Depois de 19 anos enclausurada, chimpanzé argentina ganha novo lar em santuário de primatas no Brasil

Desde que nasceu, Cecília sofreu maus-tratos. Ela é a única sobrevivente de um grupo de quatro chimpanzés que viviam no zoológico de Mendoza, e, desde que  ficou sozinha, estava em uma cela minúscula, sem direito a banhos de sol, nem a se movimentar.  Ao ver as condições precárias oferecidas ao animal, integrantes da ONG argentina AFADA – Associação de Funcionários e Advogados pelos Direitos dos Animais – entraram na Justiça contra o zoológico e reivindicaram sua liberdade e transferência para o Santuário de Grandes Primatas, que fica em Sorocaba, interior de São Paulo.

O processo se estendeu por mais de um ano até que a juíza Maria Alejandra Maurício reconheceu que a chimpanzé é um ser vivo que precisa de cuidados. Aceitou o pedido da ONG e concedeu a liberdade à Cecília, determinando sua transferência para o santuário brasileiro. Mas isso foi feito de um jeito inédito: por meio de um habeas corpus. A chimpanzé argentina é a primeira primata não humana a obter sua liberdade dessa forma. Viva!

Sua viagem para o Brasil começou em 4/4, quando saiu de Mendoza, passou por Buenos Aires e chegou a São Paulo no dia seguinte. No aeroporto de Guarulhos, passou pela supervisão de fiscais do Ministério da Agricultura e da Receita Federal e seguiu para o santuário, em Sorocaba, que é filiado ao Great Ape Project (GAP).

No santuário, Cecília ainda tem que passar um período de adaptação e quarentena, durante o qual viverá em um recinto gramado de 500 metros quadrados, equipado com “brinquedos” e abrigo. Bem diferente de sua ‘casa’ anterior.

Ela passará por exames e será observada pelos pesquisadores para que estes possam conhecer detalhes de seu comportamento e identificar a melhor maneira de introduzi-la no grupo de mais de 50 chimpanzés que vivem por lá.

A sábia e humana decisão da juíza argentina pode se tornar um marco na história do cativeiro de animais no mundo. Sua sentença reconhece que os animais precisam de respeito e cuidado, como qualquer um de nós, e, portanto, não podem ser mau tratados. Cecília ficou famosa e será sempre um símbolo na luta pelos direitos dos animais.

Foto: GAP Brasil/Divulgação

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.