Bolsonaro libera a exploração da Amazônia e do Pantanal para a indústria da cana

Bolsonaro abre a exploração da Amazônia para a indústria da cana

Atualizado em 7/11

Em nova ação de desmonte ambiental para atender aos lobbies paroquiais mais atrasados, o governo Bolsonaro revogou nesta quarta-feira (6) o decreto 6.961/2009, que há uma década protege a Amazônia e o entorno do Pantanal da expansão da cana-de-açúcar.

O zoneamento da cana servia para impedir que o etanol brasileiro fosse mais um agente impulsionador do desmatamento, o que poderia gerar barreiras comerciais às exportações do Brasil. Tal decreto transformou o etanol brasileiro em um diferencial para as exportações, justamente por proteger os dois biomas de desmatamento.

Com a medida anunciada hoje, 6/11, governo e empresários do setor jogam esta garantia na lata do lixo. Para os concorrentes do país, trata-se de uma grande notícia. Para a Amazônia, é mais uma política antiambiental, fruto da ganância e da irresponsabilidade que alimentam a destruição da floresta.

As políticas do governo Bolsonaro já trazem para a Amazônia consequências desastrosas. Num momento como este, onde a fiscalização foi sucateada e o desmatamento está em alta, abrir a exploração da Amazônia para a indústria da cana poderá levar a destruição florestal a patamares trágicos.

Como aponta nota do Observatório do Clima, “o zoneamento da cana, formalmente defendido até mesmo pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a união da indústria do setor, era o principal diferencial ambiental do biocombustível brasileiro. Foi esse decreto que impediu que as exportações de etanol do país sofressem restrições internacionais como as impostas ao biodiesel da Indonésia, ligado ao desmatamento”.

Em março de 2018, projeto de lei do senador Flexa Ribeiro chegou a ser debatido no Congresso para liberar o plantio na Amazônia. A Unica se manifestou contra a proposta por considerar arriscada para a performance dos biocombustíveis e do açúcar no mercado internacional. O projeto foi engavetado, mas o governo atual não esqueceu dela.

“Com seu ato, os dois ministros, tidos como a “ala razoável” do governo, expõem dois biomas frágeis à expansão predatória e economicamente injustificável da cana e jogam na lama a imagem internacional de sustentabilidade que o etanol brasileiro construiu a duras penas”, finalizou o Observatório do Clima. Veja a nota completa aqui.

*Texto publicado originalmente em 06/11/19 no site do Greenpeace Brasil

Foto: domínio público/pixabay

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O Greenpeace Brasil faz parte da organização não-governamental internacional, sem fins lucrativos, com mais de 30 anos de luta pacífica em defesa do meio ambiente. Atua no Brasil desde 1992 (Eco92) e em 30 países por meio de ativismo e de protestos pelo meio ambiente