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Celular em sala de aula: um novo olhar para o meio ambiente

hibisco vermelho


Estudantes com celular em mãos dentro de sala de aula são o pesadelo de muitos professores. Não por menos, o aparelho é proibido em muitas escolas no Brasil. 
Para muitos, os celulares desviam a atenção dos alunos e são um convite ao multitasking, o engajamento em mais de uma atividade ao mesmo tempo – muito comum em tempos de novas tecnologias, mas ainda polêmico do ponto de vista da eficiência com que tarefas podem ser executadas simultaneamente. Para outros, no entanto, eles são a extensão natural dos nativos digitais, expressão cunhada pelo pesquisador Marc Prensky para definir as gerações que cresceram rodeadas por novas tecnologias e são nativas dessa linguagem. Enquanto o consenso não vem, algumas iniciativas experimentam o aparelho no contexto educativo.

 

Rosana Fachel, da Escola Municipal Doutor Nelson Paim Terra, em Canoas (RS) faz parte deste time. A professora criou e desenvolveu o projeto de fotografia Olhares, motivada a dar ao celular, inevitavelmente presente em sala de aula, um cunho educativo. Em uma primeira etapa, a turma do 8º ano usou os telefones para retratar os espaços que constituem o pátio da escola. Uma proposta simples, mas que deu início a conversas sobre os usos do aparelho, sua utilidade no acesso rápido à informação e, até mesmo, sobre meio ambiente

 

Como a natureza foi a grande protagonista das fotografias, com a turma do 9º ano, a proposta foi ampliada para além do ambiente da escola e se tornou interdisciplinar com o apoio da professora de Ciências, Maria da Conceição Teixeira. A discussão sobre urbanização foi inevitável. “Esse olhar atento possibilitou que eles percebessem o quanto a natureza se restringe a alguns pátios de poucas casas graças à urbanização das cidades”. Os trabalhos deram origem a duas exposições: uma no shopping da cidade, juntamente com os  alunos de outras professoras que participaram de um curso de extensão sobre arte e meio ambiente, oferecido pela Secretaria Municipal de Educação de Canoas, e outra na própria escola.

 

“O principal interesse, para além do resultado das fotografias, foi proporcionar a discussão sobre o uso das novas tecnologias na contemporaneidade, em especial, o celular e a possibilidade de incluí-lo ou não no plano de aula dos professores”, explica. “Quero acreditar também que usar a tecnologia pode reaproximar os estudantes da natureza e fazer com que eles valorizem cada planta, cada animal e cada pessoa que constitui o meio ambiente no qual vivemos”.

Aprendizado em rede

A ideia de ensinar sustentabilidade com os celulares é também a proposta do projeto Escola Com Celular, da Fundação Vanzolini. O projeto propõe o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) como estratégia para trabalhar conteúdos curriculares. Até o momento, foram desenvolvidas experiências escolares, com o uso de dispositivos móveis a serviço da aprendizagem, em três redes públicas municipais, discutidas junto a 4.000 professores de todo o país.

 

“As atividades utilizam o celular como suporte para o registro, a comunicação e a discussão de descobertas e de aprendizados adquiridos quando os alunos exploram a escola, suas casas e a vizinhança. Os aprendizados são transformados em conteúdos e compartilhados entre os participantes. Sugere-se a construção de um mapa que possa divulgar informações de utilidade pública sobre o município ou outras intervenções que os professores e alunos proponham”, explica Luis Marcio Barbosa, diretor da Unidade de Gestão de Projetos da instituição.

 

O projeto parte do princípio de que a escola pode contribuir para refletir e discutir com os alunos o uso responsável e ético do celular como instrumento para a comunicação e participação em redes sociais. “As noções de privacidade, ética e confidencialidade de informações na troca ou publicização dos conteúdos produzidos por meio do celular são temas com os quais a escola deveria se ocupar”, diz o diretor. 

 

Sustentabilidade foi o tema escolhido por estimular naturalmente o trabalho interdisciplinar, já que  mobiliza importantes conceitos trabalhados ao longo do currículo do Ensino Fundamental, como natureza, cultura e transformação. “A tecnologia pode reaproximar os estudantes da natureza, pois, além de ser um instrumento familiar aos jovens e adolescentes, ela pode se tornar um eficiente instrumento de estudo e registro de aspectos do meio ambiente e favorecer a socialização e compartilhamento das informações”.

 

As novas tecnologias trazem novos problemas e não apenas soluções, mas não está na hora de parar de espetar insetos para feiras de ciências e começar a pensar em uma opção mais sustentável como uma coleção de fotografias digitais, que mistura uma pitada artística a um trabalho que mescla sustentabilidade e aprendizado sobre Ciência?

Abaixo, cinco fotos de destaque do projeto Olhares, realizado pela professora Rosana Fachel na Escola Municipal Doutor Nelson Paim Terra, em Canoas (RS), com os alunos do 8º ano. Eles retrataram a natureza no pátio da escola. A foto escolhida para abrir este texto é de Cristian Hertz: “A Flor da Primavera”.

 

planta

“Gotas”, de Adriele Rodrigues

 

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“A esperança”, de Ana Paula Heck

 

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“A flor negra”, de Marcus Vinícius Souza

 

planta“Jardim do lar”, de Roberta Bica

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elisabet
elisabet
8 anos atrás

Excelente ideia. Os celulares não podem estar fora da escola, precisam estar a favor da aprendizagem.

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