Elétrico, autônomo, conectado e compartilhado

carro elétrico da Tesla

Fábrica de automóveis não parece combinar muito com o Vale do Silício, mas é lá que o futuro da indústria automobilística e de nosso modo de ir e vir está sendo moldado. Em resumo, o transporte, especialmente no meio urbano, terá quarto características marcantes: elétrico, autônomo, conectado e compartilhado.

Os primeiros veículos automotores fabricados ainda no século XIX eram elétricos, mas logo foram substituídos pelos motores a combustão. Embora nunca tenha desaparecido completamente, os veículos elétricos voltaram a ser desenvolvidos a partir dos anos 80, mas carregavam a pecha de serem pesados, lentos, com baixa autonomia, lentos para carregar, e além de tudo, com design sofrível.

Mas o desenvolvimento destes veículos nos últimos anos transformou os patinhos feios em verdadeiros cisnes negros. Quando lançou o seu primeiro veículo com produção em série, a Tesla, jovem empresa sediada em Palo Alto, a poucos quilômetros dos gigantes da tecnologia e internet, transformou o conceito que se tinha sobre o carro elétrico: um Sedam 100% elétrico, que acelera de 0-100 km/h em em menos de 4s, autonomia de 400 km, uma rede de carregadores rápidos capaz de gerar uma autonomia de 80km em 5 minutos, um design super arrojado, espaço interno 50% maior que qualquer carro da mesma categoria, além de ser o primeiro veículo a atingir nota máxima em todos os testes de segurança. Em resumo, foi chamado por publicações especializadas como o melhor carro já produzido em todos os tempos.

Em 2012, ano de lançamento do Modelo S, primeiro a ser primeiro modelo da Tesla em escala, foram vendidos no mundo pouco menos de 200 mil veículos elétricos ou híbridos (somando todas as marcas). Em 2015, foram vendidos 540 mil e a projeção para 2016 é alcançar quase 1 milhão de veículos vendidos, o que equivale a pouco mais de 1% das vendas anuais. Na China, já existem mais de 100 fábricas de carros elétricos e até 2020, estima-se que o país poderá alcançar 5% da frota rodando em carros elétricos.

Todos os carros da Tesla são conectados permanente na internet. Recebem atualizações de software e sistema operacional (que já esta na sua 7a versão) e diagnósticos remotos para manutenção. Com isso a empresa tem completo domínio sobre o comportamento dos carros, o que ajuda a identificar os pontos críticos a serem aprimorados ou reinventados. Foi assim que descobriram que mais de 99% das viagens do veículos da TESLA são realizadas com cargas de bateria realizadas à noite em casa, ou seja, a demanda por infraestrutura de carregamento é muito mais especifica e estratégica como nas estradas.

O desenvolvimento de direção autônoma (conduz o carro sem a necessidade de um motorista ou com muito pouca interferência deste) está atingindo o ponto de produto comercial em 2016. De fato, a última atualização de software da Tesla já disponibilizou vários atributos de direção autônoma para os veículos da empresa. Em menos de 10 anos, os veículos  direção autônoma serão tão comuns como hoje é o chamado “piloto automático”, que limita-se a manter o carro em uma velocidade pré-determinada.

Num futuro não muito distante, você poderá escolher um veículo para utilizar num final de semana e ele virá sozinho se apresentar para te atender no período solicitado. Quando terminar de utilizar (dirigindo ou não), bastará deixá-lo em qualquer ponto, que ele cuidará de retornar para a base dele ou dirigir-se para outro “compromisso”. Serão veículos compartilhados.

Os veículos de passageiros são apenas o começo, o mesmo processo deverá acontecer com o transporte coletivo e o transporte de cargas leves e encomendas.

Pode parecer ficção científica, mas está acontecendo agora. E isso é bom para o planeta e para todos nós. Antes do Iphone 10, ainda veremos a explosão dos veículos elétricos, conectados, autônomos e compartilhado.

*Texto publicado originalmente na edição de abril da Revista Época

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Foto: divulgação Tesla

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Tasso Azevedo

Engenheiro florestal, consultor e empreendedor social em sustentabilidade, floresta e clima. Coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima e colunista de O Globo e revista Época Negócios. Foi diretor geral do Serviço Florestal Brasil, diretor executivo do Imaflora e curador do Blog do Clima