Brasil quer criar um Santuário de Baleias no Atlântico Sul (e para isso, precisa da sua ajuda!)

baleias

No século passado, quase 3 milhões de baleias foram mortas no mundo. Deste total, 71% delas foram caçadas no Hemisfério Sul. Para acabar de vez com esta barbárie, o governo brasileiro, ao lado da Argentina, Uruguai, África do Sul e Gabão, vai propor a criação do Santuário de Baleias no Atlântico Sul à Comissão Internacional da Baleia (IWC, na sigla em inglês), entidade internacional responsável pela conservação das baleias no planeta. O pedido será feito durante o próximo congresso da organização, a ser realizado entre 20 e 28/10, na Eslovênia.

O objetivo é que o santuário se torne uma área de proteção, onde ficará terminantemente proibida – de uma vez por todas – a caça de baleias. A reserva de preservação seria local de estudo para pesquisadores e biólogos e também, de estímulo ao turismo (sustentável) de observação. No santuário, ficariam protegidas 51 espécies de baleias e golfinhos.

A proposta não é nova. Foi apresentada pela primeira vez em 1998, mas sofreu resistência dos governos do Japão e Noruega, membros do comitê internacional (88 países compõem a comissão). Agora, após atualizar a iniciativa da criação do santuário, incluindo um plano de manejo, com base nas recomendações do Comitê Científico da entidade, o Brasil espera pela aprovação da proposta, que precisa que 75% dos países membros digam sim a ela.

Entre os países que ainda não se manifestaram estão Antigua e Barbuda, Camboja, Cote d’Ivoire, Gana, Granada, Guiné, Kiribati, Laos, Ilhas Marshall, Mongólia, Morrocos, Nauru, Nicarágua, Palau, St. Kitts e Nevis, Santa Lucia, São Vicente e Granadinas, Tanzânia e Tuvalu.

E o que você pode fazer para ajudar? Pressionar governos com a sua assinatura e apoio à petição, que será encaminhada à Comissão Internacional da Baleia! Acesse aqui o site do Greenpeace, em apoio à iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, e faça a sua parte. A iniciativa tem a parceria de várias outras organizações ambientais brasileiras. Divulgue também nas suas redes a hashtag #SantuarioEuApoio e convide amigos para se juntar a esta iniciativa!

Caça das baleias no mundo

No Brasil, desde 1987, a caça a baleias e golfinhos é proibida. Em 2008, o governo também declarou as águas jurisdicionais marinhas brasileiras (aquelas na costa ou próximas dela que o país tem direito e responsabilidade de proteção) Santuário de Baleias e Golfinhos. O decreto tinha como finalidade “reafirmar o interesse nacional no campo da preservação e proteção de cetáceos e promover o uso não-letal das suas espécies”.

Infelizmente, muitos países ainda resistem em abolir de vez a caça ao maior mamífero marinho do planeta. Apesar de, desde 1986, a Comissão Internacional de Baleias ter determinado uma moratória global na caça comercial, Japão, Islândia e Noruega não aceitaram a determinação e continuaram matando baleias.

Há séculos que os japoneses caçam baleias. Apesar dos protestos internacionais, o país alega que essa é uma tradição cultural. Entre as décadas de 40 e 60, a carne do animal era a principal fonte de proteína da população, revela uma reportagem feita pela BBC. Estima-se que no auge da caça, foram mortas 24 mil baleias por ano.

Todavia, a realidade hoje é diferente. Os japoneses têm acesso a outros mercados internacionais e seus habitantes comem carne (de vaca) de vizinhos como a Austrália ou então de lugares mais distante, entre eles, os Estados Unidos. Atualmente, pouquíssima carne de baleia é consumida. Mesmo assim, navios do Japão percorrem longas distâncias e continuam matando baleias. Até na Antártica.

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Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.