Brasil possui menos de 13% de seu território em áreas de conservação

vista aérea da Floresta Amazônica

Nosso país é um dos maiores do mundo em termos de extensão territorial. Temos nada menos do que 8.500 milhões de km2, originalmente cobertos por uma mata abundante, espalhada de norte a sul. Mesmo depois de sofrer um brutal processo de desmatamento nos últimos séculos, o Brasil continua a ter uma das mais ricas biodiversidades do planeta.

Entretanto, para que este ativo ambiental, assim como nossos recursos naturais, sejam preservados, é esssencial que mais áreas de conservação sejam criadas. Atualmente, somente 12,8% do território brasileiro estão protegidos, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente.

“Por que São Paulo, por exemplo, está sofrendo com a crise da água? Porque não existem florestas suficientes nos arredores dos mananciais para produzir água. Tudo que queremos e precisamos vem da natureza e muitas vezes nos esquecemos disso”, afirma George Schaller, biólogo naturalizado americano, referência no estudo de espécies emblemáticas como os gorilas-de-montanhas e os pandas.

Schaller está no Brasil a convite do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que acontece esta semana, em Curitiba. O evento internacional é organizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em comemoração aos 25 anos da ONG. O biólogo veio falar sobre o papel das áreas protegidas na economia mundial, futuro da sociedade e principalmente, conservação da natureza.

Nos últimos 40 anos, a Floresta Amazônica sofreu com o desmatamento a corte raso de 762 mil km2 de sua mata, o equivalente a três estados de São Paulo e duas Alemanhas. Da Mata Atlântica original, floresta tropical presente em 17 estados brasileiros e que passa ao lado dos maiores centros urbanos do país, restam pouco menos de 8%. O mesmo acontece com o Cerrado, que já perdeu 80% de sua cobertura vegetal. “Todos querem mais desenvolvimento, mas quanto mais se tem desenvolvimento, menos se está inclinado a melhorar a vida das pessoas a longo prazo, porque esse crescimento não é sustentável”, aponta.

O biólogo admite, entretanto, que é muito difícil conscientizar o ser humano da importância da conservação da natureza para a qualidade de vida dele. Ele citou, por exemplo, como os chamados serviços ambientais são vitais para o dia a dia de todos nós. Fertilização do solo, produção de água, regulação do clima e purificação do ar são apenas alguns destes serviços, nos fornecidos gratuitamente quando há equilíbrio dos ecossistemas. “Uma forma bem simplista de explicar é que se nós destruirmos as florestas e, por consequência os mananciais, iremos destruir a nós mesmos”, alerta.

Em sua palestra​,​ o americano fez duras críticas ao atual modelo de consumo da economia mundial. “Nós usamos mais recursos da Terra nos últimos 50 anos do que em todo o resto da história humana. Como será o futuro que estamos criando?” Para ele, é preciso que haja um esforço coletivo para atingir um balanço entre o desenvolvimento e a conservação, aliando a participação da comunidade e dos políticos.

Apesar do tom pessimista, Schaller elogiou o progresso que o país fez nas décadas passadas em aumentar o número de áreas de conservação, com a criação de novas reservas, mas acredita que ainda é pouco. Defende que haja maior investimento na conservação da biodiversidade brasileira e que leis mais rígidas sejam implementadas para reduzir o impacto da agropecuária nos biomas do país.

Foto: Cifor/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.