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Drones são usados em projeto inédito para contagem de botos na Amazônia

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Não há como cuidar daquilo que não se conhece. Esta frase é um mantra para biólogos do mundo todo. Por esta razão, o estudo da fisiologia, comportamento e hábitos dos animais é tão importante para que possamos protegê-los. Entretanto, a observação de algumas espécies é bem mais difícil do que outras. É o caso, por exemplo, dos botos amazônicos, também chamados de golfinhos amazônicos.

Na região da Floresta Amazônica, são encontradas duas espécies destes mamíferos aquáticos: o boto cor-de-rosa (Inia geoffrensis, também conhecido como boto-vermelho) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis). Todavia, existem poucos dados sobre o real número de indivíduos que vivem lá. Atualmente, a metodologia utilizada para a contagem envolve cerca de dez pessoas, posicionadas na proa de um barco que, com os olhos fixos na água, registram os animais avistados em um raio de 180º.

“A premissa do método é que todos os animais presentes sejam contados, mas sabemos que existem erros, associados à capacidade do observador avistar o animal, e à disponibilidade do animal, por exemplo, se estiver mergulhando, não será avistado”, explica Miriam Marmontel, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que trabalha fazendo pesquisas sobre biodiversidade, manejo e conservação da fauna e flora da Amazônia.

Para conseguir obter informações mais precisas sobre a quantidade de botos da região, o instituto fez uma parceria com o WWF-Brasil e começou a usar drones para estimar a população dos animais. Esta é uma ferramenta que, cada vez mais, está sendo empregada no mundo para facilitar e agilizar os esforços de conservação das espécies, principalmente aquelas ameaçadas de extinção.

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Drones serão usadas para fazer uma contagem mais precisa dos botos amazônicos

O primeiro teste do projeto para contagem dos botos foi realizado no município de Tefé, no Amazonas. “Testamos diferentes altitudes e velocidades de voo com o drone, assim como diferentes ângulos da câmera. Após a análise das imagens geradas, será possível definir os parâmetros mais adequados e desenvolver um algoritmo de identificação automática de botos”, afirma Miriam.

Tanto o boto-cor-de-rosa como o tucuxi estão na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), que atualiza anualmente a situação das espécies ameaçadas de extinção no planeta. Mas de acordo com a entidade, os dados sobre os botos amazônicos são insuficientes e é necessário ter mais informações sobre os mesmos.

“Mamíferos aquáticos amazônicos tendem a deslocar-se para diferentes ambientes de acordo com a variação do nível d´água, oferecendo desafios a seu monitoramento. Botos e ariranhas, por exemplo, seguem os peixes para dentro do igapó quando a água sobe, e o peixe-boi migra de uma área de várzea para lagos profundos de terra firme quando o nível do rio cai”, ressalta Miriam. “O uso de drones representa uma forma de atacar este problema, possibilitando estudos de deslocamentos, uso e ocupação de habitat, e estimativas populacionais ao longo do ano”.

O boto cor-de-rosa é um dos animais símbolos da Amazônia. Maior golfinho de água doce do mundo,  chega a ter até 2,50 m de comprimento e  pesar 160 kg. Entre as principais ameaças aos botos amazônicos está a construção de usinas hidrelétricas no Norte do Brasil, que além de impactar a vida e o habitat dos peixes na região, principal fonte de alimentação destes animais, acabam também ficando isolados.

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Boto cor-de-rosa é uma das espécies símbolos da Amazônia

Outro grave problema é a pesca da piracatinga, peixe bastante popular na região amazônica, sobretudo, na Colômbia. A carne do boto é usada como isca. Desde janeiro de 2015, há uma moratória dos Ministérios do Meio Ambiente e Pesca e Aquicultura proibindo a pesca e comercialização da piracatinga até 2020.

A próxima etapa do projeto de contagem de botos com uso de drone será feito no Rio Juruá, entre 14 e 22/11.

drones são usados para contagem de botos

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Fotos: divulgação WWF/© Amanda Lélis, Kevin Schafer/Fundación Caja Mediterráneo/Creative Commons/Flickr (abre) e Luciana Christante/Creative Commons/Flickr

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