Caatinga ganha duas novas áreas protegidas, entre elas, o Parque Nacional do Boqueirão da Onça

Caatinga ganha duas novas áreas protegidas, entre elas, o Parque Nacional do Boqueirão da Onça

A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que boa parte de seu patrimônio biológico não existe em mais nenhum outro lugar do planeta. Apesar disso, ele é o mais desconhecido pela nossa população e também, o mais frágil: o uso insustentável de seu solo e dos recursos naturais e a imagem eterna de pobreza e da seca, sempre ajudaram a manter sua degradação. Atualmente resta somente 20% de sua cobertura nativa.

Ocupando cerca de 11% do território nacional – 850 mil km2, o que equivale ao tamanho da Alemanha e da França, juntas –, a Caatinga envolve dez estados, a maioria no Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais (este, na região Sudeste).

Mas no último dia 6/4, a Caatinga recebeu um presente. Depois de mais de quinze anos de negociações para sua criação, finalmente foi publicado no Diário Oficial da União, o decreto que estabelece o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, no norte da Bahia, como uma unidade de conservação de proteção integral com 349 mil hectares.

Ao lado do parque, foi criada também de uma Área de Proteção Ambiental (APA), com 505 mil hectares. No total, as duas áreas juntas somam 854 mil hectares. As novas unidades ficam entre os municípios do semiárido baiano de Sento Sé, Campo Formoso, Sobradinho, Juazeiro e Umburanas.



A região conhecida como Boqueirão da Onça é um dos últimos remanescentes contínuos de Caatinga. Com uma paisagem incomum, tem desfiladeiros e ecossistemas que abrigam riquíssima biodiversidade, importantes nascentes e cavernas com inscrições rupestres milenares – provavelmente do Período Paleolítico.

Além disso, o parque nacional é habitat de aproximadamente 900 espécies de plantas e outras centenas de animais como o tatú-bola, as araras-azuis-de–lear, o gato mourisco e o gato-do-mato. Além destes, do bicho que dá nome ao local, estima-se que vivam ali 30 onças-pintadas e cerca de 200 onças-parda. 

“Embora a Caatinga tenha ampla distribuição no semiárido nordestino, a maior área preservada contínua do bioma fica no Boqueirão, e as novas unidades de conservação incluem uma parte desse território”, diz Rogério Cunha de Paula, do Centro Nacional de Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Ainda segundo ele, a Caatinga possui menos de 2% de seu território protegido por unidades de conservação. Apesar da criação das duas novas áreas de proteção, ambientalistas acreditam que ainda é muito pouco.

Originalmente, a área proposta para a criação das unidades era bem maior. O projeto aprovado agora teve o território de preservação reduzido a um terço do que se pretendia e aumento do tamanho das terras de uso sustentável.

“É urgente situar essa região no centro das políticas públicas de conservação da biodiversidade, seguindo os compromissos do Brasil junto à Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas”, alerta Rogério de Paula.

*Com informações e texto do WWF-Brasil 

Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.