Cientista cria garrafa biodegradável que se decompõe em apenas três semanas
Está sentado? Então, vamos lá: um milhão de garrafas plásticas são vendidas por minuto no planeta. Ou ainda, 20 mil garrafas de plástico são compradas a cada segundo no mundo. Deu para entender a dimensão do problema que estamos enfrentando?
O plástico surgiu como uma das grandes invenções da humanidade. Leve, prático e barato, serve como embalagem para tudo. E com isso, sua produção deu saltos gigantescos ao longos das últimas décadas. Em 1964, foram 15 milhões de toneladas fabricadas. Em 2015, este número pulou para 322 milhões de toneladas.
Mas é o uso do plástico para a fabricação de garrafas que tem gerado o maior impacto sobre a natureza. Apesar de grande parte delas serem feitas com polietileno tereftalato (PET), um polímero termoplástico, e perfeitamente passível de reciclagem, a quantidade monstruosa de unidades produzidas por segundo torna esta tarefa praticamente impossível. Estima-se que menos da metade das garrafas compradas, em 2016, foi reciclada. O que sobra desta montanha enorme de lixo plástico vai parar em aterros sanitários ou nos oceanos.
Disposto a acabar com este problema, o cientista britânico James Longcroft desenvolveu uma garrafa biodegradável, que se decompõe em apenas três semanas, caso descartada no meio ambiente.
Na parte externa, a garrafa é feita com polpa de papel reciclável, doada por empresas. Já a parte de dentro, contem uma lâmina biodegradável, fabricada com substâncias naturais, que segundo Longcroft, é comestível para a maioria dos organismos marinhos. Todos os materiais são atóxicos.
Para tentar viabilizar a produção da garrafa sustentável em larga escala, o cientista lançou uma campanha de crowdfunding na plataforma Indiegogo. A meta inicial era de 25 mil libras, mas com ainda 23 dias faltando para o fim do prazo, ele já conseguiu arrecadar mais de 30 mil libras.
Longcroft é o fundador também da Choose Water, um negócio social que reverte 100% do dinheiro arrecadado com a venda de garrafas de água para a organização Water For Africa, que trabalha com comunidades carentes da África. Mas no ano passado, depois de ter sido contratado para um grande evento, o britânico se deu conta que suas garrafas estavam provocando um enorme impacto ambiental. Foi aí que surgiu a ideia para criar a garrafa Ch2oose, um jogo de palavras, em inglês, para “Escolha H2O”.
O cientista já entrou com processo de patente para a nova garrafa. Ele acredita que, até o final deste ano, o produto estará disponível nas prateleiras das lojas.
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Fotos: divulgação Ch2oose
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
Aplaudindo você, Logcroft, o Planeta agradece mas por favor, não pare de inventar os remédios para curá-lo.