Hambúrguer gostoso, feito com plantas? Sim, ele já existe!

Substituir a proteína animal pela carne preparada com ingredientes retirados de plantas seria possível? Algo que não prejudique a saúde humana, a vida animal, o meio ambiente e a conservação dos recursos naturais do planeta?

Para o fundador da indústria americana Beyond Meat, nos Estados Unidos, isto já é uma realidade. Ethan Brown precisou de sete anos para desenvolver um hambúrguer feito com proteína de ervilhas. Isso mesmo! Ervilha. 100% vegetariano, mas quem já comeu, garante que o gosto é tão bom quanto o de carne de vaca.

Feito com proteína de ervilha, o burguer 100% vegetariano é mais saudável do que o tradicional 

As vantagens do hambúrguer de plantas? Inúmeras! Para começar, ele tem a mesma quantidade de proteínas do tradicional, mas sem colesterol. O burger 100% vegetariano possui ainda mais ferro, menos gordura saturada, entretanto, praticamente o mesmo número de calorias. Além disso, não tem glúten, nem transgênicos e nem soja (um alívio para quem já experimentou carne à base do grão e não curtiu!).

Desde o começo deste ano, os produtos da Beyond Meat – frango e carne moída também -,  estão sendo vendidos em diversas cadeias americanas, como Safeway e WholeFoods, na seção de carnes, não de congelados e nem de produtos “natureba”. Neste último, supermercado que é uma meca da geração saudável, em lojas no estado do Colorado, o estoque de hamburguer, no dia do lançamento, acabou em uma hora.

Outra indústria dos Estados Unidos, país onde o hambúrguer é uma instituição nacional, também decidiu investir neste novo nicho de mercado. A startup Impossible Burgers, no Vale do Silício, tem uma equipe de cientistas, produtores e chefs, que desenvolveu um produto feito somente com ingredientes naturais: trigo, óleo de coco, batata e heme, uma substância encontrada em plantas, mas abundante em carnes. E ela que dá o sabor característico da proteína animal.

hamburguer feito com plantas

Na receita do Impossible Burger, trigo, óleo de coco, batata e heme

Segundo a Impossible Burgers, seus produtos não têm hormônios, antibióticos e ingredientes artificiais, comumente encontrados nos hambúrgueres tradicionais. Além disso, a empresa garante que, para ser fabricada, a carne de planta utiliza 95% menos de solo, 74% menos de água e emite 87% menos gases de efeito estufa.

Foram quatro anos de pesquisas e testes até chegar ao ponto suculento do Impossible Burger. Mas os investidores que apostaram na novidade parecem não ter se importado com a demora. Desde 2011, quando foi fundada, a startup já arrecadou 182 milhões de dólares, parte deles vindo de Bill Gates, em 2015.

Outra indústria que não ficou parada no tempo é a Memphis Meat, que tem como seu carro-chefe “o primeiro frango do mundo produzido sem animal”. Os produtos desta startup, localizada na Califórnia, levam o nome de clean meat (carne limpa, na tradução para o português). Além de frango, a empresa, criada por um cardiologista, produz pato (sem pato) e almôndegas. Mas eles não são feitos a partir de plantas, como as concorrentes acima. Na Memphis Meat, são usadas células de carne real, que se reproduzem. Alta tecnologia, ainda difícil de entender e que, certamente, provoca um certo receio. Segundo a equipe, a “carne limpa” chegará às prateleiras somente em 2021.

Frango sem frango da Memphis Meat

O impacto da produção de carne no planeta

Pesquisadores estimam que a pecuária utilize 30% de toda a terra e 25% da água do planeta, além de ser responsável pela emissão global da mesma quantidade de gás carbônico – aquele responsável pelo aquecimento global – de carros, caminhões, trem, navios e aviões juntos.

Atualmente, o segmento de carnes movimenta algo em torno de 750 bilhões de dólares por ano. Com consumidores de países emergentes, como China e Índia, adaptando seu paladar, cada vez mais para o que faz sucesso no Ocidente, a carne tem encontrado alta demanda por lá, fazendo que sua produção se alastre mais sobre áreas de florestas, que acabam sendo derrubadas para dar lugar ao gado. Recentemente, mostramos aqui no começo do ano, a denúncia, feita por um ONG internacional, que acusa o Burger King de comprar ração feita com soja vinda de áreas desmatadas do Cerrado brasileiro e florestas da Bolívia, para alimentar o gado que produz a carne utilizada em seus sanduíches.

Os números são assustadores. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que a demanda internacional por carne e seus derivados cresça 70% até 2050.  A troca da proteína animal pela vegetal é certamente bem-vinda. Tomara que estes hamburgueres vegetarianos se tornem populares no Brasil rapidamente.

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Fotos: divulgação

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.