Em Paris, faixas pintadas em homenagem à Parada LGBT tornam-se permanentes depois de vandalismo

Para celebrar o Orgulho LGBT e sua famosa Parada no mês de junho, o bairro do Marais, no centro de Paris recebeu as cores do arco-írissímbolo do movimento – em suas ruas, de um jeito diferente.

A prefeitura pintou faixas coloridas dos dois lados das faixas de pedestres. A escolha não foi à toa: esse bairro concentra a maior parte das boates e bares gays da cidade, desde a década de 80.

Ficou lindo, mas não demorou muito para provocar reações homofóbicas: as faixas multicoloridas foram pichadas com tinta branca acompanhada da frase LGBT fora da França.

A prefeitura tratou de limpar a intervenção e, logo em seguida, mais pichações e mais ataques: Ditadura LGBT e Hidalgo, sai daqui!. E a reação da população contra o vandalismo também foi imediata nas redes sociais, o que levou a prefeita Anne Hidalgo a alterar seu projeto inicial para essa celebração.

Assim, o que era para ser efêmero, tornou-se permanente. Hidalgo decidiu manter nas ruas, por tempo indeterminado, o colorido que representa o movimento LGBT no mundo.

“A luta por igualdade de direitos e contra as discriminações acontece durante a temporada do Orgulho LGBT, mas também durante o resto do ano˜, disse. “Além das várias ações que conduzimos com as associações, decidi tomar uma decisão simbólica: vamos perpetuar as faixas de pedestre arco-íris do Marais, como uma mensagem de boas-vindas”.

Recentemente, a capital francesa recebeu o título de cidade mais gay friendly do mundo. , o que, com certeza, colabora para sua imagem para o turismo. Além disso, Anne Hidalgo entregou o prêmio Paris Prize for LGBT Rightsa associações e militantes da causa e está marcada para 4 a 12 de agosto o Gay Games, uma espécie de olímpiadas LGBT.

Mas a questão é que os casos de homofobia continuam aumentando no país. Pesquisa do IFOP – Instituto de Estudos de Opinião e Marketing revela que 53% dos homossexuais, bissexuais ou transgêneros  (994 entrevistados) já foram vitimas de agressão na França: 28% foram vítimas de insulto e 24% sofreram abusos diversos como ameaças (18%) e estupro (11%).

Segundo a ONG SOS Homofobia, em 2016, foram 4, 8% a mais de denúncias sobre agressões (1.650. O pior ano foi 2013, com 3.517 denuncias. Coincidência ou não, foi nesse ano que Paris aprovou a adoção da lei do casamento entre parceiros do mesmo sexo.

Fotos: Divulgação Prefeitura de Paris

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.