#CleanSeas: na maré contra o plástico

#CleanSeas: vire a maré contra o plástico

Os números estão aí para comprovar: a cada ano, 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos oceanos. Entre 60% a 90% destes resíduos são produzidos com diferentes tipos de polímeros (substâncias químicas usadas na fabricação do plástico). Só em 2015, nós – os seres humanos – produzimos 322 milhões de toneladas de plástico, o equivalente a mais de 900 edifícios do tamanho do Empire State, de Nova York.

Caso você ainda não se convenceu da proporção do impacto ambiental dessa matéria-prima, seguem dois outros fatos: resíduos plásticos são nocivos para 600 espécies de animais marinhos e até 2050, estima-se que 99% das aves marinhas terão lixo plástico em seus organismos.

Usando estes dados acima como alerta, a ONU lançou a campanha Clean Seas: turn the tide on plastic, algo como Oceanos Limpos, na maré contra o plástico, em tradução livre.

O objetivo da iniciativa é estimular governos, empresas e consumidores do mundo inteiro a se comprometerem a mudar seu comportamento para evitar o uso de plástico e assim sendo, a poluição dos oceanos.

A campanha, lançada durante a Cúpula Mundial dos Oceanos, realizada em Bali, na Indonésia, clama que governos façam restrições ao uso do plástico e que o setor privado diminua a utilização de embalagens.

“Já passou da hora de enfrentarmos o problema do plástico, que aflige nossos oceanos. A poluição está aparecendo nas praias da Indonésia, repousando no leito marinho do Polo Norte e indo parar até nas nossas mesas”, enfatizou Erik Solheim, chefe da ONU Meio Ambiente.

Uma das principais metas de Clean Seas para os próximos três anos é banir totalmente o uso de micropartículos plásticas no mundo. Os minúsculos pedaços de plástico, esferas menores do que a ponta de um alfinete – com menos de 5 mm de diâmetro -, praticamente invisíveis a olho nu, são adicionadas a cosméticos, como cremes e sabonetes esfoliantes, pastas de dente e esmaltes. Feitas principalmente de polietileno (PE), mas também de polipropileno (PP), polietileno tereftalato (PET), polimetilmetacrilato (PMMA) e nylon, elas não são biodegradáveis, e por isso, passam pelo ralo e vão parar direto no sistema de esgoto. Como estações de esgoto não conseguem filtrar estas microesferas poluentes, o plástico acaba tendo como destino final o mar, aumentando ainda mais as imensas ilhas de lixo que se acumulam nos oceanos do planeta.

Segundo a ONU, já há pelo menos 51 trilhões de micropartículas plásticas nos mares do planeta, que acabam, como dito acima, sendo ingeridas por peixes, aves, tartarugas marinhas e o próprio homem.

E não é só nos cosméticos que esta matéria-prima é usada. Em tecidos também. Calcula-se que a cada lavagem da máquina de roupa, peças sintéticas chegam a liberar quase 2 mil fibras de microplástico.

No site da campanha Clean Seas: turn the tide on plastic é possível saber mais informações e as últimas notícias sobre empresas e governos que estão se engajando na luta para reduzir a quantidade de plástico nos oceanos.

O Canadá, por exemplo, incluiu as micropartículas plásticas na lista de substâncias tóxicas e este ano, o uso delas estará banido nos Estados Unidos e Reino Unido (leia mais aqui). Bangladesh e Ruanda proibiram o uso de sacolas plásticas. Na França, a partir de 2020, ficará proibida a venda de copos, talheres e pratos plásticos, como mostramos neste outro post.

Participe você também desta iniciativa para limpar nossos oceanos, compartilhando a hashtag #CleanSeas e tendo um consumo mais consciente no seu dia a dia. E não esqueça, sempre leve sua sacola de compras com você!

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Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.