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Emocionante marcha contra armas nos EUA reúne 800 mil em Washington e mobiliza outras cidades pelo mundo


No último sábado, 24/3, a Avenida Pensilvânia, na capital americana, Washington, DC, foi tomada por cerca de 800 mil pessoas, em uma manifestação emocionante pelo controle de armas e contra os tiroteios em massa.

Convocado nas redes sociais por jovens sobreviventes ao ataque a tiros numa escola de ensino médio em Parkland, na Flórida, a Marjory Stoneman Douglas (quando morreram 17 pessoas: 14 estudantes e três professores), o movimento, que ganhou o nome de Marcha por Nossas Vidas (March for Our Lives), recebeu rapidamente a adesão de mais de 800 cidades americanas, além de outras, pelo mundo, como Tóquio, Londres, Paris, Sidney e Berlim. É, agora, um marco importante nessa luta nos EUA, onde o porte de armas é protegido pela Constituição.

O objetivo do movimento é ajudar a conscientizar os americanos (principalmente os jovens) da gravidade dessa lei e dos fatos – desde 1999, mais de 200 estudantes já foram mortos em ataques a tiros!! -, pedir o banimento dos fuzis automáticos tipo AR-15 e a checagem de informações de antecedentes criminais em todas as compras de armas (também em sites e feiras de usados) e também aproveitar que este é um ano de eleições: em novembro, os americanos elegem novos representantes para o Congresso e as assembleias estaduais.

Os jovens que lideraram o ato criticaram diretamente os políticos que se negam a falar sobre o controle de armas porque são financiados pelo maior lobby a seu favor, a NRA – National Rifle Association (Associação Nacional do Rifle) que, na semana passada, fez promoção de assinaturas da entidade (teve fila, pasme!!!) para combater o movimento dos jovens. “Vote para tirá-los” virou bordão nos discursos em Washington que ainda cutucaram os políticos: “Preparem seus currículos!”.

Quem falou para mais de 800 mil pessoas nas ruas da capital americana foram meninos e meninas entre 9 e 18 anos. Entre eles, Emma Gonzalez, de 18, que virou símbolo do movimento e que, dias antes havia declarado: “Não tenho escolha a não ser defender o controle de armas”.

Ela pediu 6 minutos e 20 segundos de silêncio – o tempo que durou o ataque em sua escola na Flórida, do qual sobreviveu. Uma eternidade para quem estava nessa escola, em fevereiro. Uma oportunidade para quem estava no ato. Li que, na multidão, era possível ouvir a respiração e sentir a emoção de quem estava ao lado. Imaginou?

Tomara que a Marcha por Nossas Vidas ganhe cada vez mais o mundo, criando novas oportunidades de diálogo e ajudando a atualizar leis que tirem o poder “dos homens das armas”, seja lá qual for o mal que elas promovam: ataques isolados de psicopatas ou guerras. No protesto em Washington, por exemplo, a violência urbana contra negros , hispânicos e mulheres, em cidades como Nova York, Los Angeles e Chicago, e que é constantemente ignorada pela mídia, também foi contada por uma garota de 11 anos (veja o tweet, abaixo).

Não foi à toa que, alguns dos presentes, compararam a Marcha ao movimento pelos direitos civis, principalmente nas décadas de 50 e 60, que tiveram Malcolm X (sanguíneo) e Martin Luther King (pacifista) como líderes. King foi lembrado em algumas falas. Por motivos óbvios, a principal e mais emocionante foi a de sua neta, Yolanda Renne King, de 9 anos. “Meu avô tinha o sonho de que seus quatro filhos pequenos não seriam julgados pela cor de suas peles, mas por seu caráter. Eu tenho um sonho: basta é basta! Este tem que ser um mundo sem armas. Ponto final” (saiba mais em “Eu sonho com um mundo sem armas”).

Organizações como a EveryTown for Gun Safety, fundada por Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, e Giffords Courage, criada pela ex-senadora Gabrielle Giffords, que quase morreu em 2011 vítima de um ataque a tiros no Arizona, deram apoio logístico ao grupo. Pelas redes sociais, o movimento ainda realizou campanha para arrecadar fundos para pagar os custos com divulgação, dar suporte a outras manifestações pelo país e também apoio às famílias das vítimas dos atentados. Até o final da tarde de sábado, as doações ultrapassavam US$ 5,5 milhões.

No meio da multidão, foram inúmeras as celebridades e pessoas públicas presente, entre elas o músico inglês Paul McCartney, que lembrou a morte de John Lennon, assassinado em 1980 com uma arma de fogo.

Claro que o presidente Trump não deu atenção para o ato em Washington. Enquanto os jovens reuniam quase 1 milhão de pessoas para protestar contra as armas, ele jogava golfe na Flórida, coincidentemente o estado onde aconteceu a última chacina, da qual Emma sobreviveu.

Mas a Casa Branca divulgou nota burocrática em que aplaudiu a coragem dos jovens, ao “exercitarem seu direito à liberdade de expressão” e informou que é prioridade do governo “manter as crianças seguras”, por meio de “propostas como o fim dos ‘bumpstocks’ (que aceleram o disparo de tiros em armas comuns) e a melhoria do sistema de denúncias anônimas e de segurança nas escolas”.

É bom lembrar que, logo após a chacina na escola da Flórida, Trump propôs a implantação de um programa de treinamento militar para professores, obviamente com armas de fogo. Depois voltou atrás e disse que seria apenas para aqueles que têm habilidade com armas.

A presença de ‘conservadores’ durante a manifestação – como participantes de grupos contra o aborto e a favor do porte de armas – foi inevitável, mas eles não eram muitos (talvez dez…) e foram convidados a se retirar, pela polícia, a tempo de evitar qualquer tipo de confronto.

Agora, assista ao vídeo editado pelos organizadores da Marcha por Nossas Vidas, que mostra alguns dos melhores e mais emocionantes momentos desse encontro inesquecível. Em seguida, o lindo discurso de Emma:

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