Coca-cola, Pepsi e Ambev não venderão mais refrigerantes em escolas infantis (finalmente!)

coca-cola e outras fabricantes de refrigerantes anunciam que vão parar de vender refrigerantes em cantinas de escolas infantis

Era mais do que hora. Com os números de obesidade infantil crescendo a cada ano em todo mundo, as filiais brasileiras da principais fabricantes multinacionais de refrigerantes – Coca-Cola, Pepsi e Ambev -, anunciaram juntas esta semana que vão deixar de vender refrigerantes em cantinas de escolas com crianças até 12 anos ou com maioria de alunos até esta idade.

Em um comunicado à impresa, as três companhias afirmaram que “a obesidade é um problema complexo, causado por muitos fatores, e as empresas de bebidas reconhecem seu papel de ser parte da solução … No momento do recreio, os alunos têm acesso às cantinas escolares sem a orientação e a companhia de pais e responsáveis, e crianças abaixo de 12 anos ainda não têm maturidade suficiente para tomar decisões de consumo”.

A política já entra em vigor a partir de agosto e valerá somente para cantinas que compram diretamente das fabricantes e de seus distribuidores. Nestes locais, as marcas só comercialização água mineral, suco com 100% de frutas, água de coco e bebidas lácteas. É bom lembrar aos pais, entretanto, que pesquisas mostram que sucos industrializados, aqueles “de caixinha”, possuem também uma quantidade enorme de açúcar adicionado.

Estudos internacionais correlacionam o consumo de bebidas açucaradas, principalmente refrigerantes, ao crescimento dos índices da obesidade em crianças e adolescentes.

A ingestão de alimentos e bebidas naturais, como leite, sucos e frutas, já garante o açúcar necessário para o bom funcionamento do corpo humano. Entretanto, produtos que são artificialmente adoçados não contêm as proteínas e fibras, que ajudam a contrabalançar o impacto do açúcar.

Em abril deste ano, o governo do Reino Unido anunciou a criação de imposto sobre o açúcar para a indústria de bebidas. Foi uma maneira encontrada  pelo país para conter a obesidade infantil, como mostramos neste post publicado aqui no Conexão Planeta. Segundo o ministro das Finanças britânico, George Osborne, crianças de 5 anos estão consumindo, por ano, o equivalente em açúcar ao peso delas. Especialistas afirmam que na próxima década, mais da metade dos meninos e 70% das meninas da Inglaterra estarão acima do peso ou serão obesos.

Alerta para a obesidade infantil

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já considera a obesidade infantil um problema de saúde pública, de proporções assustadoras, sobretudo em países em desenvolvimento. Nestes lugares, infelizmente, a cultura do fast food se popularizou nos últimos anos.

Segundo o estudo mais recente realizado pela OMS, o número de crianças com sobrepeso passou de 31 para 41 milhões entre 1990 e 2014. Na África, a porcentagem de menores de cinco anos com sobrepeso ou obesos quase dobrou neste mesmo período, saltando de 5,4 milhões para 10,3 milhões.

Em 2015, o Ministério da Saúde divulgou o resultado de um estudo que – prepare-se! -, revelava que 32,3% das crianças brasileiras menores de 2 anos tomavam refrigerante e suco de caixinha e que 60,2% delas comem bolacha recheada, biscoitos e bolos prontos.

Para médicos e especialistas, governos precisam tomar ações mais fortes, como a do governo britânico, por exemplo, para evitar que o problema da obesidade ganhe proporções ainda piores. Crianças e adolescentes obesos são muito mais propensos a se tornar adultos acima do peso e desenvolver doenças cardíacas e crônicas como diabetes e hipertensão.

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Foto: Henrique Vianna Pinho/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.