Diga NÃO à fusão dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura! Assine já a petição!

Diga NÃO à fusão dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura! Assine já a petição!

*Atualizado em 02/11/2018

Sou jornalista e há mais de dez anos escrevo sobre meio ambiente. Nos países em que vivi e naqueles que visitei, vi de perto a importância e o valor que se dá à natureza.

Não é uma questão de “ambientalista”, mas de perspicácia e inteligência de governos que têm a consciência do valor econômico da sua biodiversidade. E ele é imenso. Simplesmente incalculável. Florestas de pé (para aqueles países que ainda as possuem assim) prestam um serviço ambiental gratuito que, muitas vezes, passa despercebido para muitos. Elas são importantíssimas reguladoras do clima, ajudando na manutenção de chuvas, por exemplo, essenciais para a atividade agrícola.

Se em outros países o meio ambiente se tornou prioridade, o que então deveria acontecer no Brasil? Está localizada aqui a maior floresta tropical do mundo e temos, em nosso território, 12% da água doce do planeta. Abrigamos ainda milhares de espécies de animais e plantas, muitas delas, ainda desconhecidas dos cientistas.

Mas, infelizmente, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, acredita que não é necessário mais ter um ministério do Meio Ambiente para defender a nossa riqueza. Apesar de já ter declarado durante a campanha eleitoral que pretendia juntar os ministérios da Agricultura com o do Meio Ambiente, na semana passada, ele disse que poderia repensar o assunto. Palavras ao vento.

Ontem, os futuros ministros da Fazenda, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni anunciaram a fusão dos dois ministérios. Imediatamente, diversas organizações da sociedade civil vieram a público se manifestar contra a decisão.

Em nota, o WWF-Brasil afirmou que “O gigante patrimônio natural brasileiro exige um Ministério do Meio Ambiente”. Segundo a entidade, “reduzir e enfraquecer a agenda ambiental no país podem fazer explodir o desmatamento em todos os biomas brasileiros, que já é alto, especialmente na Amazônia e no Cerrado” (leia nota completa aqui).

O Greenpeace Brasil lamentou a decisão também e disse que “será um grande equívoco, e afetará o país tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental” (veja texto completo neste link). 

Mas não são apenas as organizações de proteção ao meio ambiente que se posicionaram contra o anúncio da fusão dos dois ministérios. Em sua conta no Twitter, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu “Será um triplo desastre. Estamos inaugurando o tempo trágico da proteção ambiental igual a nada. Nem bem começou o governo Bolsonaro e o retrocesso anunciado é incalculável”.

Milhares de pessoas usaram as redes sociais para protestar contra a medida. E para poder pressionar o presidente eleito a rever a decisão, foram criadas algumas petições online.

Se você acha que é impossível que o mesmo ministério que cuida dos interesses de agricultores e pecuaristas também seja responsável por proteger e conservar nossas riquezas naturais, abrace já essas campanhas:

Não à fusão do Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura!

Change.org

Petição Pública 

Até este momento, já são mais de 500 mil assinaturas na página da Petição Pública.

Hoje pela manhã, o ministério do Meio Ambiente divulgou uma nota em que ressalta a importância da independência do órgão para a biodiversidade brasileira.

Leia abaixo:

“O Ministério do Meio Ambiente preparou um detalhado e volumoso trabalho para dar plena ciência de tudo o que tem sido feito na pasta e daquilo que é de nossa responsabilidade à equipe de transição, com a qual pretendemos estabelecer um diálogo transparente e qualificado. Por isso, recebemos com surpresa e preocupação o anúncio da fusão com o Ministério da Agricultura.

Os dois órgãos são de imensa relevância nacional e internacional e têm agendas próprias, que se sobrepõem apenas em uma pequena fração de suas competências. Exemplo claro disso é o fato de que dos 2.782 processos de licenciamento tramitando atualmente no Ibama, apenas 29 têm relação com a agricultura.

O Brasil é o país mais megadiverso do mundo, tem a maior floresta tropical e 12% da água doce do planeta, e tem toda a condição de estar à frente da guinada global, mais sólida a cada dia, rumo a uma economia sustentável. Protegemos nossas riquezas naturais, como os biomas, a água e a biodiversidade, contra a exploração criminosa e predatória, de forma a que possam continuar cumprindo seu papel essencial para o desenvolvimento socioeconômico.

Nossa carteira de ações abrange temas tão diferentes como combate ao desmatamento e aos incêndios florestais, energias renováveis, substâncias perigosas, licenciamento de setores que não têm implicação com a atividade agropecuária, como o petrolífero, homologação de modelos de veículos automotores e poluição do ar. O Ministério do Meio Ambiente tem, portanto, interface com todas as demais agendas públicas, mas suas ações extrapolam cada uma delas, necessitando, por isso, de estrutura própria e fortalecida.

O novo ministério que surgiria com a fusão do MMA e do MAPA teria dificuldades operacionais que poderiam resultar em danos para as duas agendas. A economia nacional sofreria, especialmente o agronegócio, diante de uma possível retaliação comercial por parte dos países importadores.

Além disso, corre-se o risco de perdas no que tange a interlocução internacional, que muitas vezes demanda participação no nível ministerial. A sobrecarga do ministro com tantas e tão variadas agendas ameaçaria o protagonismo da representação brasileira nos fóruns decisórios globais.

Temos uma grande responsabilidade com o futuro da humanidade. Fragilizar a autoridade representada pelo Ministério do Meio Ambiente, no momento em que a preocupação com a crise climática se intensifica, seria temerário. O mundo, mais do que nunca, espera que o Brasil mantenha sua liderança ambiental.

Edson Duarte
Ministro do Meio Ambiente”

Não queremos que a Floresta Amazônica vire pasto e o Cerrado plantação de soja! Assine já as petições e compartilhe com seus familiares e amigos! Juntos, podemos mostrar nossa força e o poder do povo em um estado democrático!

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*Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, “o presidente eleito, Jair Bolsonaro, indicou nesta quinta-feira, 1.º, que a fusão dos Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura deve ser revista. “Pelo que tudo indica, serão dois ministérios distintos”, disse. “Pretendemos proteger o meio ambiente sim, mas não criar dificuldades para o nosso progresso.” 

Foto: Kate Evans/Cifor/Creative Commons/Flickr (fazenda de gado em Rio Branco, no Acre)

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.