Brasil é penúltimo no ranking mundial de eficiência energética

Por Welyton Manoel*

O Conselho Americano para Economia Eficiente de Energia (ACEEE, em inglês) classificou o Brasil como penúltimo colocado no ranking internacional de eficiência energética. Foram analisadas as 23 maiores economias do mundo e, pelo segundo ano consecutivo, o país não ocupou uma boa posição.

Segundo Alexandre Moana, presidente da ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Eficiência Energética), a eficiência energética consiste em realizar mais trabalhos com a mesma energia ou utilizar menos energia para um mesmo trabalho. Ou seja, cumprir o objetivo, desperdiçando menos.

Segundo ele, esses resultados já eram esperados pois o Brasil não está adotando iniciativas ou realizando investimentos para reverter sua dependência de fontes não renováveis.

“Pra nós, não foi surpresa. O primeiro país no ranking é a Alemanha. Sua preocupação com a eficiência está entre suas prioridades. Aqui n Brasil, tivemos muito poucas ações relacionadas à eficiência. E, quando eu falo de eficiência, não me atenho apenas à energia. Qual é o gasto público para o serviço que oferecemos? Quero saber de eficiência em geral e o Brasil é ineficiente em tudo. Energia é só um dos itens desse cenário”.

Moana ressalta que o Brasil vem crescendo na produção de energia limpa – com um dos maiores parques eólicos do mundo, por exemplo. Em contrapartida, a realidade muda quando focamos no desperdício. Em três anos, foram desperdiçados quase 144 mil GWh de energia, o que significa R$ 61,71 bilhões de reais. Para ele, um dos grandes motivos para chegarmos a essa colocação é a situação do parque fabril brasileiro, que é um dos mais antigos do mundo.

“Quando o conselho americano, que ranqueia os países, diz que o Brasil focou na produção de fontes limpas, se refere ao Proálcool e também à quantidade de hidrelétricas. Nosso potencial hidráulico é bom, revelando investimentos consideráveis em renováveis, mas isso não quer dizer que nos importamos com eficiência. E isso é fruto da falta de empenho de políticas nacionais de eficiência energética”, diz. “Nos preocupamos em inserir novas infraestruturas para essa energia limpa, ou seja, geração de negócios. Gastos. Criamos estruturas para energias limpas, mas num ambiente ineficiente. É como se eu tivesse investido materiais, esforços e trabalho para a produção de um coletor de água da chuva e, com ele, alimentar uma caixa d’água furada”.

Outro aspecto negativo da nossa posição no ranking é a situação do Brasil em relação ao Brics – Rússia, Índia, China e África do Sul. O país não está atrás somente das economias industrializadas, mas também, das nações emergentes. E isso é grave.

Moana acredita que esse quadro pode melhorar nos próximos anos, mas isso só será possível se houver uma mudança ideológica da população brasileira, que busque competitividade e eficiência.

Texto publicado originalmente no site Web Rádio Água em 26/6/2017

Foto: Vida e Energia

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