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Dia da Terra: 51 anos depois, a pandemia e a crise climática indicam caminhos para um futuro (de fato) sustentável

Dia da Terra: 51 anos depois, a pandemia e a crise climática indicam caminhos para um futuro (de fato) sustentável
Dia da Terra: 51 anos depois, a pandemia e a crise climática indicam caminhos para um futuro (de fato) sustentável

Atualizado em 22/4/2021

Hoje, 22 de abril de 2021, faz 51 anos que o ativista ambiental e senador norte-americano, Gaylord Nelson, resolveu marcar essa data como forma de saudar o planeta Terra. Sua intenção era provocar a consciência mundial a cerca dos problemas da contaminação ar, do solo e dos oceanos, despertar a humanidade para a conservação da biodiversidade, entre outras questões, e entendêssemos a urgência de proteger nossa casa comum.

No ano passado, essa data foi ainda mais especial. Não por causa do seu aniversário, mas também – e principalmente – porque a humanidade inteira estava unida, enfrentando uma pandemia de um vírus veloz, que nos convida, todos os dias, a rever valores, a repensar atitudes, decisões, a olhar as pessoas com mais solidariedade e empatia.

Um ano depois, ainda estamos sendo impactados pela pandemia. Quem não aderiu a essa onda solidária e à reflexão, deixa ainda mais evidente sua desconexão com o que realmente importa, com o espírito do tempo.

Vale refletir a respeito do que tem acontecido em vários lugares do mundo devido ao isolamento social, que desacelerou nossas urgências, reduzindo emissões de gases de efeito estufa e tornando as paisagens mais amigáveis e o ar mais limpo. Por conta disto por exemplo, na China, país onde o ar é um dos mais poluídos do planeta, milhões de crianças e idosos não morrerão e não terão suas vidas encurtadas.

Aproveitemos essa data, então, para celebrar a beleza e a força deste planeta , sim. Mas com a consciência de que esse cenário – com o qual muitos ainda sofrerão por perder seus entes e amigos queridos, mas também devido às suas condições sociais e econômicas – ainda não é suficiente para nos colocar no caminho que poderia nos levar a cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, no final de 2015.

Ou seja, o mundo deveria parar assim, de forma radical, por muito mais tempo (sabe-se lá quanto), para que pudéssemos cumprir tais metas e evitássemos ultrapassar o limite da temperatura – 1.5 grau Celsius – que nos levaria (ou levará) à extinção. Difícil, mas necessário lidar com esta realidade.

Para António Guterres, secretário-geral da ONU, o mundo poderia estar melhor preparado para responder ao desafio da pandemia do novo coronavírus – que ele considera como “um lembrete da vulnerabilidade humana frente a ameaças globais” -, se tivesse se dedicado ao cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, propostos pela organização em 2016, e do Acordo de Paris.

Em mensagem especial que gravou para o mundo, pelo Dia da Terra, em 2020, ele ressaltou que a pandemia é o maior teste que a humanidade já enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial. A mensagem continua atual:

“Devemos trabalhar juntos para salvar vidas, aliviar o sofrimento e diminuir suas consequências sociais e econômicas devastadoras. O impacto do coronavírus é imediato e terrível. Mas há uma outra emergência profunda: a crise ambiental do planeta. A biodiversidade está em declínio acentuado, a ruptura climática está chegando a um ponto de não-retorno. Devemos agir sem hesitação para proteger o nosso planeta, tanto do coronavírus como da ameaça existencial das perturbações climáticas. A crise atual é um despertar sem precedentes. Precisamos transformar a recuperação numa oportunidade real para as fazer as coisas certas para o futuro”.

Diante desse cenário, Guterres propôs seis ações relacionadas com o clima para “moldar a recuperação e o trabalho que temos pela frente” pós-coronavírus:

1. ao gastarmos enormes quantias de dinheiro para nos recuperar do coronavírus, precisamos criar novos empregos e negócios para uma transição limpa e verde;
2. quando o dinheiro dos contribuintes for utilizado para recuperar empresas, que isso esteja vinculado à criação de empregos verdes e ao crescimento sustentável;
3. o poder das políticas orçamentárias deve transformar a economia cinzenta de hoje por uma economia verde e tornar as sociedades (e as pessoas, claro) mais resilientes;
4. os fundos públicos devem ser usados para investir no futuro, não no passado, e utilizados em setores e projetos sustentáveis, que ajudam o meio ambiente e o clima. Os subsídios aos combustíveis fósseis devem terminar e os poluidores devem começar a pagar pela sua poluição;
5. os riscos e as oportunidades relacionados com o clima devem ser incorporados no sistema financeiro, bem como em todos os aspectos da formulação de políticas públicas e de infraestruturas; e
6. precisamos trabalhar juntos, como uma comunidade internacional.

Gutérres acredita que estes seis princípios podem constituir um guia para a recuperação mundial. “Os gases de efeito estufa, assim como os vírus, não respeitam fronteiras nacionais”. E convida: “Neste Dia da Terra, por favor, junte-se a mim para exigir um futuro saudável e resiliente para as pessoas e o planeta”.

Não vamos (e não podemos) voltar ao normal. Foi essa situação que chamamos de “normal” que nos trouxe até aqui, então, seria de uma ignorância completa continuar investindo no mesmo modelo. Se um ser vivo não está bem, não há como haver equilíbrio planetário nem felicidade. E nada disso se compra.

Por isso, vamos aproveitar este Dia da Terra pra declarar nosso amor por ela, sim, mas também para começar a criar – dentro de nós e, logo em seguida, para a vida ao nosso redor – o mundo que queremos, de fato, viver. Não há mais tempo para devaneios.

Reproduzi praticamente todo o pronunciamento de António Guterres, da ONU, acima, mas vale ouvi-lo também:

Foto: domínio público/pixabay

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