Capivara pode ganhar um emoji graças à persistência de duas professoras brasileiras

emoji de capivara

Maior roedor terrestre, a capivara adora água. Precisa dela para manter sua pele úmida. Por isso mesmo, este simpático animal pode ser visto sempre próximo a rios, córregos, lagoas e pântanos.

A espécie, que pode ser encontrada ao longo de todos os países da América do Sul (com exceção do Chile), é bastante resistente e por esta razão, se adaptou bem à vida urbana. Mesmo ao lado do poluidíssimo Rio Pinheiros, em São Paulo, há sempre muitas famílias de capivaras. Tanto, que elas se tornaram um tipo de mascote dos praticantes de remo esportivo da Raia Olímpica da Universidade de São Paulo (USP), onde diariamente, eles se exercitam ao lado de aproximadamente 50 capivaras.

E foi por este motivo, que a professora da Faculdade de Medicina da USP, Anna Sara Levin, e a colega de remo, e também professora, mas do Ensino Fundamental de um colégio particular, Nathalia de Mello, decidiram que era preciso haver um emoji para este animal tão sociável e por que não?, paulistano. “Um dia estávamos na raia e conversando nos demos conta que existem vários emojis de animais no WhatsApp, mas não um de capivara”, conta Nathalia. “Achamos aquilo um absurdo porque, para nós remadores, ela é muito representativa, afinal enquanto estamos remando sempre vemos as capivaras atravessando o rio ou nas margens”.

Anna Sara, à esquerda, e Nathalia, na direita:
idealizadoras do emoji da capivara

Mas o que era para ser um simples bate-papo e uma brincadeira acabou se tornando algo sério para as professoras. Elas resolveram se empenhar na campanha pela criação do emoji do roedor. Logo de cara, descobriram, entretanto, que não seria nada fácil.

“Entramos em contato com o WhatsApp por diversas vezes, sem retorno. Quando finalmente tivemos uma resposta, nos foi informado que quem gerenciava os emojis era a Unicode Consortium, uma empresa internacional responsável pela padronização dos caracteres digitais”, explica Nathalia.

Os emojis, que hoje fazem parte do dia-a-dia de qualquer pessoa que tenha um celular ou use as redes sociais, foram criados na década de 90 pelos japoneses. Mas foi somente quando a Apple os incorporou ao teclado do iPhone, em 2011, que as carinhas e centenas de outros símbolos – atualmente são cerca de 2 mil -, viraram uma febre.

Uma vez por ano, a Unicode aceita submissões para a criação de novos emojis. Qualquer pessoa pode fazer o pedido. Todavia, há uma série de requisitos para formalizar a proposta, algo bastante trabalhoso, mas que não intimidou as professoras de São Paulo.

No documento, de quatro páginas, Anna e Nathalia falaram sobre a espécie, sua incidência nos países sulamericanos e a popularidade da capivara nos mesmos. No Uruguai, por exemplo, há até uma moeda com a imagem do roedor. Além disso, foi preciso fornecer na proposta, entre outras informações, dados da frequência de busca da palavra “capivara” na internet.

E por último, mas não menos importante, era necessário enviar a imagem sugerida para o emoji. E foi aí que a coisa pegou! “Quando tudo estava pronto no ano passado, percebemos que precisávamos ter o desenho do emoji pronto”, lembra Anna. Foi só depois de um ano que as duas encontraram alguém para ajudá-las. “A Nathalia tentou fazer um desenho, mas não ficou bom, então uma amiga da minha filha, que é designer, se juntou com um colega, e os dois desenvolveram o emoji”.

Proposta submetida, agora é só esperar! Como o prazo para as submissões para 2018 já havia sido encerrado, se aprovado, o emoji da capivara só deve ser criado em 2019.

Todos na torcida! Afinal, a capivara ficou demais, né?

Leia também:
O dia do fotógrafo… e da capivara! 
São Paulo se mobiliza para salvar capivara com pneu de bicicleta preso ao corpo

Ilustração capivara Flavia Trevisan e Gabriel Oliveira / foto: arquivo pessoal

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.