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‘Como Anda’: iniciativa mapeia e promove mobilidade a pé

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Depois de engatinhar, a primeira coisa que fazemos é andar. E, assim, conquistamos a forma de mobilidade mais saudável, democrática, econômica e, portanto, mais sustentável que existe. Parte da humanidade perdeu esse hábito com o advento do carro, mas – com o aumento da poluição e a urgência de driblarmos o aquecimento global – tem muita gente voltando a caminhar pelas metrópoles, “redescobrindo” essa deliciosa prática. E há pedestrianistas engajados e unidos para ajudar a transformar a mobilidade nos grandes centros urbanos.

Tanto que, em Londres, criaram o Dia do Pedestre, para incentivar a caminhada. E escolheram o dia 8 de agosto porque foi nesse dia, em 1969, que o fotógrafo Ian McMillan registrou os Beatles cruzando a faixa de pedestres em Abbey Road, em Londres, em frente ao estúdio de gravação da banda. A imagem estampou a capa do álbum que tem o nome da famosa rua e agora também serve de inspiração para quem gosta de andar a pé.

Datas comemorativas são sempre ótimas para nos lembrar de temas interessantes e nos mobilizar. E, para não deixar o dia de hoje passar em branco, aqui no Conexão Planeta, quero falar a respeito da iniciativa Como Anda. Criada este ano pelas organizações Cidade Ativa e Corrida Amiga, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), ela mapeia grupos (ONGs, coletivos, empresas, órgãos públicos) que promovem o caminhar nas cidades brasileiras. Ou seja, identifica todos que promovem e defendem a prática de “andar a pé” pelas cidades, com segurança, e podem ajudar a desenvolver projetos de incentivo. Esse trabalho está sendo feito por meio de um questionário online, que reúne informações como o perfil e a forma de atuação dessas organizações.

como-anda-mobilidade-a-pe-encontro-onlineOs resultados preliminares dessa pesquisa estão sendo divulgados hoje. E veja que bacana! Já foram identificadas mais de 100 organizações, algumas focadas em crianças (como a mineira Pezito, a Rua do Apé, a Carona a Pé e os Agentes Mirins do Trânsito), outras em acessibilidade ou em promover passeios a pé, outras ainda na instalação de parklets ou que promovem o cicloativismo e, assim, atuam direta ou indiretamente com essa modalidade de mobilidade.

“Quando tratamos do tema, colocamos o direito à cidade em pauta e discutimos a forma das nossas cidades, da infraestrutura que garante o ir e vir dos pedestres e que conecta esta rede com a infraestrutura do transporte público. Estamos tratando do planejamento urbano, da organização das funções da cidade e de seus espaços públicos”, destacam os organizadores da iniciativa – em seu site. Então, vale participar!

Para criar mais empatia com o tema, o site estreia novo espaço: os Marcos da Mobilidade a Pé. Trata-se de uma linha do tempo online com os principais acontecimentos da prática, desde 1930 (pedestrianização da Rua Direita!), na qual você pode incluir seus próprios marcos como caminhante. Outra novidade é o lançamento de workshops presenciais e online que serão realizados em parceria com as organizações mapeadas. O primeiro (imagem acima) online acontecerá no dia 10/8, às 19h, e quem quiser participar é só se inscrever.

E o movimento Como Anda ainda convida os caminhantes a publicar fotos com a hashtag #ComoAnda nas redes sociais. Que tal?

Mais coletivo, menos individual

Quanto mais soubermos sobre tudo que está sendo feito – formal ou informalmente – em prol da mobilidade a pé, mais oportunidades teremos de unir esforços para a mobilização, o que certamente resultará em ações efetivas do poder público e também do privado, a fim de que os espaços públicos sejam revistos e priorizem a circulação dos pedestres, sempre.

