Estudante que criou canudo biodegradável e comestível com inhame é convidada a representar Brasil em feira internacional de Ciências

Estudante que criou canudo biodegradável e comestível com inhame é convidada a representar Brasil em feira internacional de Ciências

Ele virou um dos principais inimigos do meio ambiente: o canudo plástico. Só nos Estados Unidos, são usados 500 milhões dele por dia e no Reino Unido, mais 100 milhões. E assim como outros resíduos, ele acaba no mar, engolido por animais, que morrem sufocados.

Feito geralmente de poliestireno ou polipropileno, o canudinho pode ser reciclado, mas como é muito pequeno e leve, assim como tampas de garrafa, frequentemente é jogado no lixo. Sua vida útil é estimada em 4 minutos. Isso mesmo, 4 minutos! E ele leva aproximadamente 400 anos para se decompor na natureza.

Um movimento mundial está dando um basta nisso e cidades ao redor do planeta decidiram banir os canudos de vez. No Brasil, o Rio de Janeiro foi o pioneiro. A capital fluminense proibiu seu uso e já há projetos semelhantes aprovados em outras 16 cidades brasileiras e no estado do Rio Grande do Norte, fora as discussões ainda em andamento em Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas.

O tema, que ganhou grande repercussão na mídia, não passou despercebido dos alunos da Colégio Estadual Culto à Ciência*, em Campinas (SP), mais especialmente, da aluna do 2º ano do Ensino Médio, Maria Terossi Pennachin, de 16 anos, que decidiu desenvolver um biocanudo.

“A ideia surgiu a partir de toda a aparição nas mídias sobre os males do canudinho plástico, o que me fez refletir que as pequenas ações, tão pequenas quanto um canudinho, que devem ser repensadas para que vivamos em um mundo melhor. Afinal, o planeta clama por alternativas e o mercado, diante de toda proibição de canudos plásticos, também”, contou Maria, ao Conexão Planeta. “Claro que esse despertar pelo assunto veio carregado também de uma paixão enorme que sempre tive pela Ciência e pelo meio ambiente”.

O BioCanudo criado pela estudante paulista é feito a partir do inhame. “Sempre comemos inhame em casa porque gostamos e ele é muito saudável. Mas me chamou a atenção o fato dele soltar uma baba, aí decidi introduzi-lo nos testes e obtive resultados satisfatórios”, revela.

O canudo, que ainda está em fase de aperfeiçoamento, é biodegradável, maleável e… comestível! “O sabor do biocanudo pode ser de uva, morango, limão…”, explica Maria.

Comestível, o biocanudo pode ter diversos sabores

Atualmente, a jovem participa de uma parceria com o Instituto de Química da Unicamp para fazer testes mais detalhados na área de plásticos. Além disso, pretende desenvolver uma versão vegana do canudo, que não leve gelatina em sua composição.

O projeto do BioCanudo ganhou o 1o lugar, na categoria Meio Ambiente, na Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia, em Recife. O evento tem como objetivo incentivar a pesquisa científica na escola e abrir as portas para a participação em encontros internacionais. Exatamente o que aconteceu com Maria: ela foi convidada a representar o Brasil na Expo Science International, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, em setembro deste ano.


Maria, durante a premiação de seu projeto em Recife

Para poder viajar e realizar esse sonho, a estudante precisa de ajuda financeira para pagar a passagem e a inscrição. Sua escola começou então uma campanha de crowdfunding no site Vakinha para arrecadar R$ 40 mil para viabilizar sua viagem e a de outro colega, que também deve apresentar seu trabalho de iniciação científica no exterior.

Até o momento, a campanha só recebeu 6% do valor necessário.

“A viagem é muito importante para dar visibilidade para as mulheres na Ciência e ainda mais, jovens cientistas de escolas públicas”, acredita.

Então, vamos ajudar Maria a expor seu trabalho em Abu Dhabi? Ajude, contribua!

*A Escola Pública Culto à Ciência é uma das mais antigas do Brasil. Foi fundada em 1874 e teve entre seus alunos mais ilustres Alberto Santos Dumont.

Leia também:
Coca-Cola junta em comercial animais em risco de extinção, garrafas e canudos plásticos, no Ártico
Starbucks deixará de usar canudos plásticos em todas suas lojas até 2020
McDonalds vai substituir canudo plástico por de papel no Reino Unido e Irlanda
Canudos plásticos e copos e embalagens de isopor serão banidos de Vancouver em 2019
De metal ou de vidro, canudo bom é reutilizável!
Cotonetes e canudos devem ser banidos da Inglaterra em 2019
Canudo comestível e biodegradável é alternativa ao plástico 

Fotos: arquivo pessoal e reprodução vídeo EPTV

2 comentários em “Estudante que criou canudo biodegradável e comestível com inhame é convidada a representar Brasil em feira internacional de Ciências

  • 14 de janeiro de 2019 em 11:06 AM
    Permalink

    É com jovens conscientes do seu papel na sociedade que podemos construir um país que valorize seus cidadães!! Mas é preciso precionar o governo para termos uma educação de qualidade, professores com salários justos, com crianças na escola e menos desigualdade social!! Essa jovem é um talento, parabéns fez a diferença numa sociedade que pensa em implantar um currículo escolar onde a criança não possa ser crítica, ou que não faça perguntas! Por mais sociologia, filosofia, história na escola, conhecendo o passado para pensar um futuro sem os mesmos erros.

    Resposta
  • 4 de março de 2019 em 12:55 PM
    Permalink

    Parabéns! Que Deus dê consciência para todos nós, para deixarmos de usar canudo de plástico,e tantas outras coisas que prejudique o nosso planeta, e que tbm tenhamos consciência de ajuda as pessoas que como essa moça que está desenvolvendo um projeto de tanta importância.

    Resposta

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.