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Mulheres vão às ruas em 50 países, incluindo o Brasil, para exigir direitos iguais


Publicado em 6/2/2017 e atualizado em 7/3/2017

Quando o momento exige, não há melhor forma para se fazer ouvir do que sair às ruas em grupo e protestar. E é isso que milhares de mulheres pelo mundo farão no Dia Internacional da Mulher, que – apesar de ter sido deturpada ao longo da história pelo comércio –, é uma data muito propícia para esta manifestação. A ideia é, inclusive, dar um novo tom a esse dia, resgatando sua intenção original.

Para isso, é imprescindível envolver não só as mulheres, mas homens, adolescentes, famílias, transgêneros e todos que reconheçam a legitimidade da mobilização e também queiram lutar por direitos.

Mas claro que muita gente não vai poder participar, ainda mais num momento de desemprego e de grande pressão nas grandes corporações. Por isso, o movimento indica OUTRAS MANEIRAS DE SE MANIFESTAR E ADERIR À CAUSA: parar uma hora no trabalho e otimizá-lo com conversas sobre as desigualdades, usar um detalhe ou uma peça de roupa lilás – cor símbolo da iniciativa – e boicotar as tarefas domésticas.

Quem puxou essa grande manifestação mundial – que está sendo chamada informalmente de greve internacional feminina já que envolverá mais de 30 países – foram dois dos maiores movimentos feministas do mundo: Ni Una Menos, que começou na Argentina e se espalhou pela América Latina, e a Marcha das Mulheres pelo Mundo.

A ideia é transformar 8 de março em um marco para novas relações com as mulheres nas sociedades, protestando contra as desigualdades de gênero, o machismo, o feminicídio, a exploração no trabalho e a desumanização feminina. Como? Convocando todas as mulheres a abandonarem seus postos de trabalhos (seja onde for!) e sair às ruas.

Entre os países que já confirmaram sua adesão, por intermédio de grupos feministas, estão Austrália, Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, República Checa, Equador, Inglaterra, França, Alemanha, Guatemala, Honduras, Islândia, Irlanda do Norte, Irlanda, Israel, Itália, México, Nicarágua, Peru, Polônia, Rússia, El Salvador, Escócia, Coreia do Sul, Suécia, Togo, Turquia, Uruguai e EUA.

No Brasil

Por aqui, a violência contra a mulher e a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer são a principais bandeiras desta mobilização. No caso da aposentadoria, a reivindicação se refere a equiparação de idade entre homens e mulheres. Com um detalhe: em geral, as mulheres trabalham cerca de cinco horas semanais em tarefas domésticas todos os dias, além da jornada remunerada.

Em São Paulo, estão sendo organizados dois grandes encontros – na Avenida Paulista, em frente ao MASP, às 16h, e na Praça da Sé, às 15h30 -, mas há outras mobilizações menores programadas pela cidade, além de debates. Tudo para facilitar a participação.

A página 8M – Paralisação Internacional das Mulheres em São Paulo, no Facebook, está sempre atualizada. Tem também o convite para o evento que mantém links relacionados na coluna da direita com os demais eventos do dia.

Como essa história começou

Essa greve começou a ser planejada depois de dois protestos realizados em 2016: um em 3 de outubro (que ficou conhecido como segunda negra), na Polônia, contra a lei do aborto, e outro, no mesmo mês, no dia 19 (vulgo quarta feira negra) na Argentina, que uniu milhares de mulheres contra os assassinatos ocorridos naquele ano – foram cerca de 200!

Mas a inspiração para este tipo de protesto – que intervém diretamente na produção – veio, na verdade, da Islândia. Em 24 de outubro de 1975, 90% das islandesas abandonaram o trabalho e foram às ruas para lutar por igualdade de direitos. A manifestação ficou conhecida como Dia Livre das Mulheres e conseguiu dar visibilidade para dois fatos importantes: a diferença vergonhosa de salários entre homens e mulheres e o trabalho doméstico não remunerado.

Carta e nova imagem

Na semana passada, a americana Angela Davis e ativistas das universidades assinaram carta publicada no jornal The GuardianMulheres dos Estados Unidos: estamos em greve. Junte-se a nós para que Trump veja o nosso poder – na qual convidam as americanas para aderir à greve geral “contra a violência masculina e em defesa dos direitos reprodutivos”. Sua intenção é mobilizar não só mulheres, mas também transgêneros, para construir uma nova agenda: “antirracista, anti-imperialista, anti-neoliberal e anti-heteronormativa”.

Entre elas, há um enorme sentimento de ojeriza ao marketing do falso “empoderamento” e à imagem do feminismo corporativo, que apenas incentivaram políticas conservadoras e as regras do livre mercado para as mulheres, mesmo em políticas que pareciam voltadas para defender seus direitos.

E isso ficou ainda mais claro com o barulho feito pela Marcha das Mulheres em 21 de janeiro, encorajando-as a buscar uma nova fase para a luta pela igualdade de gênero. As americanas estão chamando essa nova onda de mobilizações planetárias de Feminismo do 99% , enfatizando os direitos sociais.  Não há dúvida de que a mudança para um novo e mais justo futuro só poderá ser feita por mulheres corajosas – e homens e outros gêneros idem. Mulheres de todo mundo vão abandonar seus postos de trabalho no próximo dia 8 de março exatamente por isso.

No Brasil, bem que poderíamos aproveitar a data para fazer um protesto ainda mais amplo em todos os sentidos, dada à urgência de combater nossa realidade política: um protesto com mulheres, homens, jovens, crianças, aposentados, trabalhadores, desempregados… pelas mulheres, claro! Mas também pela volta da democracia, dos direitos humanos, da justiça, da humanidade. E por eleições diretas. Aqui, todos os direitos estão sendo perdidos.

Foto: Bones64/Pixabay

 

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