E quer ver como os números são impressionantes? De acordo com a Associação Nacional dos Transportes Públicos, no Brasil, cerca de 1/3 da mobilidade é realizada a pé. E os dados são de 2012!! Ah… e se somarmos as caminhadas relacionadas ao transporte coletivo, este número cresce para 2/3. Ou seja, o meio de transporte mais utilizado, na maior parte das cidades brasileiras, são os pés.

Por isso, nossas cidades precisam ser caminháveis. E todos ganham com isso e não só quem caminha, já que, ocupadas, as ruas tornam-se mais seguras e o comércio mais ativo, o que promove o interesse coletivo acima do individual.

E, aqui, vale uma explicação: pedestres são todos aqueles que andam a pé, mas também quem caminha com o auxílio de bengala ou muleta, ou ainda de cadeira de rodas.

Andar a pé pode transformar tudo

Faz pouquíssimo tempo que me apaixonei pela prática da caminhada. Quatro meses apenas. Pelo menos três vezes por semana vou de casa até o Parque da Água Branca – famoso por sua feira orgânica (a primeira da cidade) e pelos bichos que andam soltos por lá (gatos, marrecos, gansos, galinhas de Angola…) -, treino e volto, feliz da vida. Nesses dias, a disposição física e mental é infinitamente maior.

Mas, na verdade, desde 2011, quando fiquei sem carro por quase um ano – vendi o meu e fiquei com preguiça de comprar outro -, foi que descobri as delícias de andar a pé por São Paulo. Descobri outra cidade.

Já tinha ouvido alguns pedestrianistas convictos dizerem isso, e é assim mesmo! Você nota os mínimos detalhes de tudo ao seu redor, conhece melhor a vizinhança, tem tempo para pensar nas coisas que importam, ouvir música com mais concentração (e criar trilhas para cada percurso. Adoro fazer isso!), observa o que é bacana e o que pode ser melhorado, descobre endereços descolados, encontra amigos, conhece gente nova, tem oportunidades de se solidarizar e também de fazer algumas reflexões a respeito das pessoas na cidade que, de outra forma, seriam impossíveis. E até ver o fenômeno Pokemon pelas ruas com outros olhos (não necessariamente se render a ele) e compreender que essa (pegar Picachus etc) pode ser uma experiência incrível de descoberta da cidade. Pois é…

Ainda uso muito meu carro, confesso, mas sempre que possível, sigo para meus compromissos a pé ou, no máximo, de metrô, para curtir a cidade. No armário, já não tenho tantos sapatos de saltos altos – que eu ainda amo usar! -, como os que usava diariamente até um ano atrás. Nele, agora imperam os tênis de corrida ou caminhada, ao lado de sapatilhas, chinelos, sandálias rasteiras. Quem diria… Andar a pé pode transformar tudo, pra melhor.

Leia também:
Cidade Gentil: campanha incentiva boas ações nas ruas

Em defesa das faixas exclusivas para pedestres acelerados 

Foto: Pixabay

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José Walker
7 anos atrás

Olá Mônica.
Que prazer eu tive ao ler o seu artigo!
Destaco, em especial, o seguinte trecho:
“Quanto mais soubermos sobre tudo que está sendo feito – formal ou informalmente – em prol da mobilidade a pé, mais oportunidades teremos de unir esforços para a mobilização, o que certamente resultará em ações efetivas do poder público e também do privado, a fim de que os espaços públicos sejam revistos e priorizem a circulação dos pedestres, sempre”.
A identificação de propósitos foi tamanha que até citei uma de suas falas em um dos artigos que publiquei recentemente em meu blog (veja em http://caminhada.org/2016/12/14/caminhada-um-novo-meio-de-transporte/).
Parabéns! Juntos vamos mudar a cara das nossas cidades.
Grande abraço.
José Walker.

José Walker
7 anos atrás

Perfeitamente Mônica.
Já inseri o link no meu texto, conforme sugerido por você.
Obrigado pelo retorno!
Conte comigo para divulgar suas ideias.
Juntos somos mais.
Grande abraço.

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