Decisão da justiça de liberar terapias de “reversão sexual” gera protestos e ironia nas redes sociais

Decisão da Justiça de liberar terapias de “reversão sexual” a homossexuais gera protestos e ironia nas redes sociais

Falta de informação, ignorância, homofobia, conservadorismo ou simplesmente, falta do que fazer. O que teria levado o  juiz da 14ª Vara do Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, a decidir que – mesmo que em caráter liminar -, psicólogos possam atender pacientes que busquem terapia para reorientação sexual, a chamada “reversão sexual”?

A decisão polêmica, que foi anunciada ontem (18/09), ocorreu depois da análise de uma ação movida por três psicólogos, que pediram a suspensão de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), de 1999, que proíbe os profissionais da área a fazer este tipo de “tratamento” ou algo similar como a “cura da homossexualidade”.

Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) se pronunciou publicamente (ainda que tardiamente) que a homossexualidade não era uma doença. Até então, a opção sexual era tida como um problema mental. Na época, a entidade afirmou que como a homossexualidade não era uma enfermidade ou doença, não devia haver indicação médica de tratamento e que esta prática “representaria uma ameaça grave à saúde e o bem estar – e até vidas – das pessoas”.

Pois bem, quase 30 anos depois da resolução da OMS, o magistrado de Brasília resolveu que psicólogos devem poder decidir, por conta própria, se querem atender pacientes em busca desses “tratamentos – a reorientação sexual”. “Os psicológos devem estar aptos a estudar ou atender quem, voluntariamente, buscar orientação psicológica acerca de sua sexualidade”, disse Carvalho em seu parecer.

O Conselho Federal de Psicologia já anunciou que irá recorrer da decisão e em comunidade oficial afirmou que “É uma violação dos direitos humanos e que não tem qualquer embasamento científico”. Além disso, a entidade acredita que o parecer pode “abrir a perigosa possibilidade de uso de terapias de reversão sexual”.

Rapidamente, a notícia se espalhou nas redes sociais, e vários artistas e celebridades, alguns deles homossexuais, usaram suas páginas para comentar a decisão judicial.

De maneira irônica, a jornalista e apresentadora Fernanda Gentil, que assumiu publicamente o romance com outra mulher este ano, postou uma foto em seu Instagram dizendo “Tentando me curar desta doença, mas tá difícil …”

Já o comediante Paulo Gustavo resolveu usar bom humor para comentar a decisão “Tô tentando achar o remédio! Obs: Se não fosse o humor, eu já tinha dado na cara de uma pessoa dessa!”

A cantora Preta Gil gravou um vídeo e pergunta: “Como se cura um ser humano de amar o outro?” (assista mais abaixo).

Outros artistas que expressaram sua revolta contra a decisão da justiça foram Annita, Taís Araújo e Daniela Mercury, que escreveu em sua timeline do Facebook “O canto da cidade é gay! Milhões de pessoas cantam pra se empoderar! Sou orgulhosamente gay!! O mundo canta comigo!! #eusougay #eusoudanielamercury #lesbica #bisexual #gay.

A cantora baiana ainda postou a linda foto, logo abaixo e declarou: “Dá para perceber de “cara” que estamos doentes. Doentes de amor, doentes de respeito mútuo, doentes por nossa família. Somos doentes de felicidade! Nos respeitem!” #homofobiaédoença #Edeviasercrime #temposinsanos #tempossombrios #onu #livreseiguais #un #freeandequal

Fotos: reprodução internet

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.