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Brasil lidera ranking internacional de assassinatos a ambientalistas, ativistas e indígenas

Brasil lidera ranking internacional de assassinatos a ambientalistas, ativistas e indígenas

Ao defender suas terras, florestas e rios, cerca de quatro pessoas morreram por semana no ano passado. Elas foram assassinadas. Destas 200 mortes, 49 aconteceram no Brasil, e do total geral de vítimas, 40% eram indígenas. Nosso país aparece – vergonhosamente – em primeiro lugar no ranking elaborado pela organização Global Witness, que lançou recentemente o relatório Defenders of the Earth (Defensores da Terra, em português).

O levantamento, que é feito pela entidade desde 2015, revelou um triste recorde no número de assassinatos. Em 2014, foram 116 pessoas mortas, no ano seguinte 185 e em 2016, 200. E agora em 2017, a situação continua alarmante. Só até o mês de maio, 97 ativistas e ambientalistas já perderam suas vidas.

Acredita-se, entretanto, que o número de mortes deva ser ainda maior, já que muitas delas sequer são relatadas ou descobertas.

Brasil, Honduras, Nicarágua, Colômbia, Índia e Congo são citadas como as nações mais perigosas, com maiores índices de violência. Os assassinatos ocorrem, sobretudo, na Amazônia, região onde há um embate contínuo entre ativistas que lutam para manter a floresta de pé e os direitos dos povos indígenas às suas terras e empresas ávidas por explorar financeiramente o potencial gigantesco dos recursos naturais do norte do país.

O relatório aponta as indústrias mineradoras, madeireiras, agropecuárias e usinas hidrelétricas como sendo as principais responsáveis por estes conflitos. Dos 200 assassinatos ocorridos no ano passado, 33 estavam ligados com disputas por áreas de mineração.

De acordo com a Global Witness, assassinatos são apenas uma das táticas utilizadas pelos criminosos para tentar calar suas vítimas. Há ainda ameaças, encarceramento, assédio sexual e outros tipos de agressões.

As vítimas brasileiras

Um dos casos citados pelo relatório é o da brasileira Nilce de Souza Magalhães, que aparece na foto abaixo. Seu corpo foi encontrado preso a uma pedra, no fundo do rio Madeira, em julho de 2016. Ela estava desaparecida há seis meses. Nilce protestou durante anos contra a construção da usina hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho.

Assim como outras centenas de pessoas que tinham na pesca uma fonte de renda e sobrevivência, Nilce sabia do impacto ambiental provocado pela barragem. Os peixes simplesmente sumiram. A ativista se tornou uma líder na comunidade. A última vez que foi vista viva foi algumas semanas após falar em público sobre o problema em Brasília.

Na lista abaixo, você encontra o nome das 49 pessoas assassinadas no Brasil. Elas perderam suas vidas ao levantar a voz contra a exploração e o crime. Porque não se conformaram em manter os braços cruzados diante da injustiça. E nunca tiveram a seu lado o governo para defender seus direitos.

Alexsandro dos Santos Gomes
Allysson Henrique Lopes
Aponuyre Guajajara
Assis Guajajara
Candide Zaraky Tenetehar
Cleidiane Alves Teodoro
Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza
Edilene Mateus Porto
Edmilson Alves da Silva
Enilson Ribeiro dos Santos
Fernando Gamela
Francisca das Chagas Silva
Genésio Guajajara
Genivaldo Braz do Nascimento
Geraldo de Campos Bandeira
Geraldo Lucas
Iraúna Ka’apor
Isaías Guajajara
Isaque Dias Ferreira
Ivanildo Francisco da Silva
Jaison Caique Sampaio
Jesser Batista Cordeiro
João Luiz de Maria Pereira
João Natalício Xukuru-Kariri
João Pereira de Oliveira (João Bigode)
Joel Martins Gavião Krenyê
José Bernardo da Silva (Zuza)
José Colírio Oliveira Guajajara
José Dias de Oliveira Lopes Guajajara
José Lisboa
José Queiros Guajajara
Leomar Bhorbak
Luciano Ferreira de Andrade
Luís Alberto Araújo
Luis Antônio Bonfim
Luís Carlos da Silva
Luiz Jorge Araújo
Luiz Viana Lima
Marcus Vinicius de Oliveira
Nilce de Souza Magalhães (Nicinha)
Nivaldo Batista Cordeiro
Ronair José de Lima
Roni dos Santos Miranda (Rony)
Ruan Hildebran Aguiar
Sebastião Pereira dos Santos
Valdiro Chagas de Moura
Valdomiro Lopes de Lorena
Vilmar Bordim
Zé Sapo

Fotos: divulgação Global Witness

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NILTON S. SPAGNUOLO
NILTON S. SPAGNUOLO
6 anos atrás

Matar populações nativas para ocupar seus territórios é uma tradição brasileira. Começou no ano de 1500, quando conquistadores portugueses desembarcaram das caravelas e encontraram no litoral da Bahia índios que habitavam há séculos as terras anunciadas como recém-descobertas. A indiferença ao extermínio dos povos originários remete à Doutrina de Guerra Justa, usada no Período Colonial para banalizar a morte dos pagãos resistentes à chegada do progresso. Pagãos eram considerados todos os povos que não compartilhavam com o colonizador religião, língua e costumes e chegada do progresso significava a ocupação de suas terras pelo invasor europeu. A história de nosso país precisa ser revista para revelar interpretações mais verossímeis do que as apresentadas pela historiografia oficial, omissa em relação ao tratamento genocida dispensado pelo Estado Brasileiro às populações nativas. Índios avistados nos semáforos das cidades brasileiras, pedindo esmolas para garantir a sobrevivência, provam que a tradição continua porém com versão atualizada. Chegada do progresso significa hoje expulsar índios de suas terras, derrubar a floresta e implantar atividades altamente lucrativas – mas degradantes do meio ambiente e destruidoras da organização social deles – como: mineração com utilização de mercúrio; plantação extensiva de soja e milho à base de agrotóxicos contaminantes de rios e lagos; comércio ilegal de madeira e carvão, contrabando de espécies exóticas de peixes e aves, exportação de sementes valiosas e construção de usinas hidrelétricas. http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-09-25/construcao-de-rodovias-no-governo-militar-matou-cerca-de-8-mil-indios.html

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