Energia solar torna-se a fonte renovável mais barata em 58 países, entre eles, o Brasil

Energia solar torna-se a fonte renovável mais barata em 58 países, entre eles, o Brasil

Ao encerrar 2016, a consultoria Bloomberg New Energy Finance fez um balanço do custo das fontes de energia renováveis em todo mundo e o resultado foi surpreendente: pela primeira vez na história, a energia solar se torna a fonte renovável mais barata, superando a eólica, produzida pelo vento. E o melhor ainda é que, os investimentos feitos na geração de energia a partir do sol não contam com subsídios governamentais, ou seja, esta é uma forma de energia que comprovadamente se mostra eficiente, viável e lucrativa.

De acordo com o relatório Climatescope, elaborado pela consultoria americana, o preço da energia solar, em projetos de larga escala, em diversos países, já é mais competitivo inclusive do que seus concorrentes (sujos e poluidores) carvão e gás natural. Vale ressaltar, entretanto, que em alguns lugares, como os Estados Unidos e outros países do Hemisfério Norte, a energia eólica ainda é mais barata que a solar, porque há menos incidência do sol.

A pesquisa analisou o custo das fontes renováveis em 58 países emergentes, localizados na América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia. O objetivo do estudo é estimular empresas interessadas em financiar projetos de tecnologia limpa nestas regiões.

A cada ano, os investimentos em fontes sustentáveis aumentam, tanto nos países desenvolvidos, como nos mercados emergentes, mas claramente, sugere o Climatescope, o “centro do universo das energias limpas” mudou do Hemisfério Norte para o Sul.

Em 2015, o segmento movimentou 154 bilhões de dólares nas 58 nações pesquisadas (contra 153 bilhões de dólares nos países ricos da OECD), gerando uma capacidade de produção de 70 GW de energia. A China aparece como o local onde foram feitos os mais altos investimentos em energia solar. Tanto no gigante asiático, como na Índia e Brasil, quase que a totalidade dos recursos aplicados vêm de empresas nacionais e não estrangeiras (veja gráfico logo abaixo).

Nos países emergentes, a construção de plantas solares cresceu 43% entre 2014 e 2015. Hoje este tipo de fonte já representa metade do que é investido em alternativas limpas para a produção de eletricidade. Este crescimento se deve, sobretudo, à redução de custo dos painéis solares e desenvolvimento de novas tecnologias mais acessíveis.

Outra questão importante apontada pelo relatório é sobre o papel fundamental que o Acordo de Paris, assinado pelos países membros da ONU durante a COP21, na França, teve sobre o comprometimento dos mesmos em buscar fontes mais limpas de energia. De cada cinco nações, quatro têm metas nacionais de eficiência energética e três em cada quatro de redução de emissão de CO2 (gás carbônico, principal responsável pelo aquecimento global).

Entretanto, o estudo da Bloomberg New Energy Finance alerta que alguns emergentes agora enfrentam dificuldade para integrar a produção solar à atual rede de distribuição local existente. Ou então, que as companhias controladoras do grid priorizam a energia gerada por combustíveis fósseis àquelas mais limpas e sustentáveis.

O mercado de energias renováveis no Brasil

Apesar de ter a maior demanda energética da América Latina, ainda hoje, as fontes renováveis (solar, eólica e biomassa) representam somente 18% da geração total de eletricidade no Brasil. Todavia, entre 2011 e 2015, houve um investimento de 61,4 bilhões de dólares no setor. O país está entre os 10 maiores do mundo neste segmento.

A geração de eletricidade a partir de turbinas eólicas explodiu na última década e tem seu custo atualmente equiparado ao daquela produzida com combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). O país ainda é o segundo maior produtor global de etanol, apesar do pouco investimento e incentivos feitos pelo governo neste combustível alternativo nos últimos anos.

O relatório da Climatescope afirma que a crise econômica (e política) pela qual o Brasil passa começa a impactar o mercado de renováveis. Além disso, os especialistas comentam sobre a grave crise hídrica que o país sofreu em 2015, quando reservatórios ficaram praticamente secos e a produção energética do país, concentrada nas hidrelétricas, esteve ameaçada.

O episódio foi um claro alerta ao governo para que se repense a forma de geração de eletricidade aqui. É preciso investir em produção diversificada e não contar somente com um tipo de fonte para atender a demanda dos mais de 200 milhões de brasileiros, especialmente quando se sabe que cada vez mais, o planeta enfrentará ondas de calor extremo, devido aos efeitos do aquecimento global, e haverá escassez de água na Terra.

 

Foto: Sandia Labs/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.