajados, que com uma ideia simples, podem ajudar a diminuir a poluição ambiental!

Leia também:
Tijolo à base de mandioca é triplamente ecológico
Bactéria e mandioca são pura limpeza

 

Fotos: domínio público/pixabay e reprodução Facebook Toperbio

2 comentários em “Estudantes do Mato Grosso criam fralda biodegradável com amido de mandioca

  • 21 de abril de 2018 em 2:22 PM
    Permalink

    Fico feliz com a notícia, afinal as fraldas descartáveis atualmente comercializadas representam, na sua esmagadora maioria, uma grande ameaça ao meio ambiente.

    Resposta
  • 3 de maio de 2018 em 7:40 PM
    Permalink

    Todas as embalagens, inclusive as de embrulhar o bumbum do nenê, deveriam ser biodegradáveis, essa lição de casa deveria ter sido feita ontem, mas como dormiram no ponto, o plástico foi parar na barriga das baleias e das tartarugas e estamos bebendo o micro plástico nas garrafinhas de plástico que por sua vez, vão virar microplástico já, já e se os bebês das fraldas de amido de mandioca conseguirem crescer com saúde, tomara não se esqueçam de salvar o Planeta, se ainda der tempo e se ainda houver Planeta para ser salvo.
    https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/microplasticos-contaminam-agua-da-torneira-mundo-afora.ghtml

    Resposta

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.