É época de reprodução das tartarugas marinhas: ajude a protegê-las!

É época de desova das tartarugas marinhas: ajude a protegê-las!

Entre setembro e março, por toda a costa brasileira, acontece o período de desova e nascimento das tartarugas marinhas. Nesta época, a mais quente do ano, milhares de animais voltam às mesmas praias onde nasceram anos atrás para se reproduzir.

Durante a primavera, do norte do Rio de Janeiro ao norte do Rio Grande do Norte, as fêmeas fazem de duas até nove desovas cada, dependendo da espéciea que pertencem.

No Brasil, há 35 anos o Projeto Tamar trabalha pela proteção e conservação das tartarugas marinhas. E é justamente no período da desova em que as equipes têm maior trabalho. Diariamente elas fazem o monitoramento dos ninhos. “Graças ao trabalho de sensibilização, educação ambiental e de inclusão social junto às comunidades locais e turistas, hoje, 99% dos ninhos permanecem em seu local original”, afirma a oceanógrafa Neca Marcovaldi,  coordenadora de conservação e pesquisa do Tamar.

Grupo de filhotes rumo ao mar

Ao nascerem, logo após a eclosão do ovo, os filhotes de tartarugas marinhas rumam imediatamente para a água. Em alto-mar, alimentam-se de algas (principalmente sargaços) e matéria orgânica flutuante. Durante os próximos anos de sua vida, estes animais migram pelo oceano.

O tempo para alcançar a maturidade varia de espécie para espécie. A grande maioria delas só se torna adulta entre os 20 e 30 anos. Mas a tartaruga oliva, por exemplo, só precisa de 11 a 16 anos.

O acasalamento ocorre em águas profundas ou costeiras, normalmente próximas às áreas de desova. A fêmea pode ser fecundada por vários machos, menores (em tamanho) que elas.

O anoitecer, quando a areia não está tão quente, é o horário escolhido pelas tartarugas marinhas para a desova. Com as nadadeiras, elas constróem as chamadas “camas” e posteriormente, o buraco para os ovos. Os ninhos têm em média 120 ovos.

O período de incubação é de 45 a 60 dias, dependendo do calor do sol. Frequentemente, os ovos eclodem à noite, o que faz com os filhotes tenham mais chance de chegar seguros à água. Entre seus principais predadores estão siris, aves marinhas, polvos e principalmente, peixes.

Estima-se que, de cada mil filhotes, apenas um ou dois atingem a idade adulta

Um dos fatos mais interessantes da reprodução das tartarugas marinhas é como o sexo do filhote é definido. É a temperatura da areia que vai estabelecer se nascerá um filhotinho ou uma filhotinha. Temperaturas altas (acima de 30 ºC) produzem mais fêmeas e mais baixas (abaixo de 29 ºC) machos.

Aumenta proteção às tartaguras marinhas no Brasil

Tartarugas marinhas são animais que podem viver mais de 100 anos. No mundo todo, até hoje, são conhecidas sete espécies. Cinco delas são encontradas na costa brasileira: Cabeçuda ou Mestiça, Verde ou Aruanã, de Pente ou Legítima (a mais ameaçada), Couro ou Gigante (a maior de todas as espécies) e Oliva.

No começo de novembro, o governo reforçou algumas medidas para diminuir o número de mortes de tartarugas no país. A mortandade acontece, sobretudo, por causa da captura incidental, ou seja, barcos pesqueiros que pegam tartarugas em suas redes. Na maioria das vezes, elas acabam morrendo.

Segundo portaria do Diário Oficial da União, torna-se obrigatória a utilização de anzóis circulares por embarcações nacionais e estrangeiras arrendadas. O anzol circular se caractetriza por ter a ponta farpada voltada para dentro e além de diminuir as taxas de captura de tartarugas, devido ao seu formato mais largo, também reduz a incidência da ingestão do anzol, o que possibilita um aumento da capacidade de sobrevivência da tartaruga marinha pós-captura… todas as embarcações de pesca que operam na modalidade de espinhel horizontal de superfície, ficam obrigadas a dispor a bordo, desde o porto de origem até o porto de destino e nas operações de pesca, de equipamentos de segurança para o correto manuseio das tartarugas a bordo”.

Todos podem ajudar!

E você, o que pode fazer para proteger as tartarugas marinhas?

O Projeto Tamar fez uma lista de recomendações:

Incidência de luz artificial na praia: desorienta as tartaruguinhas na sua busca pelo mar e afugenta as fêmeas prestes a desovar;

Trânsito de veículos na areia: pode prejudicar ninhos, filhotes e atropelar ou afugentar as fêmeas prestes a desovar;

– Interferência nos locais de marcação de ninhos: mobiliários de praia (cadeiras, barracas etc) podem danificar ninhos e desorientar as equipes de campo em relação à localização;

Lixo: na areia, torna-se obstáculo tanto para fêmeas que vão fazer seus ninhos, como para filhotes a caminho da água. No mar, confunde as tartarugas e pode ser engolido por engano;

Animais domésticos e raposas: podem matar as fêmeas, filhotes e destruir ninhos.

E se você encontrar algum ninho ou filhote?

– Tente colocá-los na areia da praia, próximo ao mar. Se encontrar filhotes nascendo no ninho deixe o processo ocorrer naturalmente, ou direcione-os ao mar, longe de qualquer foco de luz, como a de postes e de residências, que pode desorientá-los.

– Ao encontrar alguma tartaruga ou filhote debilitado, se possível entre em contato com o Projeto Tamar para obter informações de como agir, ou ligue para o  Batalhão Militar da Polícia Ambiental mais próximo para que uma equipe vá ao local e efetue o resgate do animal.

*Com informações do Projeto Tamar e ICMBio

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Fotos: divulgação Projeto Tamar

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.